sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Segunda nota sobre a reforma de Rodrigo Rollemberg


Antecipar qualquer julgamento sem o resultado concreto da reforma e efetivamente o que ela representará aos cofres públicos não seria de bom tom, mas, levando em consideração experiências anteriores bem sucedidas ou não, é possível antecipar resultados e ler nas entrelinhas o que propõem a atual administração do GDF. Deixo os quatro primeiros pontos como reflexão e analise que podem ser decisivos para formar opinião e os pontos seguintes específicos relacionados à reforma:

1 - Se uma das propostas de redução de secretarias está relacionada ao corte de custo e desoneração do Estado pela folha de pagamento, não será eficaz se não cortarem cargos de forma efetiva, em paralelo não vale ajustar os salários dos comissionados para equilibrar o impacto político.

2- O gesto de junção realocando cargos já foi feito no início do Governo, fracassou e levou o GDF a romper com o limite prudencial da Lei de responsabilidade fiscal tudo este ano e debaixo do nariz de todos, nomeou seus comissionados aos poucos e inchou a folha de pagamento, repetir a dose será parvoíce.

3 - A existência de uma estrutura especifica de Secretaria de Estado temática ou de gestão e sua organização hierárquica, diz muito das opções políticas, suas prioridades e visão de gestão de cada Governo para a cidade, a junção dos temas ou dos organismos de gestão do Estado precisa seguir critérios como qualquer decisão simples tomada em uma pequena empresa.

4 - Qualquer proposta de gestão precisa seguir critério e lógica.

5 - A junção da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão com a frágil e ignóbil Secretaria de Gestão Administrativa e Desburocratização seguem um lógica simples, ponto positivo, dois alertas precisam ser feitos:

5.1 - A Secretaria de Desburocratização, burocratizou, atrasou a gestão e centralizou ritos simples de competência das administrações regionais, erro que precisa ser corrigido urgentemente ou não fará diferença alguma alterar seis por meia dúzia.

5.2 - Em uma cidade que se distingue pelo número de servidores públicos como é o Distrito Federal, a Secretaria de Gestão Administrativa tem papel fundamental, é a paste responsável pela gestão de pessoal efetivo e diálogo com as categorias. O número de greves e paralisações dos diversos servidores do GDF só este ano, demonstra a dificuldade do atual governo em dialogar com os servidores. Sobre a atuação dos gestores responsáveis até este momento deixo uma sugestão, é preciso ter maior cuidado com avaliações pessoais, não podem influenciar a gestão ao ponto de comprometer a relação com quem faz a maquina girar.

6 - A Secretaria de Economia e Desenvolvimento Sustentável juntou-se com a Secretaria de Turismo:

6.1 - A Secretaria de Economia e Desenvolvimento Sustentável já é a junção de outras três Secretarias que ocorreram no primeiro dia de governo da atual gestão este ano, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Secretaria da Micro e Pequena Empresa e a Subsecretaria de Economia Solidária, desde o início do ano nada funcionou e se juntará com a Secretaria que mais realizou este ano.

6.2 - A Secretaria de Turismo do Distrito Federal, além de papel importante para a economia local e para o desenvolvimento econômico local, era talvez uma das poucas que funcionavam com eficiência, mesmo de forma mais silenciosa o ex Secretário Jaime Recena carregou Brasília nos ombros, agora é esperar para ver se, a eficiência de uma contamina a outra ou a ineficiência da outra contamina uma.

7 - A maior fusão ficou entre Secretaria do Trabalho, a Semidh que incorporou desde o início do "novo" Governo a Secretaria de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial, Direitos Humanos, juntam-se com a famosa SEDEST (Secretaria de Desenvolvimento Social), o que chama atenção é a diferença abissal que cumprem cada uma dessas Secretarias hoje e o papel que um único gestor terá de cumprir em relação aos temas tão diversificados, ou cria-se um modelo de gestão muito eficiente ou uma nova proposta de política pública de Estado para os temas propostos:

7.1 - Secretaria do Trabalho responde pelos trabalhadores do Distrito Federal de forma geral, a formação e o encaminhamento ao primeiro emprego, a gestão das gerencias de trabalho ou galerias do trabalhador, a inclusão do desempregado ao mercado de trabalho, pesquisas e indicadores referentes ao emprego e desemprego na cidade, além de fomentar a criação de novos postos de trabalho, nossa realidade é, efetivamente nada disso acontece de forma concreta, apesar das galerias empregarem bastante, mas, devido a oferta e procura.

7.2 - A Semidh (Secretaria de Politicas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos), todas essas Secretarias foram incorporadas anteriormente no início do ano. A Secretaria de Politicas para as Mulheres cuida exclusivamente da mulher do Distrito Federal tanto do ponto de vista da proteção da mulher, sua saúde física e mental, quanto de políticas inclusivas da mulher e do fortalecimento do seu papel na sociedade brasileira tão machista e preconceituosa, sem contar o papel das Delegacias da Mulher, casas de proteção e da atual Casa da Mulher Brasileira, tema específico e muito delicado de se relacionar, levando em consideração a militância de organismos dos terceiro setor e dos movimentos sociais que militam na pauta diretamente e diariamente. Assim segue com a mesma importância a Secretaria de Promoção a Igualdade Racial, que cuida exclusivamente da pauta de combate ao racismo.

7.3 - A SEDEST cuida do excluído, do fim da miséria, da redução da pobreza, das políticas afirmativas e de inclusão social no sentido amplo da palavra - moradores de rua, pedintes, famílias em situação de risco, usuários de álcool e dependentes químicos, etc.

8 - A extinção da Secretaria de Ciência e Tecnologia já diz tudo, diminuir o papel da pesquisa acadêmica, limitar a influência do desenvolvimento cientifico e tecnológico da cidade. Isso tudo por alguém que assumiu o papel de Secretário e defensor do tema quase que toda sua carreira política como fez Rodrigo Rollemberg, é negar a si próprio e sua história, pior, é negar a cidade o direito de crescer e expandir conhecimento.

9. A fusão da Secretaria de Esportes junto à Educação, para o esporte de alto rendimento no Distrito Federal parece não ser uma boa opção.

Se esta reforma administrativa do GDF não servir para uma economia vital e real aos cofres públicos, em meu entendimento não servirá para mais nada. Resta torcer para que de certo e aos poucos o Estado se recupere e volte a ter o papel e importância que esperamos que um Governo da Capital Federal de nosso país tenha.  

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