terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Sobre eleições diretas, digo:

Gostaria de deixar um aviso aos gênios da análise de conjuntura política petista que vem bradando as eleições diretas como remédio amargo para curar a crise institucional:

1º) não vai rolar e se for discurso só pra ganhar narrativa vão frustrar o anseio das pessoas novamente.

2º) eleições hoje elegeriam qualquer um e provavelmente não seria o candidato da esquerda, não hoje, e depois de derrotados? Vamos continuar dizendo sobre golpe? 

3º) solução para crise institucional é superar o impeachement com o sufrágio natural, ao fim do mandato, reorganizando o ambiente político nacional. 

4º) Eleger outro Presidente da República com o mesmo parlamento anterior é o tiro no pé mais bem dado que eu poderia estar vivo para ver alguém dar na vida.

5º) O maior problema é o discurso pegar sem substância e análise coerente do momento, dirigente que reproduz sem análise crítica precisa voltar pra casa e fazer o dever de casa. Ler os clássicos!

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Carta ao meu amigo Danilo Moura sobre ontem 29 de Novembro

Antes de comentar sobre ontem, prefiro refletir sobre o amanhã, vamos pensar 9 anos à frente? Daqui este tempo a maioria dos trabalhadores vão confirmar que o Governo Temer estava certo e o dia de ontem foi uma vergonha sem sentido ou daqui este tempo a maioria dos trabalhadores podem se perguntar por quê eu não me juntei aqueles estudantes e quebrei tudo junto com eles?


Aos comentários:


- não acho correto pixar patrimônio público, principalmente os da esplanada, eu os entendo como símbolos civilizatórios e precisam ser preservados como vidas;

- mas entendo a revolta, acho inclusive que o nível de radicalização está chegando em uma área perigosa para todos;

- nem o Estado ou seu braço forte (a polícia militar) podem definir o que falo, o que penso, como penso, como sinto;

- a angústia no grito dos "rebeldes", "vândalos" está do outro lado da rua aonde não se escuta mais o que se diz, nem quando o que se diz faz sentido;

- a força policial empenhada para os atos tem sido equivocada e tem provocado a sana e sina de quem manifesta;

- claramente a maioria dos policiais estão preparados para os atos de rua, mas, um número pequeno de servidores não, e são estes que extrapolam, são estes que instigam, são esses que provocam o descontrole;

- claramente a maioria dos jovens e adultos que foram ontem estavam em missão de paz, não dá desordem, mas, um número pequeno se arvora, extrapola, provoca e instiga a polícia;

- a polícia deveria estar preparada pra está minoria, se estivesse preparada só pra isso já controlaria todo o resto;

- policial fazendo juízo de valores sobre a multidão é aplicação psicológica equivocada e perigosa, pois se 90% é bandido ele tem o direito de extrapolar o limite que lhe convir, e não é a realidade de nenhuma manifestação neste sentido, quem foi ontem manifestar foi acreditando que estava certo e o governo errado, se for verdade foram defender inclusive o salário do PM e sua carreira;

- então temos uma ironia, o PM bateu em quem o defendia, os manifestantes reagiram com violência à quem defendiam.


Desde Sócrates ninguém tem razão moral e todos tem, a diferença está na responsabilidade do Estado e de seu aparato que tem responsabilidade com a coisa pública, neste sentido afirmou categoricamente a polícia está preparada para usar a força, o comando da polícia não está preparado para usar a inteligência e a organização da segurança pública. A PEC 55 do Temer segundo minha concepção de Estado e gestão pública é um crime contra o trabalhador convencional e o prejuízo social não paga o acúmulo financeiro de capital de poucos em detrimento de muitos!

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Sérgio Moro, o herói e o Rei sem roupas!

O Juiz Sergio Moro tem lado e não é o seu, nem o do Brasil, nem do povo brasileiro, nem de quem foi para a rua. O Juiz Sergio Moro tem interesse e conveniência, parcial e queixoso dos fatos que lhe interessam, o Juiz Sergio Moro não é Juiz, pode ser fantoche, marionete ou o próprio ventríloquo e gosta muito de poder! Tome sua opinião segundo a própria matéria do jornal Folha de São Paulo e se pergunte por quê blindar tanto Michel Temer, Aécio Neves e Jose Serra qual peso e qual medida interessa aquele juízo?



http://m.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2016/11/1836301-moro-indefere-perguntas-incomodas-feitas-por-eduardo-cunha-a-temer.shtml?mobile




sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Nota rápida!

Não há crime de responsabilidade no caso Temer, impeachment é ato midiático. O fato é a fragilidade argumentativa do não-Governo, seu compromisso com ilícitos e com o desmonte da Coisa Pública. O brasileiro ficará à míngua por algum tempo e não terá do que reclamar! O caso Calero é grave sim por todos os aspectos, em relação à gravação da conversa a culpa é da Dilma e do STF que se acovardaram frente a popularidade de Moro quando ele cometeu o crime e ninguém fez nada, agora qualquer um pode pensar em fazer o mesmo, a República está nua.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Carta a Maria Paula sobre as eleições dos EUA


Olá Maria, pensei em dialogarmos sobre essas eleições dos Estados Unidos de uma forma diferente, como faríamos nos Séculos passados, dissertando. É didático pensarmos todos os últimos acontecimentos, mas, só é possível uma analise mais profunda se compreendermos toda a conjuntura entorno deste processo, desde acontecimentos anteriores. Prometo não ser chato e enfadonho em recordações históricas.



O MUNDO E OS EUA

Precisamos destrinchar a importância destas eleições em diversos contextos, como se assistíssemos à um filme de Quentin Tarantino e neste início divido em três capítulos:

1) A importância real das eleições americanas no contexto da “Esquerda” mundial – apesar do partido Democrata americano representar o sentimento mais progressista da América, organizar os campos de esquerda norte americano e alguns movimentos sociais e de trabalhadores, só posso compreender que, indiretamente este partido representa a esquerda e não poderia ser diferente, o sistema bipartidário e o voto distrital limitam qualquer reforma social mais profunda, qualquer que seja a conquista social neste país se dará com muita disputa e conflito populacional, isso tende a mudar, falarei sobre isso mais a frente. Fora deste contexto o partido Democrata não se organiza internacionalmente em nenhuma agenda partidária progressista mais profundamente, então, essas eleições não falam muito sobre a Esquerda em si.

