terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Se os negros na América estão gritando, por que os do Brasil precisam se calar?

A humanidade precisa entender que a marca da escravatura e tudo o que ela gerou de dor, não cicatrizaria somente por um papel assinado por um texto "liberdade". As marcas dessa desigualdade são mais profundas em toda a sociedade "civilizada" do que se imagina, a diferença do que está acontecendo nos Estados Unidos para o que acontece no Brasil é uma sociedade em conflito civil declarado à anos, no Brasil preferimos sempre desencorajar a luta pelo silêncio!

Se você é covarde o suficiente para acreditar que o RACISMO e o PRECONCEITO não existem veja ao fim da apresentação de Kendrik Lamar durante a premiação do Grammy deste ano de 2016, a reação dos artistas negros e a reação dos brancos!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Destruir o último líder popular a qualquer preço




247 -  11 de janeiro de 2016

A característica certamente mais exemplar de nossa história é a conciliação. De cúpula sempre (ou seja, conciliação em nome da preservação dos interesses da classe dominante), impedindo a revolução (como tal entenda-se também a simples ameaça de emergência das massas) e retardando as reformas das mais simples às mais essenciais – todas, como meras reformas, pleiteadas conforme as regras do regime que não visavam a alterar.

Em todos os momentos graves, a ruptura – ainda quando uma exigência histórica – cedeu espaço à concordata pois o essencial foi sempre a conservação dos donos do poder no poder. Da Colônia ao Império, do Império à República, e até aqui.

Mas a opção pela conciliação não impediu que nossa história fosse, desde o Primeiro Reinado, juncada de irrupções militares, às vezes quase só motins, como aqueles que precederam (preparando-a) a Independência e a sucederam (consolidando-a), até a resignação do Imperador, de malas prontas para o cerco do Porto e a revolução liberal que, depondo d. Miguel, faria D. Maria, a rainha brasileira dos portugueses, subir ao trono.

No Segundo Império a preeminência militar senta praça após a infeliz guerra ao Paraguai, quando nossas forças de terra e mar alcançam algum grau de organização e profissionalismo/profissionalização e, animadas pelas penosas vitórias nos campos de batalha, decidem exercer presença na política imperial.

Era propício o momento, com as seguidas crises dos seguidos gabinetes, as campanhas abolicionista e republicana e, no plano ideológico, o positivismo grassando na caserna e conquistando a jovem oficialidade. Assim, na formação histórica brasileira, temos duas linhas convergentes sob o fundo autoritário: a conciliação e a insurgência militar.

Mas na altura do II Reinado nada que sugerisse, nem de leve, o que seria a presença desestabilizadora dos militares na República. Se o marco inaugural foi a ‘parada militar’ do 15 de novembro, que derrubou o Império e viu a República consolidar-se com o golpe de Floriano, o ciclo se fecha com a conjuração do golpe de 1º de abril de 1964, que se afirmaria como uma ditadura de 20 anos.
Entre um polo e outro, de intentonas e sublevações seria rico o primeiro terço do século: o levante do Forte de Copacabana (1922), a insurgência paulista de Miguel Costa (1924) e a coluna Prestes (1924-1927) caracterizaram a República Velha, que morreria em 1930 com a irrupção civil-militar que passaria à história como Revolução de 30, hegemonizada pelos tenentes de 22 e 24, que comandariam as forças militares e permaneceriam no proscênio da política até a ditadura de 1964: Eduardo Gomes, Juarez Távora, Cordeiro de Farias, Ernesto Geisel...

A revolução de 1930 – que empossa Getúlio Vargas –, transforma-se na ditadura do Estado Novo em 1937, após sufocar um putsch integralista (1932) e um levante de militares comunistas comandados por Luís Carlos Prestes (1935). Os mesmos generais responsáveis pelo golpe de 1937 (à frente de todos os generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra) agora se levantam contra Vargas, e abrem caminho (1945) para a restauração democrática.

Inicia-se com um general, o ex-ministro da Guerra da ditadura, o general Dutra, o ciclo de presidentes eleitos pelo voto popular e de regimes democráticos que os mesmos militares sufocariam 18 anos passados.

Após uma sequência de golpes militares e tentativas de golpe – deposição e renúncia de Vargas (1954); tentativa de impedimento da posse de JK-Jango e contragolpe militar de Lott-Denis (1955), tentativa de impedir a posse de Jango (crise da renúncia de Jânio Quadros) e golpe parlamentarista (1961) – a estratégia da preeminência militar abandona as intentonas e as irrupções, para exercer um efetivo superpoder, pairando acima dos três poderes constitucionais, regendo a República sem depender da soberania popular ou submeter-se a qualquer regramento.

Foi o largo período dos pronunciamentos militares manifestando-se sobre a vida civil e interferindo na política. Naquele então o Clube Militar era uma instância suprema, na qual os destinos do País eram decididos. Naquele então, os militares se pronunciavam sobre tudo, até sobre os índices do salário-mínimo, e podiam exigir e obter a demissão do ministro do Trabalho que ousava favorecer os interesses dos trabalhadores.

Momento dos mais significativos dessa preeminência – ou do exercício desse poder para-constitucional –, seria observado, no regime democrático, em 1954, com a ‘República do Galeão’, anunciando o que seriam os tempos da ditadura de 1964-1984.

Os fatos estão no registro da história. Em agosto de 1954, uma desastrada tentativa de assassinato de um jornalista (Carlos Lacerda) termina com a morte de seu guarda-costas, um major da aeronáutica (Rubens Vaz), da ativa, o que enseja a brigadeiros e coronéis da FAB instalarem um IPM – à revelia da Polícia Civil – e, sob o pretexto das investigações desse crime, instaurarem o que ficou batizado como a ‘República do Galeão’, em homenagem ao aeroporto carioca em cujas instalações militares os coronéis operavam, à margem da ordem legal.

E assim sem leis a observar, desconhecendo limites a obedecer, o comandante do inquérito, ou presidente dessa República auto-constituída dentro da República constitucional, tornou-se um reizinho absoluto, porque tudo podia, todas as diligências, todas as prisões, senhor que era de todas as jurisdições. Porque tinha o respaldo de seus superiores – fortalecidos em face da fragilidade crescente do governo e de seu chefe – e o aplauso da grande imprensa, que o incentivava.

Tudo queria, tudo podia e tudo alcançava porque seu objetivo, o objetivo do IPM e da ‘República’, não era apurar a morte do major guarda-costas, mas atingir, como afinal atingiria mortalmente, a honra do presidente Getúlio Vargas, alvo da mais injuriosa, da mais violenta campanha de imprensa jamais movida no Brasil contra um chefe de Estado.

A infâmia, a injúria e a difamação não conheciam limites, invadindo mesmo sua privacidade e a intimidade de sua família. Vargas, o homem, o presidente, o líder de massas era o objetivo da imprensa unanimemente hostil, a serviço da direita derrotada com sua eleição em 1950.

