sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O feminismo matou o playboy - e a Playboy


 
steinem
(A feminista Gloria Steinem disfarçou-se de coelhinha para escrever um artigo em 1963: A Bunny’s Tale, Um Conto de Coelhinhas. Infiltrou-se no clube Playboy em Nova York e denunciou a situação de servidão a que eram submetidas as moças ali)

A revista Playboy norte-americana não vai mais publicar fotos de mulheres nuas. E a revista Playboy brasileira vai acabar. O que está acontecendo no mundo das revistas masculinas? A ampla oferta de pornografia grátis na internet provou-se fatal à ideia de pagar para ver mulher pelada, ao mesmo tempo que as celebridades do momento passaram a cobrar cada vez mais para tirar a roupa. Mas será que é só uma questão de grana? Duvido.

Nos anos 1980 e começo dos 1990, praticamente todas as atrizes de destaque da Globo foram parar nas capas e páginas da Playboy. Christiane Torloni, Claudia Raia, Lídia Brondi, Maitê Proença, Vera Zimmerman, Lúcia Verissimo… Os ensaios eram de muito bom gosto e não havia por que não topar – a não ser por pudor. Um cachê alto, às vezes suficiente para comprar um apartamento, um cenário idílico no Brasil ou no exterior e um fotógrafo de renome para garantir que não se ultrapassaria o limite do bom gosto. Impossível não se orgulhar do resultado.

Naquela época, posar na Playboy era uma ousadia e motivo de vaidade para a retratada, que se via belíssima nas páginas da revista, como veio ao mundo. Desconfio até que seja uma ótima lembrança do passado para quem fez as fotos no auge da juventude e da beleza… Ninguém “encanava” com o fato de ser “objetificada”. Seu corpo estava ali em pelo porque um bando de marmanjos, ao olhar estas estrelas na TV, pensavam: “Hum, como eu queria ver essa mulher nua. Eu seria capaz até de PAGAR para isso”. E as mulheres, entre lisonjeadas e provocativas, cediam.

Era preciso ir além do “despir com o olhar”, era preciso literalmente arrancar a roupa delas para mostrar o que tinha por baixo. Posar para a Playboy era realizar o fetiche de milhares de homens de, não podendo pôr as mãos, colocar os olhos sobre os seios, a bunda e a xoxota daquelas mulheres incríveis que apareciam vestidas nas novelas e programas de televisão. Para povoar seus sonhos eróticos diante da musa inalcançável, mas sem deixar muito espaço à imaginação. As tiragens das edições mais disputadas chegaram à casa de 1 milhão de revistas vendidas por mês. Hoje vende cerca de 70 mil exemplares mensais.

Playboy estreou no Brasil em agosto de 1975 sob o nome de Homem, porque a ditadura não permitira a entrada da marca no país. Só em 1978 passou a se chamar Playboy. Nas primeiras capas, chamavam a atenção os nomes dos colaboradores, escritores e intelectuais de renome, todos do sexo masculino, ao lado da garota que estrelava o ensaio nu – inicialmente, sempre acompanhada do seu “dono”: havia um homem na capa com ela. A revista deixava claro que era feita para homens lerem. As mulheres, com pouca ou nenhuma roupa (e intelecto), eram só um aperitivo delicioso.

Nestes 40 anos, a revista passou da xoxota peluda à xoxota depilada, da xoxota sutil à xoxota escancarada, do peito pequeno ao siliconado, da bunda normal à gigantesca. Depois das atrizes dos anos 1980, veio a era das dançarinas do Tchan, seguidas pelas ajudantes de palco misteriosas, pelas mulheres-fruta e finalmente pelas subcelebridades do programa Big Brother. Excepcionalmente, uma ou outra global saía na capa, mas ficou cada vez mais raro. As grandes estrelas da TV não  topam mais mostrar a xoxota na Playboy. Por que elas se recusam? Porque mulher empoderada não se deixa objetificar, ora. Observe a atitude das capas mais desejadas da Playboy atualmente: Camila Pitanga. Não quer posar. Giovanna Antonelli. Não quer posar. Luana Piovani: já disse mil vezes que não mostra a “perereca”. Muitas atrizes que fizeram no início da carreira, como Juliana Paes ou Grazi Massafera, afirmam que não fariam de novo.
E muito menos numa revista em franca decadência, apesar de continuar a trazer boas entrevistas. Daí a solução dos executivos norte-americanos de acabar com as mulheres nuas. Economiza-se a grana do cachê da estrela e da produção (muitas revistas onde elas aparecem com roupa não pagam cachê), eleva-se o status da revista, e ela continua a existir para ser lida por um tipo de homem que não é mais aquele que ela representava.
Até por isso eu acho que a revista Playboy, com ou sem mulheres nuas, não tem futuro: o “playboy” simplesmente caiu de moda. É cafona. Olhem para Hugh Hefner, o fundador da revista. Que homem em sã consciência iria tê-lo como paradigma? Imagina, o cara passou os últimos 50 anos usando roupão de seda e com um copo na mão!