2) A direita americana compreende o mundo melhor que seus adversários – a direita americana recebe e doa financiamento privado para as organizações, com o intuito específico de interferir nas decisões políticas internas e externas. A direita norte americana tem inovado no seu modelo de financiamento político, indo além de investimento em candidaturas ou processos eleitorais convencionais, hoje essa direita fomenta modelos de organização político “apartidários” e do terceiro setor que cumpram o papel de desestabilização social.  Essa direita compreendeu, após duas décadas, que seu modo operandi estagnou e os resultados negativos trouxeram prejuízo de mercado, não financeiro, porém, de acumulo de força, para além disso essa direita se relaciona internacionalmente influenciando diretamente e indiretamente em outros países, integrando política e relacionamento.

3) A importância real das eleições americanas no contexto social e de percepção do modelo de governança, representatividade e econômico – sim, essas eleições falam profundamente sobre o comportamento da sociedade contemporânea, seus conflitos relativos aos direitos civis, sociais e a rejeição dos modelos de organização social padrão em boa parte do mundo. Parece ser um sentimento comum dentro das estruturas democráticas, mesmo sendo o sistema parlamentar, todos esses modelos
de participação e representação eleitoral estão sendo questionados a cada dia por suas sociedades e por sua nação.



PRÉVIAS ELEITORAIS

Dois pontos foram emblemáticos na minha visão neste processo:

1) Os Democratas erraram na tática eleitoral – mesmo sendo o partido progressista, o nível de conservadorismo foi o mais emblemático, o momento traduzido pelas prévias era de um programa mais a esquerda, a grande oportunidade do Tio Sam rediscutir seu Estatuto, costumes, modelo de organização econômico e social e seus códigos de pertencimento. Bern Sanders simbolizou o novo, a evolução partidária em um país liberal, capitalista e extremamente segregador, a agenda apresentada pela candidatura de Sanders mexeu muito mais com a sociedade americana e seu contexto político interno do que a pesada estrutura partidária entorno de Hillary Clinton, a forma como a direção partidária influencio no resultado das prévias partidárias retirou de Hillary inclusive o fato de ser uma mulher competitiva neste processo eleitoral, o Senador de mais de 80 anos ironicamente representou os "novos anseios" americanos por universidade gratuita, sistema público de saúde, rediscussão do modelo de capital, econômico e industrial americano.

2) Trump não representou unicamente um projeto de direita – Trump significa muito além do que uma agenda conservadora radical e populista, sua candidatura simboliza a desconstrução política, a rejeição pelo padrão atual, pelo modelo de organização político, o apartidarismo. Trump é o reflexo da negação política, ele representa a ascensão social de certa classe média economicamente organizada, porém, com pouca reflexão cultural e educacional que não se vê parte de um sistema social complexo e se mobiliza eleitoralmente a partir de seus interesses individuais e familiares. Trump assumiu um papel característico nestas eleições, que trouxe resultado eleitoral, ele representou o papel da antítese, o candidato que não falava e se comportava de forma padrão.



ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Na ausência de uma agenda progressista que mexesse com a concepção comunitária do eleitorado ou uma agenda liberal que representasse a evolução econômica, sobrou ao eleitorado duas escolhas interessantes, rejeitar a Trump e tudo o que ele representa apoiando Hillary ou rejeitar o sistema político padrão apoiando Trump. A sociedade americana é reflexo da população mundial, óbvio que existe uma crescente à Direita e suas radicalizações, porém existem outros recados mais significativos que imprimem esse resultado, principalmente o questionamento aos modelos de organização e representatividade, esses sistemas mundo a fora sofrem críticas diversas não importando qual seja sua formação, todos esses sintomas demonstram um nível de insatisfação e frustração que recaem diretamente sobre o legislativo e executivo em exercício. Outra característica interessante é a expectativa entorno dos lideres, Obama simboliza o líder progressista moderno, Clinton é sisuda, transmite autoritarismo e pouco carisma, Donald é bonachão, simpático e autêntico, mesmo sendo um personagem, em uma eleição facultativa, além de sua plataforma e projetos o candidato é atrativo, principalmente quando lidamos com uma agenda midiática sem escrúpulos e com interesses escusos, apostando no esvaziamento político.



A ESQUERDA NO MUNDO

Precisamos compreender a mudança de comportamento político no mundo, a esquerda chegou ao fim de mais um ciclo, segundo Anthony Downs, a busca por resultado eleitoral nunca é um fim em si mesmo, vários são os fatores que constroem a correlação de força necessária para a implementação de um programa vitorioso, assim também como vários são os motivos que levam a um período de derrotas eleitorais e este processo é cíclico, sociológico e comportamental. A esquerda mundial
cumpriu um papel importante no último século, a luta pela conquista de direitos individuais, sociais, a liberdade ao voto, ao culto, a libertação dos povos, autonomia da mulher, várias são as conquistas sociais, porém, é chegada a hora da Esquerda mundial atualizar sua agenda política, a sociedade contemporânea ascendeu socialmente, culturalmente, economicamente, as ferramentas digitais e a pulverização da informação, juntamente com a derrocada do Capital especulativo, a fragilidade do modelo de globalização econômico, o aumento da miséria, fome e conflitos étnicos, alteraram a percepção de Estado e a expectativa por gestões mais eficientes, humanas e prósperas por parte das sociedades democráticas. O momento é de apresentar um novo modelo econômico, reconhecer as experiências digitais, do mercado cooperativo, da mudança de comportamento econômico do trabalhador formal para os micro empreendimentos, pequenos investidores, profissionais liberais, economia criativa, cooperativismo de mercado, boas práticas de governança, rediscussão da organização urbana e rural, mobilidade urbana, papel da tecnologia na sociedade e na comunicação, novas regras de controle de Estado, compreender os novos modelos de organização da sociedade, a nova classe trabalhadora e sua organização contextual, a garantia de exercício de direitos individuais, serviços públicos e eficiência de gestão e governança, democratização dos meios de comunicação, reforma dos modelos educacionais e tantas outras bandeiras que estão sendo produzidas por todo este período mundial de conflito político.