Destruí-lo era o desejo de uma oposição desvairada, era o projeto de militares sublevados e de setores ponderáveis da classe-média, conquistados para a razzia antivarguista pelas denúncias, jamais comprovadas, de um ‘mar de lama’ que correria pelos inexistentes porões do discreto e quase ascético Palácio do Catete.

Enterrado Vargas, empossados Café Filho (presidente), Eduardo Gomes (ministro da Aeronáutica) e Juarez Távora (ministro chefe da Casa Militar), encerraram-se os inquéritos e nem os militares, nem a imprensa, nem a antiga oposição voltam a falar em corrupção.

Em 1964, retornam os IPMs, os inquéritos comandados por coronéis, e a caça às bruxas, primeiro indiscriminadamente, em seguida de forma metódica, com alvo preciso, o ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Mas aí era um regime de exceção, uma ditadura.

Os inimigos do novo regime foram transformados, uns (pessoas e entidades, como os sindicatos) em subversivos, outros em corruptos, e porque eram inimigos do regime eram, necessariamente, aos olhos deste, subversivos ou corruptos. Antes de acusados eram condenados, pois a acusação era a justificativa da condenação prévia, e os acusados eram presos para que seus crimes fossem apurados, apurados para justificarem a condenação e a pena, já imputadas.

Juscelino era, nos primeiros anos do golpe militar, o único líder civil do regime anterior politicamente sobrevivente. Jango, Brizola e Arraes amargavam o exílio. Torna-se, assim, JK, o inimigo a ser abatido. Como não poderia ser acusado de subversivo, foi condenado como corrupto, pela imprensa e pelos militares, a imprensa repetindo o ditado dos militares, embora nada tivesse sido ou fosse apurado contra ele.

Condenado, foi chamado a depor duas ou mais vezes em inquéritos militares (pois a pena decretada era sua desmoralização pública) até que, ameaçado, temendo maiores humilhações e mesmo temendo por sua integridade física, optou pelo exílio. Os militares não falaram mais nos inquéritos abertos e a imprensa o ignorou até ser obrigada a registrar o pranto nacional em sua trágica morte.

A história não se repete, mas saltam aos olhos as semelhanças entre o ódio vítreo que se construiu contra Vargas e JK e este que a imprensa brasileira, quase em uníssono, destila, alimenta e propaga contra o ex-presidente Lula, açulando, não mais as Forças Armadas como antes, mas agora agentes policiais sem comando, procuradores sem limites e juiz na presidência de inédita jurisdição nacional.
A história não se repete. Mas o ex-presidente Lula já foi chamado a depor, na Polícia Federal, umas duas ou três vezes, e agora é intimado, com a mulher, a depor em inquérito aberto pelo Ministério Público paulista. Precisa explicar porque desistiu da compra de um tríplex em Guarujá e porque visitava um sítio em Atibaia, e porque incentivou a indústria automobilística quando o País precisava criar empregos.

Condenado sem sursis como corrupto pela imprensa – como Vargas e JK –, exposto à execração pública, decaído em seu prestígio, como agora, Lula – e eis o que se pretende – estará afastado das eleições de 2018, seja como candidato, seja como grande eleitor.

Condenação decretada, pena anunciada, procura-se uma narrativa: eis o propósito, a finalidade dos inquéritos abertos e a serem abertos. Trata-se de destruir o último grande líder popular brasileiro. E isso vale, aos olhos de seus algozes, todo e qualquer preço.

A burguesia regurgita o sapo barbudo que as massas a fizeram engolir nas últimas eleições.
A característica certamente mais exemplar de nossa história é a conciliação. De cúpula sempre (ou seja, conciliação em nome da preservação dos interesses da classe dominante), impedindo a revolução (como tal entenda-se também a simples ameaça de emergência das massas) e retardando as reformas das mais simples às mais essenciais – todas, como meras reformas, pleiteadas conforme as regras do regime que não visavam a alterar.

Em todos os momentos graves, a ruptura – ainda quando uma exigência histórica – cedeu espaço à concordata pois o essencial foi sempre a conservação dos donos do poder no poder. Da Colônia ao Império, do Império à República, e até aqui.

Mas a opção pela conciliação não impediu que nossa história fosse, desde o Primeiro Reinado, juncada de irrupções militares, às vezes quase só motins, como aqueles que precederam (preparando-a) a Independência e a sucederam (consolidando-a), até a resignação do Imperador, de malas prontas para o cerco do Porto e a revolução liberal que, depondo d. Miguel, faria D. Maria, a rainha brasileira dos portugueses, subir ao trono.

No Segundo Império a preeminência militar senta praça após a infeliz guerra ao Paraguai, quando nossas forças de terra e mar alcançam algum grau de organização e profissionalismo/profissionalização e, animadas pelas penosas vitórias nos campos de batalha, decidem exercer presença na política imperial.

Era propício o momento, com as seguidas crises dos seguidos gabinetes, as campanhas abolicionista e republicana e, no plano ideológico, o positivismo grassando na caserna e conquistando a jovem oficialidade. Assim, na formação histórica brasileira, temos duas linhas convergentes sob o fundo autoritário: a conciliação e a insurgência militar.

Mas na altura do II Reinado nada que sugerisse, nem de leve, o que seria a presença desestabilizadora dos militares na República. Se o marco inaugural foi a ‘parada militar’ do 15 de novembro, que derrubou o Império e viu a República consolidar-se com o golpe de Floriano, o ciclo se fecha com a conjuração do golpe de 1º de abril de 1964, que se afirmaria como uma ditadura de 20 anos.

Entre um polo e outro, de intentonas e sublevações seria rico o primeiro terço do século: o levante do Forte de Copacabana (1922), a insurgência paulista de Miguel Costa (1924) e a coluna Prestes (1924-1927) caracterizaram a República Velha, que morreria em 1930 com a irrupção civil-militar que passaria à história como Revolução de 30, hegemonizada pelos tenentes de 22 e 24, que comandariam as forças militares e permaneceriam no proscênio da política até a ditadura de 1964: Eduardo Gomes, Juarez Távora, Cordeiro de Farias, Ernesto Geisel...

A revolução de 1930 – que empossa Getúlio Vargas –, transforma-se na ditadura do Estado Novo em 1937, após sufocar um putsch integralista (1932) e um levante de militares comunistas comandados por Luís Carlos Prestes (1935). Os mesmos generais responsáveis pelo golpe de 1937 (à frente de todos os generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra) agora se levantam contra Vargas, e abrem caminho (1945) para a restauração democrática.

Inicia-se com um general, o ex-ministro da Guerra da ditadura, o general Dutra, o ciclo de presidentes eleitos pelo voto popular e de regimes democráticos que os mesmos militares sufocariam 18 anos passados.

Após uma sequência de golpes militares e tentativas de golpe – deposição e renúncia de Vargas (1954); tentativa de impedimento da posse de JK-Jango e contragolpe militar de Lott-Denis (1955), tentativa de impedir a posse de Jango (crise da renúncia de Jânio Quadros) e golpe parlamentarista (1961) – a estratégia da preeminência militar abandona as intentonas e as irrupções, para exercer um efetivo superpoder, pairando acima dos três poderes constitucionais, regendo a República sem depender da soberania popular ou submeter-se a qualquer regramento.