O playboy Hugh Hefner imortalizado em cera no museu de Madame Tussaud, em Paris, com seus indefectíveis copo, roupão e pijamas de seda)
 
Graças à influência do feminismo, o modelo de homem heterossexual que inspira outros homens é muito menos mulherengo, fútil e farrista do que no passado. O homem que os homens querem ser não é necessariamente casado, mas, quando tem uma mulher ao lado, ela não é só um perfil de cabelos loiros beijando o seu rosto. É um homem que respeita a mulher. Bom pai, companheiro. Não um playba.

Mas, se por um lado me agrada a ideia de as mulheres conscientes não quererem mais desnudar seus corpos em uma página de revista por dinheiro e para agradar aos homens, por outro, também vejo o fim da Playboy como um sinal do neopuritanismo dos tempos em que vivemos. Se opor à objetificação se torna também, de certa forma, uma nova forma de repressão. Da própria mulher ou de terceiros: há com certeza quem não pose na Playboy porque acha brega, vulgar e porque não quer se expor, mas também há quem não pose para não desagradar maridos, pais e filhos. Isto é repressão, não?

Qual o problema, afinal, em ficar nua (ou ficar nu) numa revista? Apenas pela estética, pela beleza plástica, por exemplo. Porque vamos combinar, né? Alguns ensaios eram lindos. Eu particularmente sou fã da foto da Vera Zimmermann boiando em página dupla (Klaus Mitteldorf, 1991) e da Adriane Galisteu (J.R.Duran, 1995) se depilando. São fotos bonitas, sexy. Que mal há nelas?

Ao que tudo indica, as mulheres dos anos 1980 eram melhor resolvidas com a nudez, em ser fotografadas sem roupa. Na lista das dez capas mais vendidas de todos os tempos, só Marisa Orth e Adriane escaparam de se tornar evangélicas.

 Salve-nos da culpa, Senhor!
(Clique aqui para ler A Bunny’s Tale, de Gloria Steinem, no original em inglês)

 http://www.socialistamorena.com.br/o-feminismo-matou-o-playboy/

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Achismo econômico 19/11/2014

Por puro palpite, semana passada apostei em um cenário diferente do que estava desenhado para os novos cargos do centro do poder político e econômico do Governo Federal. Por isso destrincho meu palpite abaixo sobre os novos nomes do Ministério da Fazenda e Presidente do Banco Central, e vou além, avalio a necessidade de mudar outras áreas como o Ministérios do Planejamento, Casa Civil, Relações Institucionais e  Comunicação.

Para o núcleo economico do Governo eu seguiria a lógica do Ministro Guido e do economista e ex Ministro da Fazenda Delfin Neto, o mercado não pode e não deve definir quem será o Ministro da República, uma nomeação do sistema financeira pura e simplesmente, automática como estava sendo apontado seria mudar rumos drásticos do modelo atual, por isso, apostaria no atual Presidente do Banco Central Alexandre Tombini para ocupar o Ministério da Fazenda, seguiria com a ideia de retornar o ex Presidente Henrique Meirelles ao cargo de chefe do Banco Central brasileiro e complementaria com a indicação do economista Nelson Barbosa para o Ministério do Planejamento. Replicando livremente o que disse o ex Ministro Delfin Netto "O capitalismo "financeiro" não é, e é incrível que pretenda ser, um fim para si mesmo". 

Na mesma sequência também abrangeria o centro político do Governo, porém, mais importante neste momento e mais estratégico do que definir prioridades da gestão é o diálogo com os poderes independentes da República, para além o Ministério da Comunicação ocupa hoje uma das pautas mais importante do país, não só por se tratar de um órgão regulador, também por ter nas mãos o projeto da banda larga que dialoga diretamente com esta nova sociedade brasileira em formação.