CONSIDERAÇÃO FINAL

Essa é minha percepção do que aconteceu nos EUA nestas eleições, reflete muito do que somos e o que vivemos no Brasil e vários outros países, a esquerda precisará se dedicar a este momento da história, o melhor momento político da nossa geração apesar dos resultados que refletem e refletirão no curto prazo. Espero não ter sido muito repetitivo ou cansativo, mas, deixo aqui minha impressão do momento atual e das eleições americanas.



Abraços,



Fernando Neto

domingo, 6 de novembro de 2016

AMIGOS DO FACEBOOK e REDES SOCIAIS!

Ao invés de incentivar os ricos e poderosos vou apoiar os trabalhadores.

Façamos o seguinte para o Natal: Compre os presentes de pequenas empresas e autônomas. Da vizinha que vende por catálogo ou pela internet, de artesãos, da amiga que tem uma loja no bairro, do pasteleiro que faz os doces artesanais, ao rapaz que tem uma banca no mercado ... Façamos o dinheiro chegar às pessoas comuns e não às grandes multinacionais. Assim haverá mais gente que tenha um melhor Natal. Se achas que é uma boa proposta, copie e cola !


Apoiemos a nossa gente.


FERNANDO NETO 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A ODISSÉIA DA CLASSE TRABALHADORA, PARTE 1




A poderosa crise econômica global iniciada em 2008, de proporções e magnitude similares a 1929 (isso, guardadas as suas complexidades temporais), ainda segue assombrando países e mais países pelo globo.
Uma crise estrutural e global, que se manifestou através dos anos de forma naturalmente desigual, mas que se combina, entrelaçando todo o sistema mundial de produção de mercadorias. Seus sintomas se apresentaram há algumas décadas. Saindo da periferia mundial desenvolveu-se em direção ao centro do capitalismo mundial. Suas causas principais localizam-se no prolongado processo de acumulação de capital combinado com a elevação progressiva da potência científica e tecnológica dos meios de produção, isso, multiplicada sobretudo, após a revolução tecno-científica culminando na explosão da informática, da química fina e da robótica.
Uma parcela cada vez maior do capital acumulado foi se deslocando para a especulação financeira, convertendo-se em capital fictício, já que não poderia ser reinvestida diretamente no sistema produtivo, sob pena de levar ao total colapso o sistema de produção de mercadorias. Assim, parindo, duas marcas hegemônicas do capital monopolizado, que são: A financeirização e o desemprego. Algo totalmente antagônico a afirmação de alguns que tão diziam que eram apenas bolhas ou desequilíbrio conjuntural.

Ascensão conservadora
Igual em 1929, hoje, os oportunistas dos setores mais degenerados da sociedade, através de um discurso fácil, buscam um bode expiatório para culpar e massacrar, assim, como a os nazi-fascistas fizeram com os Judeus, Ciganos, Homossexuais e todo o tipo de povo que não pertencia ao conceito que eles tinham sobre raça ariana. Hoje diferentemente de 1929, o bode expiatório são os imigrantes.
Igual a 1929, a ignorância de uns e o oportunismo dos poderosos escondem mais uma vez, que é o Capitalismo em seus movimentos cíclicos e naturais que provocam tudo isso.
Dando uma breve volta pelo globo, veremos essa ascensão em exemplos, por exemplo: Na França, o partido Frente Nacional de extrema-direita, liderados a 44 anos pela família Le Pen, cada vez mais, ganham musculatura social e política para se tornarem uma alternativa de poder naquele país.
Na Alemanha que pariu Hitler e, liderou a monstruosidade da 2º Guerra Mundial, mobilizações contra imigrantes acontecem semanalmente sobre a orientação do Pegida, "Patriotas Europeus Contra a Islamização do Ocidente", movimento de extrema direita nascido na Alemanha durante o outono de 2014. No resto da Europa inteira, esses grupos de extrema-direita ficam cada vez mais fortes. Já nos Países Baixos, influenciado pela capital dos Países Baixos e da Holanda, Amsterdã, cada vez mais a manifestações contra imigrantes ganham as ruas. No Brasil, já que não há uma forte marcha de imigrantes, os escolhidos, foram os Nordestinos, as teses de divisionismo em nosso território, a cultura de achar que os Nordestinos são detentores de esmolas do "povo do centro-sul", ou que o Sul paga o "Bolsa Família" deles, cada vez mais, mesmo que velado, se expandem.

Um caminho inevitável
Vários (episódios) prenunciaram uma "débâcle" acentuada da economia mundial, entre as quais o altíssimo nível de desemprego nos países desenvolvidos, os crescentes déficits orçamentários, a crise das "pontocom", as crises da Rússia, México, Argentina e Tigres asiáticos, dentre tantos exemplos. 
Cada nova tentativa das classes dominantes demandou enormes esforços, desgastes políticos, queimas fabulosas de capital, alcançando somente alívios efêmeros, aos quais se seguiram o retorno dos sintomas e de um quadro geral ainda mais agravado. Os custos humanos ambientais e econômicos foram elevadíssimos e não é difícil prever que o metabolismo do monstro em agonia consumirá ainda mais sacrifícios na tentativa de se recuperar. Entretanto, parece que com a eclosão da crise mundial inaugurada em 2008, com a quebra do Banco Lemann Brothers, chegamos ao tempo em que a crise pode assumir a forma da existência do próprio capital. 
Paralelo a esses problemas
A crise ambiental é o maior impasse do capitalismo em sua atual crise econômica global. A escassez de energia, água potável, terras cultiváveis e todo tipo de recursos naturais renováveis, mais as mudanças climáticas e aos impactos imprevisíveis da acelerada extinção de grande número de animais e de vegetais responsáveis pela manutenção de elos preciosos da cadeia alimentar, anunciam um futuro totalmente desalentador para a humanidade.