Foi o largo período dos pronunciamentos militares manifestando-se sobre a vida civil e interferindo na política. Naquele então o Clube Militar era uma instância suprema, na qual os destinos do País eram decididos. Naquele então, os militares se pronunciavam sobre tudo, até sobre os índices do salário-mínimo, e podiam exigir e obter a demissão do ministro do Trabalho que ousava favorecer os interesses dos trabalhadores.

Momento dos mais significativos dessa preeminência – ou do exercício desse poder para-constitucional –, seria observado, no regime democrático, em 1954, com a ‘República do Galeão’, anunciando o que seriam os tempos da ditadura de 1964-1984.


Os fatos estão no registro da história. Em agosto de 1954, uma desastrada tentativa de assassinato de um jornalista (Carlos Lacerda) termina com a morte de seu guarda-costas, um major da aeronáutica (Rubens Vaz), da ativa, o que enseja a brigadeiros e coronéis da FAB instalarem um IPM – à revelia da Polícia Civil – e, sob o pretexto das investigações desse crime, instaurarem o que ficou batizado como a ‘República do Galeão’, em homenagem ao aeroporto carioca em cujas instalações militares os coronéis operavam, à margem da ordem legal.

E assim sem leis a observar, desconhecendo limites a obedecer, o comandante do inquérito, ou presidente dessa República auto-constituída dentro da República constitucional, tornou-se um reizinho absoluto, porque tudo podia, todas as diligências, todas as prisões, senhor que era de todas as jurisdições. Porque tinha o respaldo de seus superiores – fortalecidos em face da fragilidade crescente do governo e de seu chefe – e o aplauso da grande imprensa, que o incentivava.

Tudo queria, tudo podia e tudo alcançava porque seu objetivo, o objetivo do IPM e da ‘República’, não era apurar a morte do major guarda-costas, mas atingir, como afinal atingiria mortalmente, a honra do presidente Getúlio Vargas, alvo da mais injuriosa, da mais violenta campanha de imprensa jamais movida no Brasil contra um chefe de Estado.

A infâmia, a injúria e a difamação não conheciam limites, invadindo mesmo sua privacidade e a intimidade de sua família. Vargas, o homem, o presidente, o líder de massas era o objetivo da imprensa unanimemente hostil, a serviço da direita derrotada com sua eleição em 1950.

Destruí-lo era o desejo de uma oposição desvairada, era o projeto de militares sublevados e de setores ponderáveis da classe-média, conquistados para a razzia antivarguista pelas denúncias, jamais comprovadas, de um ‘mar de lama’ que correria pelos inexistentes porões do discreto e quase ascético Palácio do Catete.

Enterrado Vargas, empossados Café Filho (presidente), Eduardo Gomes (ministro da Aeronáutica) e Juarez Távora (ministro chefe da Casa Militar), encerraram-se os inquéritos e nem os militares, nem a imprensa, nem a antiga oposição voltam a falar em corrupção.

Em 1964, retornam os IPMs, os inquéritos comandados por coronéis, e a caça às bruxas, primeiro indiscriminadamente, em seguida de forma metódica, com alvo preciso, o ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Mas aí era um regime de exceção, uma ditadura.

Os inimigos do novo regime foram transformados, uns (pessoas e entidades, como os sindicatos) em subversivos, outros em corruptos, e porque eram inimigos do regime eram, necessariamente, aos olhos deste, subversivos ou corruptos. Antes de acusados eram condenados, pois a acusação era a justificativa da condenação prévia, e os acusados eram presos para que seus crimes fossem apurados, apurados para justificarem a condenação e a pena, já imputadas.

Juscelino era, nos primeiros anos do golpe militar, o único líder civil do regime anterior politicamente sobrevivente. Jango, Brizola e Arraes amargavam o exílio. Torna-se, assim, JK, o inimigo a ser abatido. Como não poderia ser acusado de subversivo, foi condenado como corrupto, pela imprensa e pelos militares, a imprensa repetindo o ditado dos militares, embora nada tivesse sido ou fosse apurado contra ele.

Condenado, foi chamado a depor duas ou mais vezes em inquéritos militares (pois a pena decretada era sua desmoralização pública) até que, ameaçado, temendo maiores humilhações e mesmo temendo por sua integridade física, optou pelo exílio. Os militares não falaram mais nos inquéritos abertos e a imprensa o ignorou até ser obrigada a registrar o pranto nacional em sua trágica morte.

A história não se repete, mas saltam aos olhos as semelhanças entre o ódio vítreo que se construiu contra Vargas e JK e este que a imprensa brasileira, quase em uníssono, destila, alimenta e propaga contra o ex-presidente Lula, açulando, não mais as Forças Armadas como antes, mas agora agentes policiais sem comando, procuradores sem limites e juiz na presidência de inédita jurisdição nacional.
A história não se repete. Mas o ex-presidente Lula já foi chamado a depor, na Polícia Federal, umas duas ou três vezes, e agora é intimado, com a mulher, a depor em inquérito aberto pelo Ministério Público paulista. Precisa explicar porque desistiu da compra de um tríplex em Guarujá e porque visitava um sítio em Atibaia, e porque incentivou a indústria automobilística quando o País precisava criar empregos.

Condenado sem sursis como corrupto pela imprensa – como Vargas e JK –, exposto à execração pública, decaído em seu prestígio, como agora, Lula – e eis o que se pretende – estará afastado das eleições de 2018, seja como candidato, seja como grande eleitor.

Condenação decretada, pena anunciada, procura-se uma narrativa: eis o propósito, a finalidade dos inquéritos abertos e a serem abertos. Trata-se de destruir o último grande líder popular brasileiro. E isso vale, aos olhos de seus algozes, todo e qualquer preço.

A burguesia regurgita o sapo barbudo que as massas a fizeram engolir nas últimas eleições.
A característica certamente mais exemplar de nossa história é a conciliação. De cúpula sempre (ou seja, conciliação em nome da preservação dos interesses da classe dominante), impedindo a revolução (como tal entenda-se também a simples ameaça de emergência das massas) e retardando as reformas das mais simples às mais essenciais – todas, como meras reformas, pleiteadas conforme as regras do regime que não visavam a alterar.

Em todos os momentos graves, a ruptura – ainda quando uma exigência histórica – cedeu espaço à concordata pois o essencial foi sempre a conservação dos donos do poder no poder. Da Colônia ao Império, do Império à República, e até aqui.

Mas a opção pela conciliação não impediu que nossa história fosse, desde o Primeiro Reinado, juncada de irrupções militares, às vezes quase só motins, como aqueles que precederam (preparando-a) a Independência e a sucederam (consolidando-a), até a resignação do Imperador, de malas prontas para o cerco do Porto e a revolução liberal que, depondo d. Miguel, faria D. Maria, a rainha brasileira dos portugueses, subir ao trono.

No Segundo Império a preeminência militar senta praça após a infeliz guerra ao Paraguai, quando nossas forças de terra e mar alcançam algum grau de organização e profissionalismo/profissionalização e, animadas pelas penosas vitórias nos campos de batalha, decidem exercer presença na política imperial.