Carta aberta à ministra Carmen Lúcia, do STF

 
 Prezada Ministra Carmem Lúcia
Nosso País acordou estupefato com a prisão de um senador da República. Por outro lado, alivio-me com a prisão de um banqueiro, um dos mais ricos do Brasil.
Não guardo intimidade com o pensamento do Senador Delcídio do Amaral em virtude de suas origens políticas, ligadas à privatizações e ao nefasto neoliberalismo. Porém, sua prisão nos coloca sob espanto pelo colorido de arbitrariedade em face da imunidade parlamentar de que gozam os eleitos pelo povo para ocupar cadeira na mais alta casa legislativa.
Perdoe-me, ministra Carmem, por me dirigir a senhora sem o traquejo jurídico próprio dos advogados, já que não sou um e sem a formalidade de um tribunal, já que não pertenço a nenhum.
Aqui tenho o objetivo de questioná-la pelo que disse na 2ª turma do STF ao justificar seu voto na decisão do ministro Teori Zavascki ao ordenar a prisão do Senador Delcídio do Amaral e do Banqueiro André Esteves.
É de se esperar que os homens e as mulheres eleitos e eleitas sejam honestos, honestas, probos e probas nas suas atividades parlamentares, embora alguns afrontem e desrespeitem a sensibilidade social e a cidadania, como é o caso do Senador Ronaldo Caiado, que frequentemente usa camiseta amarela com os sinais de 9 dedos, em deboche a deficiência física do ex-presidente Luiz Inácio Luiz da Silva, sem que seja incomodado em momento algum por esse preconceito e crime.
Nesta carta singela desejo lhe dizer que me senti ofendido e desrespeitado como cidadão com seu discurso ao justificar seu voto a favor da prisão de Delcídio do Amaral, nesta manhã.
A senhora disse que antes nos fizeram acreditar que a esperança venceu o medo. É evidente que a senhora se referiu à campanha eleitoral e eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem citá-lo.
E vencemos mesmo, ministra Carmem. Milhões de brasileiros fomos ameaçados com o estouro do dólar, com a fuga dos empresários que investiriam em outros Países abandonando o Brasil ao desemprego e à pobreza. Uma atriz da TV Globo apareceu em noticiários e na propaganda eleitoral do PSDB fazendo caras teatrais de assustada e dizendo: “ai, estou com medo”. Pois vencemos essa tentativa. Os milhões de votos investidos em Lula transcenderam fronteiras partidárias para afirmar nossa esperança contra as ameaças rasteiras e desonestas. Vencemos o medo, com muita esperança. O Brasil se sentiu recompensado com essa vitória. A senhora sabe!
Como cidadão e como povo me sinto ofendido e agredido em minha esperança e em minha fé com essa sua fala, para mim irônica e sem nenhuma relação com o mensalão da mídia, com muitos casos dúbios e influenciados pela opinião publicada.
A senhora carregou sobre a ironia sem nexo ao afirmar que “agora o escárnio venceu o cinismo”.
Qual a relação do possível crime do Senador Delcídio do Amaral, nem investigado totalmente e, muito menos julgado e condenado, com a vitória da esperança em 2002?
A senhora quer nos envolver em todos os possíveis crimes de Delcídio? A senhora falou pensando em investigação e condenação do ex-presidente Lula, o candidato a respeito de quem se usou o slogan “a esperança venceu o medo”? A senhora já sabe, mesmo sem julgamento, que o Senador Delcídio do Amaral é criminoso, até mesmo antes da manifestação da casa onde ele é parlamentar?
Na fundamentação de seu voto a favor da prisão do aludido senador a senhora asseverou que “ agora o escárnio venceu o cinismo”.
Pergunto se o seu voto não se referia a um senador? Se se referia ao Senador Delcídio do Amaral qual a relação da ironia com os votos de milhões de brasileiros que tiveram esperança de mudar aquela realidade triste de desemprego, de miséria e de pobreza em 2002?
A senhora ameaçou quem ao afirmar posteriormente que “criminosos não passarão sobre a justiça”, alertando a todos do mundo da corrupção?
Perdão, ministra, mas a minha ofensa também vem do fato de a senhora misturar ironicamente fatos e valores sem nenhuma relação, sendo que a esperança realmente venceu o medo e sempre vencerá as vilanias da classe dominante, principalmente da rapinagem dos poderosos internacionais, que atuam por meio de jagunços nacionais.
Pior, a sua referência de falso senso de oportunidade choca por estabelecer nexos irreais entre um senador atual, preso acusado de atrapalhar investigações, com toda a força da esperança de um povo.
Choca mais o fato de a senhora não fazer nenhuma menção ao banqueiro André Esteves, dono do Banco BTG Pactual, também preso como suspeito de fazer uma operação polêmica na área internacional da Petrobras, ao comprar poços de petróleo na África, sendo ele um dos homens mais ricos do Brasil, um País pobre e, mesmo assim, de esperanças que vencem os medos.
A senhora não disse nada sobre André Esteves foi pelo fato de ele ser banqueiro e rico? Haveria na senhora algum senso de seletividade, como o há na mídia que reforçou com grande destaque as suas palavras?
Enfim, perdoe-me pela ousadia de exercer o direito de questionar, de me indignar contra as seletividades e contra o deboche em relação ao povo que tem esperança, apesar do medo que diuturnamente lhe impingem.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
 
 
Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Barracas vazias da marcha e a volta dos que não vieram nem foram


Por L.E.Cartaxo de Arruda Jr, Memorialista e Diretor do MOVA SE e
Fátima de Deus, Professora, Ativista. Integrantes do NDD.