A ascensão Neoliberal
No Brasil, o Golpe de Estado Parlamentar, realinhou as forças conservadoras numa unidade programática, num programa já derrotado nas ruas na década de 90 e nas urnas nos primeiros anos de 2000, mas que serviu para a organizar a sua composição de forças e ilhar a esquerda brasileira, numa espécie de nova política de alianças.
Acontece que a direita brasileira navegando nessa espécie de "nova consciência fascista", após serem derrotados nas eleições de 2014 para a presidência, mas ganhando na disputa do quantitativo parlamentar. Essa equação mostrou um país dividido e, que eles, num movimento parecido com o de Hitler na Alemanha, ao serem derrotados e em seguidas eleições, teriam que utilizar da irresponsabilidade política num puxar de corda e esticá-la até criar uma falsa aparência de um conflito social. Esse, por sua vez, teria de ser capaz de dar-lhes uma falsa justificativa para defenestrar a presidente eleita Dilma. Vale registrar que só seria possível por essa fórmula a ascensão dos setores neoliberais ao poder, já que o povo brasileiro tinha os derrotados nas lutas de massas da classe trabalhadora e em quatro processos eleitorais.

A natureza do golpe
Eles mal chegaram e impuseram numa velocidade nunca vista a agenda de reorganização econômica para dar condições objetivas da edificação do projeto Neoliberal, privatizações, terceirização, teto de gastos e todo o tipo de pavimentação programática para tal. Eles contaram também, com o apoio das votações já executadas e que derrotaram as forças progressistas, principalmente nas questões de Direitos Humanos, que o Congresso Nacional mais retrógrada e conservador dos últimos tempos avia imposto.
Sobre esse ponto, vale lembrar, que Dilma no começar de seu governo, escolheu não enfrentar os problemas imposto pela crise econômica ancorada no programa eleito em 2014, mas sim, num programa de ajustes, não similar ao que está colocado, mas que tem uma natureza totalmente antagônica aos anseios daqueles que a elegeram. Isso fez com que ela caísse na avaliação popular ao ponto de 10%, ou seja, perdeu 42% de apoio popular registrados na urna.

A Luta se dará no campo político
Nesse cenário, cabe mais uma vez aos guardiões da paz no mundo (a Classe Trabalhadora), superar esses grandes problemas que se encontram o Brasil e resto do globo. A superação desse "Novo Tipo de Consciência Fascistas", se dará não no campo de guerra como na 2º Guerra Mundial, mas sim, no campo da política produzida por um novo modelo econômico e social para humanidade. Algo que supere a experiências do Neoliberalismo hoje tão sucateado e também, do Socialismo Real, tão sucateado quanto.
Teremos um 2017 de intensas lutas, diferentemente dos outros anos, os movimentos sociais e populares, habitavam o projeto de nação. Hoje eles foram escorraçados, ou seja, terá luta de massas para que esses setores, mais os pobres que não se organizam, voltem a ser protagonistas de um projeto mais fraterno e justo. No mesmo sentido, as eleições de 2016 com a vitória da Direita só iram agudizar ainda mais a exploração e a opressão que não só se dará na atuação nacional, mas também na municipal.
Por fim, o fenômeno imposto pela juventude brasileira na questão das ocupações, só mostra, que uma nova geração política nasce para liderar as lutas dos povos. Que a esquerda brasileira, não tem que só os colocar como uma prioridade estratégica, mas acima de tudo, fazer um processo geracional de liderança e direção, além, de produzir o novo projeto da esquerda no Brasil. Um farol que guiará a esquerda por mais 20, 30, 40 anos, nesse momento de sua recomposição e reorganização.
Essa Odisseia terá muito mais partes. Quem viver verá!



 PEDRO DEL CASTRO
Assessor da Liderança do PT no Senado

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Sobre a polêmica relacionada às abstenções, colocando mais lenha...

Em São Paulo, João Dória teve os mesmo votos de José Serra quando este perdeu as eleições para Fernando Haddad. O PSDB não ampliou base política, a insignificante "abstenção" somada aos votos brancos e nulos foram os que mais ampliaram! Da mesma forma aconteceu na capital do Rio de Janeiro aonde aproximadamente 1 milhão e 300 mil eleitores não foram votar, metade da cidade e neste meio Freixo ampliou somente 100 mil votos da sua última eleição! Se isso não tem significado então...

domingo, 30 de outubro de 2016

Me alegro e canto Gonzaguinha







O que me renova e me anima, aqui e agora, é a luta dessa mocidade em defesa da Educação ocupando e resistindo nas escolas. Embora já cansada, quase cinquenta anos dedicados a Educação, me alegro e canto Gonzaguinha:

Eu acredito
É na rapaziada
Que segue em frente
E segura o rojão
Eu ponho fé
É na fé da moçada
Que não foge da fera
E enfrenta o leão
Eu vou à luta
É com essa juventude
Que não corre da raia
À troco de nada
Eu vou no bloco
Dessa mocidade
Que não tá na saudade
E constrói
A manhã desejada...

Me alegro e canto Gonzaguinha







O que me renova e me anima, aqui e agora, é a luta dessa mocidade em defesa da Educação ocupando e resistindo nas escolas. Embora já cansada, quase cinquenta anos dedicados a Educação, me alegro e canto Gonzaguinha:

Eu acredito
É na rapaziada
Que segue em frente
E segura o rojão
Eu ponho fé
É na fé da moçada
Que não foge da fera
E enfrenta o leão
Eu vou à luta
É com essa juventude
Que não corre da raia
À troco de nada
Eu vou no bloco
Dessa mocidade
Que não tá na saudade
E constrói
A manhã desejada...

Mãos dadas - Carlos Drummond de Andrade


Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

*Alunos do Colégio Pedro II em assembleia.

64° Ato em Defesa da Democracia/Apoio as Ocupações Escolas do DF



Manifestamos nosso apoio e nossa solidariedade aos estudantes brasileiros em luta pela Educação.

Em reação à medida provisória (MP) que reforma o ensino médio e a Proposta de Emenda à Constituição 241, que impõe um limite aos gastos públicos pelos próximos 20 anos, estudantes realizam ocupações em escolas pelo país.