Era propício o momento, com as seguidas crises dos seguidos gabinetes, as campanhas abolicionista e republicana e, no plano ideológico, o positivismo grassando na caserna e conquistando a jovem oficialidade. Assim, na formação histórica brasileira, temos duas linhas convergentes sob o fundo autoritário: a conciliação e a insurgência militar.

Mas na altura do II Reinado nada que sugerisse, nem de leve, o que seria a presença desestabilizadora dos militares na República. Se o marco inaugural foi a ‘parada militar’ do 15 de novembro, que derrubou o Império e viu a República consolidar-se com o golpe de Floriano, o ciclo se fecha com a conjuração do golpe de 1º de abril de 1964, que se afirmaria como uma ditadura de 20 anos.

Entre um polo e outro, de intentonas e sublevações seria rico o primeiro terço do século: o levante do Forte de Copacabana (1922), a insurgência paulista de Miguel Costa (1924) e a coluna Prestes (1924-1927) caracterizaram a República Velha, que morreria em 1930 com a irrupção civil-militar que passaria à história como Revolução de 30, hegemonizada pelos tenentes de 22 e 24, que comandariam as forças militares e permaneceriam no proscênio da política até a ditadura de 1964: Eduardo Gomes, Juarez Távora, Cordeiro de Farias, Ernesto Geisel...

A revolução de 1930 – que empossa Getúlio Vargas –, transforma-se na ditadura do Estado Novo em 1937, após sufocar um putsch integralista (1932) e um levante de militares comunistas comandados por Luís Carlos Prestes (1935). Os mesmos generais responsáveis pelo golpe de 1937 (à frente de todos os generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra) agora se levantam contra Vargas, e abrem caminho (1945) para a restauração democrática.

Inicia-se com um general, o ex-ministro da Guerra da ditadura, o general Dutra, o ciclo de presidentes eleitos pelo voto popular e de regimes democráticos que os mesmos militares sufocariam 18 anos passados.

Após uma sequência de golpes militares e tentativas de golpe – deposição e renúncia de Vargas (1954); tentativa de impedimento da posse de JK-Jango e contragolpe militar de Lott-Denis (1955), tentativa de impedir a posse de Jango (crise da renúncia de Jânio Quadros) e golpe parlamentarista (1961) – a estratégia da preeminência militar abandona as intentonas e as irrupções, para exercer um efetivo superpoder, pairando acima dos três poderes constitucionais, regendo a República sem depender da soberania popular ou submeter-se a qualquer regramento.

Foi o largo período dos pronunciamentos militares manifestando-se sobre a vida civil e interferindo na política. Naquele então o Clube Militar era uma instância suprema, na qual os destinos do País eram decididos. Naquele então, os militares se pronunciavam sobre tudo, até sobre os índices do salário-mínimo, e podiam exigir e obter a demissão do ministro do Trabalho que ousava favorecer os interesses dos trabalhadores.

Momento dos mais significativos dessa preeminência – ou do exercício desse poder para-constitucional –, seria observado, no regime democrático, em 1954, com a ‘República do Galeão’, anunciando o que seriam os tempos da ditadura de 1964-1984.

Os fatos estão no registro da história. Em agosto de 1954, uma desastrada tentativa de assassinato de um jornalista (Carlos Lacerda) termina com a morte de seu guarda-costas, um major da aeronáutica (Rubens Vaz), da ativa, o que enseja a brigadeiros e coronéis da FAB instalarem um IPM – à revelia da Polícia Civil – e, sob o pretexto das investigações desse crime, instaurarem o que ficou batizado como a ‘República do Galeão’, em homenagem ao aeroporto carioca em cujas instalações militares os coronéis operavam, à margem da ordem legal.

E assim sem leis a observar, desconhecendo limites a obedecer, o comandante do inquérito, ou presidente dessa República auto-constituída dentro da República constitucional, tornou-se um reizinho absoluto, porque tudo podia, todas as diligências, todas as prisões, senhor que era de todas as jurisdições. Porque tinha o respaldo de seus superiores – fortalecidos em face da fragilidade crescente do governo e de seu chefe – e o aplauso da grande imprensa, que o incentivava.

Tudo queria, tudo podia e tudo alcançava porque seu objetivo, o objetivo do IPM e da ‘República’, não era apurar a morte do major guarda-costas, mas atingir, como afinal atingiria mortalmente, a honra do presidente Getúlio Vargas, alvo da mais injuriosa, da mais violenta campanha de imprensa jamais movida no Brasil contra um chefe de Estado.

A infâmia, a injúria e a difamação não conheciam limites, invadindo mesmo sua privacidade e a intimidade de sua família. Vargas, o homem, o presidente, o líder de massas era o objetivo da imprensa unanimemente hostil, a serviço da direita derrotada com sua eleição em 1950.

Destruí-lo era o desejo de uma oposição desvairada, era o projeto de militares sublevados e de setores ponderáveis da classe-média, conquistados para a razzia antivarguista pelas denúncias, jamais comprovadas, de um ‘mar de lama’ que correria pelos inexistentes porões do discreto e quase ascético Palácio do Catete.

Enterrado Vargas, empossados Café Filho (presidente), Eduardo Gomes (ministro da Aeronáutica) e Juarez Távora (ministro chefe da Casa Militar), encerraram-se os inquéritos e nem os militares, nem a imprensa, nem a antiga oposição voltam a falar em corrupção.

Em 1964, retornam os IPMs, os inquéritos comandados por coronéis, e a caça às bruxas, primeiro indiscriminadamente, em seguida de forma metódica, com alvo preciso, o ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Mas aí era um regime de exceção, uma ditadura.

Os inimigos do novo regime foram transformados, uns (pessoas e entidades, como os sindicatos) em subversivos, outros em corruptos, e porque eram inimigos do regime eram, necessariamente, aos olhos deste, subversivos ou corruptos. Antes de acusados eram condenados, pois a acusação era a justificativa da condenação prévia, e os acusados eram presos para que seus crimes fossem apurados, apurados para justificarem a condenação e a pena, já imputadas.

Juscelino era, nos primeiros anos do golpe militar, o único líder civil do regime anterior politicamente sobrevivente. Jango, Brizola e Arraes amargavam o exílio. Torna-se, assim, JK, o inimigo a ser abatido. Como não poderia ser acusado de subversivo, foi condenado como corrupto, pela imprensa e pelos militares, a imprensa repetindo o ditado dos militares, embora nada tivesse sido ou fosse apurado contra ele.
Condenado, foi chamado a depor duas ou mais vezes em inquéritos militares (pois a pena decretada era sua desmoralização pública) até que, ameaçado, temendo maiores humilhações e mesmo temendo por sua integridade física, optou pelo exílio. Os militares não falaram mais nos inquéritos abertos e a imprensa o ignorou até ser obrigada a registrar o pranto nacional em sua trágica morte.