A marcha das barracas vazias não teve data pra começar e pode ter sido fruto da marcha do Kim Kataguiri, que não houve, pura fantasia, uma miragem, ungidos pelo PIG, que partiu de São Paulo com duas dúzias de gatos pingados, escoltados por dois ônibus, uns carros de apoio e esperavam chegar a Brasília com mais de 50 mil pessoas. O deles pensamento é meio estrambólico, em frente ao Congresso Nacional instalaram uma espécie de palanque oco, onde fixaram faixas e cartazes pedindo a volta da ditadura, o impeachment e a intervenção militar.
O Núcleo em Defesa da Democracia/NDD chamou o Ministro da Justiça as falas, afinal o Brasil já estava sediando o encontro do MERCOSUL e todo esse embuste causava vergonha, numa afronta a Democracia. Foi nosso grito no silêncio das barracas vazias. Ao que parece o Ministro mexeu seus pauzinhos e eles foram retirados.  Em pouco tempo voltaram com o que é mais grave, autorização do presidente da Câmara Eduardo Cunha. A marcha dos insensatos ficou em frente ao espelho d’água do Congresso (área proibida pelo regimento da casa). Uma parte deles subindo, literalmente, pelas paredes do Salão Verde do Congresso Nacional, fixando banners. 

Esse é o mesmo pessoal que jogou duas vezes neste semestre bombas na sede do PT e no Instituto Lula. Instalados no gramado resolvem no dia 17 de novembro jogar bombas e atirar nas milhares de mulheres negras, vindas de todo o País,  que marcharam ordeira e pacificamente na Esplanada dos Ministérios, festejando o seu dia e reivindicando mais respeito e dignidade. É o golpe dos bonecos cheios de ar e das barracas vazias compradas no mesmo dia, pela mesma pessoa. 

Esse é o pessoal que prende e solta no mesmo dia a mesma pessoa e não apreende as armas dos que disparam na Esplanada dos Ministérios. As autoridades responsáveis precisam achar e punir os que pagam as contas, compram barracas, mandam fazer os bonecos e dão tiros pra cima seguindo-os, se chega aos que jogam bombas na sede do PT e no Instituto Lula. É a continuação da tentativa de Golpe. 

Ficaram por lá um mês matando a grama com uma centena de barracas vazias, fazendo churrascos, levantando forca, armados até os dentes e esperando o Kim, que num veio...  Culminado apoteoticamente o dia 15 de novembro com um balão inflado vestido de general com faixa presidencial e tudo mais, o eleito pela Operação Condor em sua nova roupagem, com certeza feita na mesma fabrica onde fizeram os bonecos do Lula e Dilma. A história deste embuste nas barracas vazias, o General inflado, proclamando a republica até no dia da bandeira.

Uma simbologia virtual do golpe dos egos inflados e das barracas vazias, compradas no mesmo dia pela mesma pessoa. O boneco já foi inflado uma segunda vez e não aparece ninguém para fura-lo. Quem se habilita? Ou será melhor deixar pra lá? 

A Vênus Platinada nestes tempos globais tem exagerado...

Existe uma extrema direta aterrorizando a democracia, impune, esses esquadrões da morte travestidos de milícias estão prosperando, instigando a mídia e mentindo com violência. Tudo isso como balões de ensaio, tigres de papel, moinhos de vento, factoides canalhas, manipulação e mentiras aladas por golpistas, amedrontando as pessoas com dragões de seda apavorantes: os comunistas tomando o poder, assando criancinhas no espeto pela manhã e a noite tomando sopa de velhinhos, o Fórum de São Paulo e o Brasil virando Cuba, Venezuela... 

 É uma parafernália hipócrita e medíocre que ilude incautos.

* Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior, Memorialista, Diretor de Comunicação do Sindicato dos Servidores Públicos do Ceará - MOVA SE, Integrante do NDD.

* Fátima de Deus, Professora, Ativista, Integrante do NDD.