São 1177 em todo o País, até quinta-feira (27/10) passada:
Escolas e institutos federais (IFs): 1071
Universidades: 102
Núcleos Regionais de Educação (NREs): 3
Outros espaços: 1

Os estudantes do DF disseram que é precisar melhorar o ensino média, mas dizem que alunos, professores e funcionários de escolas e institutos federais precisam ser ouvidos antes dessas mudanças serem implementadas. Escolas ocupadas no Distrito Federal:
CEM 304 Samambaia
CEM Elefante Branco
CEM Setor Oeste
CEM 111 Recanto das Emas
CEM Taguatinga Norte
CED Gisno
CED 01 de Planaltina
IFB Estrutural
IFB Planaltina
IFB Riacho Fundo
IFB Samambaia

Pedimos aos que puderem contribuir doando alimentos não perecíveis, colchonetes, utensílios domésticos para cozinha, lençóis, cobertores, material de limpeza, higiene e primeiros socorros. Tragam suas doações para nossa Vigília Democrática, estaremos recebendo e fazendo a entrega aos coordenadores do movimento no DF.

Agradecemos a presença e o apoio. #Ocupar #Resistir



https://www.facebook.com/NucleoemDefesadaDemocracia/photos/gm.273364986392566/1261741387202300/?type=3

sábado, 29 de outubro de 2016

Rio de Janeiro eleições 2016 segundo turno

Ao Rio de Janeiro caberá o caos, Freixo não será esperança com minoria na câmara, fará acordo ao centro passando pela esquerda ou não fará nada, seu programa infantil é utopicamente superficial se fartará ao fracasso, Crivela tem escrúpulos o suficiente para fazer o acordo necessário em nome da governança, porém, desavenças empresariais entre Record e Globo batidos no liquidificador com seu programa atrasado, conservador e tão superficial quanto as pregações Universais deixam evidente a preferência majoritária do eleitorado pela abstenção, votos brancos ou nulos o grande campeão dessas eleições, qualquer que seja o eleito neste domingo não será o vitorioso para o próximo período! 

terça-feira, 11 de outubro de 2016

OCUPAÇÕES



Já são 103 escolas ocupadas em todo país contra as medidas de Michel Temer que pretendem deformar e paralisar a educação brasileira! Os estudantes são contra a reforma do Ensino Médio e a PEC 241, que congela os gastos na área por 20 anos.


PARANÁ
São José dos Pinhais
01. C.E. Elza Scherner Moro
02. C.E. Afonso Pena
03. C.E. Padre Arnaldo Jansen
04. C.E. Costa Viana
05. C.E. Silveira da Motta
06. C.E. Hebert de Souza
07. C.E. Chico Mendes
08. C.E. Juscelino K. de Oliveira
09. C.E. Pe. Antônio Vieira
10. C.E. São Cristóvão
11. C.E. Angelina Prado
12. C.E. Shirley
13. C.E. Guatupê
14. C.E. Lindaura Ribeiro
15. C.E. Estadual Ipê
16. C.E. Unidade Polo
17. C.E. Barro Preto
18. C.E. Zilda Arns
19. C.E. Tiradentes
Curitiba
20. Colégio Estadual do Paraná
21. C.E. Algacyr Maeder
22. C.E. Teobaldo Kletemberg
23. C.E. Teotônio Vilela
24. C.E. Ernani Vidal
25. C.E. Cruzeiro do Sul
26. C.E. Benedicto J. Cordeiro
27. C.E. Brasílio de Castro
28.C.E. Cecilia Meireles
Fazenda Rio Grande
29. C.E. Cunha Pereira
30. C.E. Anita Cannet
31. C.E. Lucy Requião
32. C.E. Jorge Andriguetto
33. C.E. Abilio Lourenço
34. C.E. Décio Dossi
35.C.E. Olindamir Claudino
Ponta Grossa
36. C.E. Ana Divanir Borato
37. C.E. Polivalente
38. C.E. Regente Feijó
39. C.E. Epaminondas Ribas
40. C.E. Meneleu Barros
41. C.E. Pietro Martinez
Pinhais
42.C.E. Arnaldo Busato
43.C.E. Tenente Sprenger
44.C.E. Daniel Rocha
45.C.E. Castelo Branco
46.C.E. Amyntas de Barros
47.C.E. Mathias Jacomel
48.C.E. Leocádia Ramos
49.C.E. Ottília Homero
Cascavel
50. C.E. Castelo Branco
51.C.E. Olinda Truffa
52.C.E. Wilson Joffre
53.C.E. Santos Dumont
54.C.E. Horácio Ribeiro
55.C.E. Jardim Clarito
56.C.E. Marcos Shuster
Londrina
57.C.E. Albino Feijó Sanches
58.C.E. Maria Aguilera
59.C.E. Vani Ruiz
60.C.E. Polivalente
61.C.E. Willie Davids
62.C.E. Hugo Simas
63.C.E. Margarida Barros
64.Colégio de Aplicação da UEL
65.Instituto de Educação
Maringá
66. C.E. Brasílio Itibere
67. C.E. Tomaz Edison
68. C.E. Tânia Varella
Pato Branco
69. C.E. de Pato Branco
70. C.E. do Campo São Roque
Colombo
72. C.E. Helena Kolody
73. C.E. Vinicius de Moraes
Matinhos
74. C.E. Sertãozinho
Campo Largo
75. C.E. Macedo Soares
Piraquara
76. C.E. Rosilda de Souza
Marechal Cândido Rondon
77. C.E. Frentino Sackser
Mandaguaçu
78. C.E. Parigot de Souza
Rio Branco do Sul
79. C.E. Maria da Luz Furquim
Guaratuba
80. C.E. Zilda Arns Neumann
Toledo
81. C.E. Novo Horizonte
82. C.E. Atílio Fontana
Pontal do Paraná
83. C.E. Sully Vilarinho
UNIVERSIDADES OCUPADAS
84. UNIOESTE - Marechal Rondon

MINAS GERAIS
85. Estadual Central
86. E.E Ricardo Souza Cruz

RIO GRANDE DO SUL
87. IF Farroupilha Campus Alegrete
88. IF Farroupilha Campus São Vicente do Sul
89. IF Farroupilha Campus São Borja
90. IF Farroupilha Campus Júlios de Castilhos
91. IF Farroupilha Campus Panambi
92. IF Farroupilha Campus Frederico Westphalen
93. IF Campus Santo Augusto

GOIÁS
94. IF Aguas Lindas
BRASÏLIA
95. CEM 414 Samambaia

RIO GRANDE DO NORTE
96. IF Santa Cruz
97. IF Zona Norte
98. IF Parnamirim
99. IF João Câmara

MATO GROSSO
100. IFMT Campus Confressa

SÃO PAULO
Sorocaba
101. Escola Estadual Ossis Silvestrine

PERNAMBUCO
102. IF Olinda
ALAGOAS

103. IF Satuba

domingo, 9 de outubro de 2016

"Che" Guevara VIVE!