A história não se repete, mas saltam aos olhos as semelhanças entre o ódio vítreo que se construiu contra Vargas e JK e este que a imprensa brasileira, quase em uníssono, destila, alimenta e propaga contra o ex-presidente Lula, açulando, não mais as Forças Armadas como antes, mas agora agentes policiais sem comando, procuradores sem limites e juiz na presidência de inédita jurisdição nacional.

A história não se repete. Mas o ex-presidente Lula já foi chamado a depor, na Polícia Federal, umas duas ou três vezes, e agora é intimado, com a mulher, a depor em inquérito aberto pelo Ministério Público paulista. Precisa explicar porque desistiu da compra de um tríplex em Guarujá e porque visitava um sítio em Atibaia, e porque incentivou a indústria automobilística quando o País precisava criar empregos.

Condenado sem sursis como corrupto pela imprensa – como Vargas e JK –, exposto à execração pública, decaído em seu prestígio, como agora, Lula – e eis o que se pretende – estará afastado das eleições de 2018, seja como candidato, seja como grande eleitor.

Condenação decretada, pena anunciada, procura-se uma narrativa: eis o propósito, a finalidade dos inquéritos abertos e a serem abertos. Trata-se de destruir o último grande líder popular brasileiro. E isso vale, aos olhos de seus algozes, todo e qualquer preço.

A burguesia regurgita o sapo barbudo que as massas a fizeram engolir nas últimas eleições.



Roberto Amaral -  Cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004





http://www.brasil247.com/pt/colunistas/robertoamaral/216702/Destruir-o-%C3%BAltimo-l%C3%ADder-popular-a-qualquer-pre%C3%A7o.htm

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

POR QUE DIRCEU ESTÁ PRESO?


Por Carlos Henrique Machado Freitas

Mil vezes espetaculada, a prisão de Zé Dirceu, ainda não foi explicada. É certo que as quatro famílias que controlam a grande mídia, seguraram as mãos de Dirceu para que pudesse apanhar de quem quer que fosse sem dar a ele direito algum de defesa. Mas Dirceu, de maneira astuta, conseguiu romper essa barreira e se colocou estrategicamente diante de uma câmera e de seu algoz. 

Bastou isso para toda a farsa de sua prisão se derreter como picolé no asfalto em brasa. Moro, ficou simplesmente nú, inclusive quando Dirceu pergunta a ele qual o real motivo de sua prisão. Moro balbuciou algumas palavras atrofiantes, que mais desorientaram as pessoas sobre o real motivo da prisão de Dirceu. Um juiz não pode estar no alto de uma torre, comandando prisões, porque não tem competência técnica e política para dar sua sentença sobre concepções profissionais sem ter a mínima noção do que seja. 

Por mais aureolado de heroísmo, o que permite um juiz avantajar-se diante de um réu numa condenação em que, na "cadeia de provas", o elo final não reata com o elo inicial? Pois sim, esse elo está perdido em manchetes escandalosas que repetem diuturnamente que Dirceu é corrupto, chefe de quadrilha e etc., de forma absolutamente vaga. São estas as diretrizes que a justiça, em plena democracia, tem que seguir diante de um histórico desafeto de uma mídia que foi parte do golpe militar e que mergulhou de cabeça em apoio a todo tipo de barbaridades, torturas, assassinatos? 

Os barões da mídia são inimigos históricos de Zé Dirceu. E é dessa gente que a classe média se abastece de informação. É essa mesma mídia que, até hoje, provoca entusiasmo na extrema direita, com os olhos saudosos da ditadura. Porque uma coisa tem que ficar clara, a mídia brasileira apoiou a ditadura, inclusive, fazendo parte de um laboratório humano das piores torturas. 

É disso que estamos falando. Nem o termo "filhote da ditadura", como gostava de tratorar Brizola em debates com políticos que se fizeram na ditadura, cabe a nossa mídia. O império dos Marinhos foi criado para servir à ditadura; para ser seu assento central. E onde estava Dirceu? Do outro lado. 

Por que a mídia não diz que tanto na farsa do mensalão quanto a da lava jato, sua vida foi devassada, virada do avesso, e não se encontrou um telefonema sequer ou algo que consolidasse as acusações de recebimento de propina? Nada! 

Nós assistimos recentemente a Agripino Maia, no fantástico, em parceria com um agiota, extorquindo um empresário para receber doação de campanha, sem falar da esbórnia da relação entre a Veja, Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres em inúmeras gravações telefônicas, ou seja, sabemos perfeitamente bem o que é e não é prova; o que é justiça; o que é perseguição e o que é impunidade, tanto que Demóstenes, Cachoeira, Agripino, Policarpo da Veja, estão aí livres, leves e soltos, brincando o carnaval. 

E Demóstenes ainda voltou à condição de promotor do estado de Goiás, concedida por Gilmar Mendes, o mesmo que condenou Dirceu no Mensalão, sem qualquer prova, com aquela fuleragem caricata de Joaquim Barbosa de "teoria do domínio do fato", que copiou dos blogueiros da Veja junto com Britto e cia.  

Então, no âmago da prisão de Dirceu, só encontramos uma justificativa, injustiça, rancor, ódio e vingança da extrema direita. A prisão de Dirceu foi explorada ao extremo por quem foi determinante nesse subterrâneo político que foi parte dos porões da ditadura, a mídia, e que, no Brasil, parece não ter fim. 

É disso que estamos falando.

O nosso carnaval e a guerra deles



Por Fábio de Oliveira Ribeiro
 
Duas notícias na imprensa me chamaram a atenção neste carnaval.

A primeira diz respeito ao Brasil, país cujo carnaval não foi interrompido pela Zika - Brazil in full carnival swing despite spread of Zika virus. Deve ser difícil para um europeu entender a mentalidade dos brasileiros. Nada, nem mesmo uma epidemia, é capaz de interromper nossa alegria carnavalesca. Foi assim no século XIX, quando as capitais do país sofriam com as epidemias de cólera. É assim no presente, apesar da Zika estar derrubando muita gente.

A segunda notícia diz respeito à própria Inglaterra - War games in Middle East could prepare UK for ‘potential’ Russian war with NATO – report. É difícil para os brasileiros entender os europeus em geral e os ingleses em particular. Nada, nem mesmo a possibilidade de uma guerra termonuclear, é capaz de interromper a sede de sangue dos governantes do primeiro mundo. Foi assim no início do século XX, quando dois períodos de paz armada precederam duas guerras mundiais medonhas. É assim no presente, apesar da inevitabilidade da destruição total dos membros da OTAN em caso de guerra contra a Rússia.

O que nos distingue dos europeus, o carnaval, talvez seja a nossa maior virtude. Enquanto eles cogitam guerras nós sambamos despreocupados. A vida é curta demais para ser curtida na irracionalidade do ódio e da belicosidade. Eles marcham, nós fazemos marchinhas. Eles morrem, nós sobrevivemos. O Brasil nunca chegou a ser uma potência militar. Como impotência militante o país ri de si mesmo e segue em frente. Deve ter sido por isto que a I e II Guerra Mundiais não foram capazes de interromper nosso carnaval.