"Eu creio que a primeira coisa que deve caracterizar um jovem comunista é a honra que se sente por ser jovem comunista. Essa honra que o leva a mostrar-se a toda gente na sua condição de ser comunista, que não o submete à clandestinidade, que o não reduz a fórmulas, mas que ele manifesta em cada momento que lhe sai do espírito, que tem interesse porque é o símbolo de seu orgulho.

Junta-se a isso um grande sentido do dever para com a sociedade que estamos construindo, para com os nossos semelhantes como seres humanos e para com todos os homens do mundo.

Isso é algo que deve caracterizar o jovem comunista. Paralelamente, uma grande sensibilidade a todos os problemas e uma grande sensibilidade em relação a justiça."

"Che" Guevara VIVE! 
Rosário 14/06/1928 - La Higuera, 9/10/1967

John Lennon eterno







Imagine que não existem países
Não é difícil fazê-lo.
Nada pelo que matar ou morrer
Tampouco religiões.
Imagine todos os povos
Vivendo em paz
Você até pode dizer que sou um sonhador.
Mas não sou o único.
Espero que algum dia você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só.
Imagine que não existem posses.
Eu me pergunto se você consegue
Não precisar de ganância ou fome
Uma fraternidade humana
Imagine todos os povos
Partilhando o mundo.

John Lennon 
Liverpool, 09/10/1940  -  Nova Iorque,  8/12/1980
 

domingo, 2 de outubro de 2016

Mapa Nacional simplificado entre os partidos políticos

Pensamento rápido e superficial:

Se contarmos os votos majoritários nas capitais, sem levar em consideração todos os outros municípios do país e os votos para vereância, por candidatura o cenário seria mais ou menos este, os partidos mais votados:

PSDB - 5.251.919
PMDB - 2.239.591
PT - 1.980.049
PRB - 1.834.251
PDT - 1.379.598
PSB - 1.318.230
PSOL - 1.183.082
DEM - 1.071.153
PR - 793101
PC do B - 410.531
REDE - 310.747

O PT neste cenário simples é a terceira maior força política do Brasil mesmo com todo ataque sofrido!

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Para o procurador Deltan Dallagnol ficar sabendo

Por Cartaxo de Arruda Jr, Diretor do MOVA SE e
Fátima de Deus, Professora, Ativista. Integrantes do NDD



Senhor Procurador andei lendo que você disse: “Quem veio de Portugal para o Brasil foram bandidos e criminosos...” Menos meu caro deixe de ser coxinha a esse ponto, seu complexo de vira lata esta virando síndrome e lhe deixando cego. Quem veio de Portugal para o Brasil meu lord foi “a fina flor do abacateirol”, a nata da nobreza de sangue azul de toda a Europa que se refugiou em Portugal fugindo de Napoleão veio parar no Brasil, assim Napoleão pode dizer: “Eu sou a Europa”, isso sim, nada de bandidos criminosos. Como você se deixa enganar pelos invejosos americanos!?

A requintada nobreza europeia veio parar no Brasil e fizeram aqui o maior e único Império do Novo Mundo enquanto o seu querido EUA não passavam de meras treze colônias. O Brasil se transformava na segunda maior frota naval do mundo e na quarta maior economia do planeta e mais, fomos nos que sustentamos a Inglaterra na guerra contra Napoleão e se for prestar atenção você vai ficar sabendo que o ouro e as pedras preciosas da coroa inglesa foram surrupiados das nossas Minas Gerais.

              E digo mais, fique sabendo que o ministro Guido Mantega, que você tirou da sala de operação da sua esposa para prender, pagou os 40 bilhões de dólares que devíamos ao FMI transformando o Brasil de devedor em credor do Fundo, além de acumular mais de 370 bilhões de dólares em reservas financeiras nos fundos internacionais reservas estas que só  perdem para as da China e com 3 vezes mais reservas que os EUA transformando o Brasil da 17ª para a quinta maior potencia econômica mundial. Além de contribuir para tirar 40 milhões de brasileiros da miséria nos governos Lula e Dilma. 

Esse Golpe não vai se manter e como disse Darcy Ribeiro “Eu não quero estar no lugar dos que nos venceram”. Estamos nas ruas e o usurpador Temer já não consegue assistir o Wood Allen em Nova York sem ouvir o Fora Temer. Não consegue sair de casa, nem dos palácios. Vamos defender os BRICS, um Banco dos países do terceiro mundo melhor que o FMI, manteremos o MERCOSUL e o Brasil será o pais do futuro. 

              A farsa que você encerra não vai perdurar por muito tempo não seu entreguista mequetrefe. 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O Prêmio do Golpe por Chico Castro




Em 1897, Sigmund Freud já trabalhava exaustivamente sobre o horror do incesto. À época, suas preocupações se voltavam para o binômio existente entre os avanços da civilização e a repressão dos instintos. Bem mais tarde, em 1912/1913, publicava um monumental ensaio intitulado Totem e Tabu. Na realidade, o pai da Psicanálise, para além do vasto conhecimento que possuía da alma humana, era igualmente versado em pré-história e em Arqueologia Social. Viciado em cocaína, morreu em Londres, de câncer no palato, em 1939, aos 83 anos de idade. Como psicanalista, ele era um grande escritor.