Nós celebramos o carnaval e exportamos alimentos e minérios. Membros da OTAN como a Inglaterra preferem manter uma perigosa paz armada para seguir exportando armamentos. Se pudéssemos exportar felicidade, os ingleses conseguiriam entender porque nada é capaz de interromper nosso carnaval. Se nós importarmos mais armas europeias não seremos menos felizes. O que nos distingue dos europeus em geral e dos ingleses em especial não é a nossa maior habilidade para a felicidade e sim nossa maior resistência à dor.

Resistir à dor. É exatamente isto o que nós fazemos no carnaval. A festa anual consegue nos imunizar contra tudo, até mesmo contra o medo da epidemia de Zika e contra a guerra muito desejada pelos europeus. Não sei exatamente quem inventou o Brasil e o carnaval. Mas estas foram sem dúvida as duas mais brilhantes invenções da humanidade.

Infelizmente não podemos exportar o que é nos distingue dos outros povos. Aqueles que quiserem provar a nossa humanidade terão que deixar seus próprios países desumanos e nos visitar durante o carnaval.

 http://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/o-nosso-carnaval-e-a-guerra-deles-por-fabio-de-oliveira-ribeiro#.Vrm-POEOtaI.facebook

A MENSAGEM AGUERRIDA DE ZÉ DIRCEU AOS PETISTAS NO SEU DEPOIMENTO A MORO.



Dirceu sacudiu a cabeça da direita e o coração dos petistas com seu depoimento a Moro, incluindo o próprio juiz que se viu atordoado com a clareza e firmeza de um Zé Dirceu, o qual a mídia tinha anunciado como morto, falido e sem condições de oferecer qualquer reação ou resistência. 


O gagueiro juiz se viu diante de um consultor técnico, mas, sobretudo político, que sabe tanto de sua função nessas duas dimensões que a espessura de seu depoimento a Moro foi ganhando robustez, sem bater de frente com o juiz para, diante da câmera que o filmava, a seu pedido, mandar um recado à militância petista para jamais se entregar ao desânimo, porque ele próprio não se entregou. 

Dirceu mostrou, aliás disse isso claramente, que se mantém atualizadíssimo sobre o ambiente político brasileiro. Por isso, o tonto e azoado juiz, Moro, ficou inerte enquanto Dirceu crescia em seu depoimento, afirmando sua história e determinando o tamanho do juiz e o seu tamanho diante da história da democracia brasileira. Ao desmentir a mídia, mais uma vez, Dirceu, numa atitude altruísta, mostrou-se muito mais preocupado com o PT e com Lula do que consigo. 

Atitude dos grandes homens. Com isso, provocou o que queria nos instintos dos petistas que fizeram da luta de classe do maior partido deste país, uma imensa transformação social nunca vista não só no Brasil, mas no mundo, em apenas 13 anos, tirando 40 milhões de brasileiros da miséria absoluta, sem falar nos inúmeros programas sociais que mexeram com as placas tectônicas deste país . 

O que é a cadeia pra Dirceu? Do ponto de vista político, nada. Ilude-se mais uma vez o inimigo de Dirceu que o imaginou desarmado, perdido numa cela claustrofóbica. Nada, Dirceu é pau-pereira, é madeira que cupim não roi e, mais uma vez, a serviço do país, defendeu como poucos petistas seu orgulho do PT e de Lula. 

Com isso, Dirceu deu nutrientes fundamentais ao organismo do PT, para que a militância jamais se entregue como um peru de natal ao banquete das oligarquias, representadas principalmente, pela mídia, pelo judiciário, fantoches do PSDB.

#LulaEuConfio








domingo, 7 de fevereiro de 2016

Destruir o Lula para se reapropriarem do Brasil


EMIR SADER
Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros.


A direita sempre dirigiu o Brasil, que considerou como seu. Quando houve risco de perder o controle sobre o país, ela apelou para todas as suas armas - golpe, ditadura, massacre midiático - para destruir reputações.

Levaram Getúlio ao suicídio logo depois da criação da Petrobras. Tentaram impedir que JK fosse eleito, que tomasse posse e que governasse. Tentaram impedir que Jango tomasse posse na renúncia do Jânio, terminaram derrubando-o e destruindo a democracia para se reapropriar plenamente do Brasil. Sempre com o apoio ativo das empresas da mídia, das famílias Mesquita, Frias, Marinho.

Quando era insustentável continuar com a ditadura, bloquearam a possibilidade de o povo eleger democraticamente o presidente pelo voto direto, impuseram o Colégio Eleitoral e terminaram elegendo seu candidato a presidente da República. Quando havia o risco de Lula ou Brizola se elegerem pelo voto popular, promoveram o fantoche do Collor para salvá-los.

Fizeram de FHC a salvação contra Lula, até onde puderam, mas o fracasso do governo tucano fez com que perdessem o controle do país. Imediatamente começaram a campanha para derrubar Lula, pensaram em impeachment, mas tiveram medo da reação popular e quiseram asfixiá-lo no Congresso e derrotá-lo nas eleições de 2006.

Perderam, mais uma vez, mas seguiram com o intuito de recuperar o governo, nas eleições de 2010, com Serra, e na de 2014, com Aécio e Marina. Derrotados, tentaram impedir o governo de Dilma e agora buscam destruir a imagem de Lula para se reapropriarem do Brasil.

Tem que fazer como fizeram com a democracia em 1964: desqualificá-la, dizer que era a ante-sala do comunismo, que era uma cobertura para a corrupção, que era o oposto da democracia, para aí promover a derrubada da democracia e a instauração da pior ditadura que o Brasil já viveu.

Agora tratam de dizer que Lula, ao invés de ter sido o presidente que mais consolidou e promoveu a democracia no Brasil, é um risco para a democracia. Que sua popularidade serviu como cobertura para negócios ilícitos que ele teria feito. Que destruir sua imagem seria um serviço para a democracia, que estaria em boas mãos nas mãos dos que a destruíram com a ditadura instaurada em 1964.

A direita usa todos os seus meios para tentar destruir a imagem de Lula diante dos brasileiros, sem o que não conseguiriam destruí-lo como liderança política e como grande obstáculo que impede que eles voltem a se apropriar do governo e do Estado. Daí a sórdida campanha levada a cabo pelas famílias Frias, Marinho, Mesquita, Civita e suas empresas falidas, que lutam pela sua própria sobrevivência econômica.

Colocam em prática o lema de Goebells de que "Mente, mente, mente, que sempre algo fica", sempre fica uma suspeita, menos se nada é provado. Precisam tirar a imagem do Lula de mais popular e mais democrático presidente que o Brasil já teve e que, por isso, se perfila como o favorito para voltar a ser presidente do Brasil, para que de novo o Brasil possa ser propriedade deles.

 http://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/216260/Destruir-o-Lula-para-se-reapropriarem-do-Brasil.htm

Nota de reflexão

Sou petista, filiado, militante, com posições políticas públicas, crítico ao atual governo como todos acompanham tanto aqui pelo facebook, Twitter ou em reuniões e conversas que sou convidado. Sou ideologicamente opositor ao modelo que Rodrigo Rollemberg tenta implementar na cidade, mas, nada disso é motivo para aplaudir a agressiva vaia que o governador recebeu durante o velório do Policial Militar Renato Fernandes da Silva. Respeito a raiva e a insatisfação dos servidores da Polícia Militar e acima de tudo respeito sua manifestação pública, mas, não aplaudo, não comemoro e não torço por este descontrole, os policiais manifestaram sua indignação e podem fazê-lo por viverem na pele o ambiente de insegurança da cidade e a resposta frágil do Estado. Qualquer pessoa fora desse contexto que se utilize politicamente dessa manifestação para aplaudir e acirrar mais ainda os ânimos torce pelo caos, nesse caminho perigoso do conflito social e animosidade entre as relações não chegaremos a mudar a realidade crítica de nossa cidade!

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Frente Brasil Popular fará ato em defesa de Lula


6 de Fevereiro de 2016 às 07:18

SP 247 - A Frente Brasil Popular, que reúne mais de 60 entidades, fez nota de solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem sendo alvo de intenso ataque pela grande imprensa e por setores conservadores sobre um apartamento triplex no Condomínio Solaris, pertencente à construtora OAS.

Os  movimentos social e sindical e partidos de esquerda preparam ato de em apoio a Lula, no próximo dia 17, na cidade de São Paulo, data em que Lula e a esposa, Maria Letícia Lula da Silva, irão depor ao Ministério Público (MP) paulista.

Confira a íntegra da nota de solidariedade da Frente:

"Somos solidários a Lula!

Com o mote "Lula eu defendo, Lula eu respeito!", a Frente Brasil Popular em São Paulo, que congrega diferentes movimentos social e sindical e os partidos políticos PT, PCdoB e PDT, repudia a forma seletiva como vêm sendo conduzidas as investigações da Operação da Lavo Jato.

Da mesma maneira, repudia a forma criminosa e manipuladora com que a mídia tradicional cobre e transmite as versões dos fatos, tendo como principal interesse atingir a imagem e a honra do ex-presidente Lula, figura emblemática na história política do Brasil.

O ex-presidente representa a história de luta dos movimentos social e sindical e dos partidos políticos de esquerda. Todos nos sentimos atingidos com os constantes ataques feitos a Lula.

A Frente Brasil Popular em São Paulo não aceitará a postura golpista e antidemocrática que tanto setores do poder Judiciário como a grande mídia tentam impor ao povo brasileiro.

Por isso, convocamos a todos e todas para um Ato em Defesa do ex-presidente Lula, no dia 17 de fevereiro de 2016, a partir das 10 horas, no Fórum Criminal da Barra Funda, na Avenida Doutor Abrahão Ribeiro, 313, no centro da capital paulista.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Texto do jornalista Ernesto Marques sobre José Dirceu




ZÉ DIRCEU NÃO É GENTE DESTE MUNDO 
(Ernesto Marques, jornalista) 

Há muito tempo digo que Zé Dirceu não é gente deste mundo. Basta olhar a expressão dele aos vinte e poucos anos, preso numa Veraneio daquelas que a PF usava pra ver que uma pessoa normal não manteria aquele olhar blasé, como quem vai de carona ao teatro. Por acaso é um ser normal, um sujeito que lidera uma passeata com 100 mil pessoas em plena ditadura, sem sequer um velho megafone?
É gente deste mundo um cara entre os mais procurados pelo regime militar, que entra e sai do país com passaporte falso para organizar a resistência contra os golpistas? Não parece coisa de cinema, o sujeito fazer plástica para não ser reconhecido, voltar ao seu país com identidade falsa, casar sem envolver sua companheira nos riscos da atividade política e ter uma vida clandestina em paralelo?
É gente deste mundo um sujeito genial, como muitos da geração de 1968, em vez de fazer inflexões ao centro ou mesmo à direita e se manter no mesmo campo para fundar um partido operário e manter-se na luta, trocando as armas pela institucionalidade?
É gente deste mundo um cara com méritos para ocupar, na política, espaços que foram ocupados por gente como José Serra, Aloízio Nunes Ferreira e tantos outros convertidos, e prefere estar ao lado de um peão ainda bruto e falando errado?
É gente deste mundo um gênio da política como ele é – nem seus mais severos detratores podem negar sua genialidade –  saber-se segundo e conduzir o metalúrgico nordestino, como o primeiro dos nossos a chegar à Presidência da República?
Não. Definitivamente, Zé Dirceu não é gente deste mundo. Eu já o odiei várias vezes e tive minhas razões para isso. Xinguei a sua última geração quando ele orquestrou a abertura do capital das empresas de comunicação para o capital internacional. Vociferei quando ele saiu de seus cuidados em Brasília para impedir a eleição de Jandira Feghali para o Senado, pelo Rio de Janeiro e fazer Francisco Dornelles senador, para vingar-se da altivez da deputada comunista quando da votação da reforma da Previdência.
E, claro, sempre creditei a ele, principalmente, tudo que amargamos por conta da política de alianças que nos levou a vitórias eleitorais e a essa tal “governabilidade”. Continuo achando que ele errou muito feio.  Entre outras consequências, salvou os oligopólios midiáticos que hoje expõem suas vísceras para as bicadas de corvos, urubus e tucanos. Mas quem não comete erros?
Devo reconhecer que em contraponto aos tantos erros dos governos petistas, sobejam acertos indelevelmente inscritos na História. Os mais de 40 milhões de pessoas resgatados da miséria, a criação do mercado interno que nos livrou das consequências da crise internacional que devastou economias mundo afora, a criação de oportunidades para milhões de jovens sem qualquer perspectiva num governo ‘austerocrata” tucano... sem falar nas repercussões dos acertos petistas por quase todo o hemisfério sul. Em tudo isso tem o dedo desse cara.
Definitivamente, José Dirceu de Oliveira não é gente deste mundo. Gente deste mundo, como eu e provavelmente você, depois da morte fica na lembrança apenas das pessoas mais próximas e queridas. Ele já está eternizado pela História, ainda em vida. Gente como Zé Dirceu pode amargar uns tantos anos de cadeia na juventude e na velhice, seja pelo tacão de um ditador, seja pela caneta de um juiz de primeira instância. Mas ao fim e ao cabo, só quem julga gente como José Dirceu de Oliveira é a História.

#OMeninoEoMundoNoOscar


Presidenta Dilma assistiu para na noite de 2/2 (terça-feira) a animação brasileira dirigida por Alê Abreu, indicada ao Oscar, O Menino e o Mundo.



Dilma e o rapper Emicida, que criou a canção “Aos olhos de uma criança” para O Menino e o Mundo, primeiro filme brasileiro (e latino-americano!) a ser indicado ao Oscar de melhor animação. Ao lado do diretor Alê Abreu, a presidenta assistiu hoje (2) ao longa, no Palácio da Alvorada. “Foi um prazer assistir à cor, à textura, à música e à poesia de O menino e o mundo. Lindo!”