Em Totem e Tabu, influenciado por Wilhelm Wundt e  Carl Gustav Jung, Freud  analisou as categorias o universo antropológico de saberes antigos, passando pela história dos povos aborígenes da Austrália, da América e da África. Ao estudar esses povos, pôde perceber a existência de uma relação extremamente respeitosa entre o clã e  o totemismo, pois os membros de certas tribos acreditavam que a origem deles residia na figura do totem. Para além dos casos clínicos, não desprezava a  cultura dos povos mais “atrasados” do mundo, a ponto de procurar entendê-los    a fim de captar psicanaliticamente a angústia e o mal-estar das sociedades mais industrialmente avançadas do seu tempo.

Mas, o que  é um totem?
Originalmente, o totemismo era a religião das castas  primitivas. Mantinha viva a base da organização social. O totem podia ser  um animal, um vegetal ou um fenômeno natural, materialmente representado. Visto como um símbolo sagrado, criava  uma relação de medo ou respeito aos que o cultuavam. Ao mesmo tempo em que o sistema totêmico dava proteção ao corpo social, exigia  que algumas restrições fossem fielmente cumpridas, como, por exemplo, a não permissão de relações sexuais impróprias ou casamentos entre integrantes do mesmo clã. No Deuterenômio, livro escrito por Moisés (cap.7,3-4),  Deus proibia que um hebreu se casasse com uma mulher “estrangeira”. Os semitas praticavam a endogamia, cerimônias de casamento entre pessoas aparentadas, ao passo que os nativos estudados por Freud prevalecia a exogamia.

Os aborígenes anteriores aos semitas, criaram a exogamia justamente para não abalar o equilíbrio social exigido pelos preceitos totêmicas, aliás, ainda vigorantes nos dias de hoje, que admite, em tese, apenas o casamento entre pessoas de “famílias diferentes”. Descumprir a regra  resultava na morte automática do infrator ou infratores. Daí o horror pelo incesto, a priori, vigente na mentalidade do século XXI. Os judeus, mais tribais, achavam que o filho ou a filha deveriam ficar sob a proteção da sombra paterna. No entanto, a prescrição levítica não obstou que Salomão, filho do rei Davi,se casasse com a filha do faraó do Egito, tradicional inimigo de Israel. Por sua vez, as filhas de Ló, após a saída de Sodoma e Gomorra, o embriagarem com vinho e mantiveram relações sexuais com o próprio pai, nascendo-lhes a etnia moabita e amonita (Gênesis,cap.19,32).

Qual o significado de um tabu?
Por detrás de qualquer totem havia um tabu ou vários tabus. O totem não pode ser tocado, nem o tabu pode ser quebrado. Mas o que é um tabu?  Via de regra, é uma série de normas  acerca do que se pode ou não ser feito. Freud entendia ser desconhecida a origem do tabu, e que, enquanto para alguns parece ser algo sagrado ou impuro, violento ou natural, sádico ou santo, para outros se insere dentro  de um esquema da mais pura normalidade. Ao contrário das leis de Deus dada a Moisés no Sinai, o  tabu não encontra guarida na escrita. A interdição servia para proteger os fracos e os fortes, os chefes e os sacerdotes, as mulheres e as crianças, à medida que pede acautelamento contra o manuseio de cadáveres, a ingestão de certos alimentos e bebidas. A quebra de um tabu forjou o nascimento dos primeiros tribunais da história.

Achamos que os selvagens eram mortais e cruéis com os seus inimigos. Porém, somos atualmente mais sentenciosos e perversos  com os nossos rivais. Freud verificou que na ilha de Timor, na Indonésia, quando  guerreiros voltavam vitoriosos de uma batalha, traziam as cabeças dos vencidos à mostra. Porém, ao chegarem à tribo, se submetiam a alguns rituais de purificação para amenizar o sofrimento pela alma dos  derrotados. Segundo o costume, a dança e o canto não eram a comemoração da presumida vitória, mas um rito de perdão pela morte dos infelizes: “Não tenhais raiva”, pranteavam os vencedores, “porque vossa cabeça está aqui conosco; se tivéssemos tido menos sorte, nossas cabeças poderiam estar agora expostas em vossa aldeia. Não seria melhor que tivéssemos permanecido amigos”? 

O tabu relacionado aos governantes era bem mais severo. Eles não deveriam ser apenas “protegidos, mas também se deve proteger-se contra eles”. O contato direto com os mandatários podia ser benéfico ou maléfico. O poder de cura se manifestava num leve toque no doente ou no necessitado de cuidados. Mas, em muitos casos, poderia acontecer uma tragédia, como por exemplo, entre algumas tribos africanas, entrar alguém na casa de um sacerdote, poderia ocasionar grandes aflições ou até mesmo a morte a quem chegasse à  porta da casa da autoridade. Freud dá outro exemplo do escravo neozelandês. Ao comer um resto de comida deixada por um nobre, teve terríveis convulsões estomacais até morrer, após a ingestão do alimento real.

O conflagrado e explosivo momento político brasileiro seria um prato cheio para as análises de Freud. É o caso de Eduardo Cunha. Ele deveria exercer o papel de um totem, em termos freudianos, para os 513 deputados federais, pelo menos na aparência. Se o detentor do poder religioso ou político não atendia mais às necessidades básicas da comunidade, os integrantes se revoltam contra o totem, para salvar da destruição a base social milenarmente construída por todos. Quando o ex-deputado afirmou que os seus inimigos queriam a cabeça dele exibida como um troféu, repetiu-se simbolicamente a mesma ação feita por selvagens vitoriosos vindo da guerra exibindo o crânio dos vencidos. Se fosse mais sutilmente inteligente para perceber do que para roubar, Cunha deveria saber que as leis totêmicas ainda estão em pleno vigor.

Eduardo Cunha violou a autoridade e o respeito que o totem não pode perder. A punição severa foi o retumbante tombo visto por toda tribo. A consequente morte política corresponde à falta de proteção que o ex-parlamentar não deu a todo o grupo tribal, no caso a Câmara dos Deputados. Ele tinha o dever de preservar algumas normas para proteger a Casa dos perigos que poderiam advir da sua derrocada, caso fosse comprovada a falta de medo e temor que  o totemismo requere dos membros de um clã. Sem o totem, o clã deixa de existir. Então, entre o  totem corrompido que põe em risco a existência de todo o agrupamento e a tradição milenar cultivada há séculos, a saída mais plausível para evitar o malogro é derrubá-lo a fim de colocar  um novo totem no vazio deixado pela obsolescência do outro.

Suscitados pelo deleite particular do cult e do selfie, vivemos cercados de totens e tabus por todos os lados. Os povos antigos estudados pelo criador da Psicanálise, ao trazerem a cabeça dos vencidos na ponta de suas lanças, entoavam lamentos em favor das almas dos mortos. Alguns rituais de purificação eram feitos nos matadores, sem os quais, não lhes seriam permitido voltar ao convívio da tribo vitoriosa. Afortunadamente, Freud chamava isso de ritual de apaziguamento. Seria muito estranho para os nossos olhos modernos, se todos os inimigos de Eduardo Cunha fossem vistos na TV chorando a morte súbita do político que há pouco tempo era o segundo homem mais importante da República. Somos mais bárbaros que os primitivos aborígenes australianos.

Chico Castro, 62, é poeta e historiador. 

domingo, 18 de setembro de 2016

Eleições municipais 2016: Rio de Janeiro

Oportunismo à esquerda impede o Rio de Janeiro viver novos ares. PSOL quebra acordo e Freixo se sente paladino de uma revolução que não existe, Molon descobre a duras penas que seu legado só existiu enquanto existia dentro do PT e Jandira só chama atenção quando ataca Pedro Paulo e Flavio Bolsonaro. Nenhuma das candidaturas apresenta uma plataforma real com propostas avançadas para a cidade, ou vivem uma prospecção da Disney em uma aventura de Petter Pan ou propõem o mesmo que todos, ninguém se diferencia essencialmente. A expectativa é torcer para uma mudança de comportamento do eleitorado que compreenda o momento político e assuma a responsabilidade das mudanças cariocas, pois, depender do que se apresenta é aflitivo para a população! 

sábado, 10 de setembro de 2016

A VIOLÊNCIA POLICIAL É UM CRIME. NÃO PODE FICAR IMPUNE. Por Fernando André Arruda



Por Fernando André Arruda, sociólogo.

As ruas ganham um novo colorido social na resistência democrática. Há uma fermentação natural envolvendo esse novo cenário político, misturando gerações, classes e raças, sem hegemonias de partidos tradicionais e dominâncias de comando político identificável.

Talvez esse caráter inusitado da mobilização social anuncie uma relativa autonomização dos movimentos sociais, movida mais por desejos horizontalizados do que pelos velhos comandos verticais. Essa aparente espontaneidade, unida pela vontade do "Fora Temer", tem como agenda a defesa da democracia através de novas eleições. Essa chave é suficiente para ascensão de um amplo movimento de mobilização social, capaz de abalar a tranquilidade da elite golpista.

O protesto de Sete de Setembro na orla da praia de Fortaleza foi marcado por uma irreverência alegre e pacífica. Na caminhada pelas ruas do bairro nobre da cidade, ornamentadas por prédios de opulência luxuosa, os manifestantes eram desafiados, em diversos momentos, por agressões verbais, cartazes e bandeiras remanescentes do movimento "Fora Dilma". As provocações animavam as chamas de resistência, fazendo ecoar as palavras de ordem " Fora Temer", "Fascistas, não passarão", sem nunca descambar para atos de violência física ou qualquer atitude de depredação dos bens públicos ou privados. E isso porque no percurso da caminhada existiam lojas de bancos e revendedoras de carros, símbolos frequentes onde se despejam as iras dos indignados.

Existia forte era o destemor na defesa da democracia, estampados no rostos pintados de uma juventude de estudantes, das classes médias e periféricas, que inundavam as avenidas desertas de carros. Em todo o trajeto inexistia qualquer policiamento, nem militar e nem de trânsito, sendo os próprios caminhantes que sinalizavam a interrupção das vias, sem necessidade de conter qualquer impulso de vandalismo, já que inexistente.

Enquanto existia as provocações de alguns moradores do bairro nobre, destilando o seu ódio das janelas e sacadas dos seus prédios, verdadeiras fortalezas medievais, cercadas de muros e grades, além de abundante segurança privada, não faltaram solidariedade advindas de varias janelas de prédios mais simples e sacadas distantes dos espigões de cimento e vidro, onde se anunciavam o entusiasmo das mãos e bandeiras vermelhas a se agitarem em sintonia de vontades. Além da buzina de caminhões e carros que faziam coro a indignação das ruas em movimento. Essas manifestações agitavam os espíritos e impulsionava a certeza da alegria de lutar. As vozes se fortaleciam e as bandeiras tremulavam com mais vigor.

Quem caminhou nessa festa de resistência pacífica sentiu a força e a coragem de 20 mil corações pulsantes em defesa da democracia; onde conviviam velhos e crianças enlaçados na correnteza de uma juventude destemida.

Por isso, é lastimável e imperdoável a truculência da polícia militar, do ronda do quarteirão e do raio, em promover uma violência injustificável contra o direito sagrado da manifestação democrática. Num ato de covardia, atacando após dispersa a mobilização, pequenos grupos que relaxavam após a caminhada, com ataques indiscriminados de balas de borrachas, spray de pimenta e violência física.

É uma vergonha que em um governo do PT ocorra cenas tão bizarras. Também é certo a existência de um comando que atiça a repressão e tenta provocar o tumulto na busca de intimidar as manifestações que tendem a se ampliar em todo o país.

As ruas tornaram-se no último refúgio da defesa democrática e do combate ao retrocesso dos direitos sociais e trabalhista no país.

Portanto, a única coisa que cabe ao governador do Ceará é punir os abusos e excessos de sua polícia, antes de ver, além do esvaziamento de sua credibilidade pública, com a ampliação de sua rejeição popular, também evaporado os resquícios de sua autoridade diante das forças policiais.