 #‎OMeninoEoMundoNoOscar‬

Berzoini: 'CPMF não é um fetiche nosso'



Ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que a CPMF ainda é um tema a ser construído com os congressistas e minimizou as vaias da oposição ao discurso da presidente Dilma Rousseff na abertura do ano legislativo: "Isso [as vaias] já era esperado, nós temos um percentual grande da oposição aqui"; "A CPMF não é um fetiche nosso, é a melhor alternativa que temos. Se alguém tiver uma proposta melhor, que apresente"; disse; ele argumenta que a volta do imposto não pressiona a inflação e que a proposta de compartilhar o valor arrecadado com governadores e prefeitos tem sido bem recebida

3 de Fevereiro de 2016 às 06:08


247 – O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, minimizou as vaias da oposição ao discurso da presidente Dilma Rousseff na abertura do ano legislativo, ocorridas no momento em que ela defendeu a recriação da CPMF. "Isso [as vaias] já era esperado, nós temos um percentual grande da oposição aqui", disse. "A CPMF não é um fetiche nosso, é a melhor alternativa que temos", alegou, em entrevista ao Valor.

Berzoini argumentou que a CPMF ainda é um tema a ser construído com os congressistas. E desafiou: "Se alguém tiver uma proposta melhor, que apresente". Ele argumenta que a CPMF não pressiona a inflação e que a proposta de compartilhar o arrecadado com o imposto com governadores e prefeitos tem sido bem recebida.

Ontem, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disse acreditar que o governo conseguirá aprovar a proposta de recriação do imposto. “A gente sabe que tem oposição, mas nossa base é maior”, acrescentou. “Vão aprovar. Minha posição é essa” (leia aqui).

Sindicato dos bancários: 'Bancoop é usada para fazer disputa política'




"Investigada por duas CPIs, nenhum desvio foi encontrado, mas Bancoop é novamente utilizada em ano eleitoral para fazer disputa política", diz em nota a entidade paulista presidida por Juvandia Moreira Leite; sindicato acusou o promotor José Carlos Blat, do MP de São Paulo, de fazer denúncias sem efetivar inquérito no qual a cooperativa tivesse oportunidade de apresentar defesa; nota ressalta ainda que a cooperativa existe desde 1996 e já entregou 5.698 imóveis aos cooperados
2 de Fevereiro de 2016 às 18:20


SP 247 - O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo divulgou nota à imprensa em que defende as atividades da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), alvo de investigações da 22ª fase da operação Lava Jato, denominada Triplo X.

Segundo o sindicato, a Bancoop existe desde 1996 e já entregou 5.698 imóveis aos cooperados. "Investigada por duas CPIs, nenhum desvio foi encontrado, mas Bancoop é novamente utilizada em ano eleitoral para fazer disputa política", diz a entidade.

Em outro trecho da nota, o Sindicato dos Bancários afirma que a partir de 2007, o promotor José Carlos Blat, do MP de São Paulo, faz denúncias contra a Bancoop por cerca de um ano via imprensa, sem efetivar inquérito no qual a cooperativa tivesse oportunidade de apresentar defesa.

"Mesmo infundadas, essas denúncias divulgadas pela mídia assustaram cooperados que desistiram de pagar, abalando a estrutura da cooperativa. Quando o processo foi instalado e pode enfim se defender, a Bancoop apontou 593 erros do promotor, que estão sendo questionados judicialmente", afirma.
Leia na íntegra a nota do Sindicato dos Bancários:
"A Bancoop foi criada em 1996 por militantes bancários, com apoio do Sindicato e o objetivo de possibilitar aos trabalhadores realizar o sonho da casa própria. Como cooperativa, não visava o lucro e conseguia construir empreendimentos de qualidade a preço de custo. Atualmente, 5.698 famílias vivem em casas ou apartamentos feitos pela Bancoop.

A partir de dezembro de 2004, com a morte de Luiz Malheiro, presidente da cooperativa desde sua fundação, e integrantes do departamento financeiro, num acidente de carro, assume uma nova diretoria que tem de fazer uma reorganização administrativa na Bancoop. De acordo com o formato de cooperativa, qualquer eventual diferença entre o custo estimado do imóvel e o efetivamente gasto seria rateada entre os cooperados. A recusa em aceitar esse rateio em alguns casos gerou um déficit que acabou por dificultar a conclusão de algumas unidades.

A situação foi agravada pela guerra política travada em torno da Bancoop, principalmente em anos eleitorais. Muito se diz, sem nada ser comprovado. A cooperativa passou por duas CPIs (na Assembleia Legislativa e no Senado) e nenhum desvio foi constatado. Um procedimento no Ministério Público foi arquivado por falta de provas.

A partir de 2007, o promotor José Carlos Blat, do MP de São Paulo, faz denúncias contra a Bancoop por cerca de um ano via imprensa, sem efetivar inquérito no qual a cooperativa tivesse oportunidade de apresentar defesa. Mesmo infundadas, essas denúncias divulgadas pela mídia assustaram cooperados que desistiram de pagar, abalando a estrutura da cooperativa.

Quando o processo foi instalado e pode enfim se defender, a Bancoop apontou 593 erros do promotor, que estão sendo questionados judicialmente. Dentre eles, o pilar da denúncia: um suposto cheque de R$ 38 milhões que, na verdade, era de R$ 38 mil. Uma das muitas inconsistências apontadas pela Bancoop, que sempre deu todas as explicações solicitadas pela Justiça (confira também no www.bancoop.com.br).

Dados – Em assembleia com bancários e por solicitação dos trabalhadores, o Sindicato se comprometeu a acompanhar a situação e a solução dos problemas. Em 2005, havia 14 empreendimentos para serem concluídos e atualmente são três. No total, 25 foram entregues.
A partir da deliberação dos cooperados, em assembleias homologadas pela Justiça, construtoras passaram a trabalhar para finalizar os empreendimentos. Os acordos que levaram às transferências desses empreendimentos para as construtoras (são quatro empresas) ocorreram a pedido dos próprios cooperados: sem um mínimo de 90% de adesões, os acordos não eram concretizados.

Parte dos que desistiram de empreendimentos passados a outras construtoras tiveram restituído os valores pagos, faltam 173. Além das 5.698 moradias entregues, outras 644 foram concluídas via acordos de transferência de empreendimentos aprovados em assembleias pelos cooperados.

O apartamento de Lula e a Bancoop - A mais recente denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva refere-se a um apartamento adquirido por sua esposa, D. Marisa, num empreendimento da Bancoop no Guarujá. Como outros tantos trabalhadores, Lula e sua família queriam ter um espaço na praia para descansar, mas desistiram diante do assédio da imprensa e, como outros cooperados, aguardam para receber de volta o montante empenhado.

Para quem governou o Brasil por 500 anos achando que trabalhador tem de ser explorado, esperando crescer um tal bolo que nunca seria dividido, Lula incomoda e muito. Foi o presidente que mais distribuiu renda, tirou o Brasil do mapa da fome, fortaleceu a economia e o mercado interno, feitos reconhecidos internacionalmente.

Os jornais estão travando uma disputa política que tem por único objetivo evitar que Lula seja candidato em 2018. Nós, do Sindicato, repudiamos a falta de compromisso da imprensa tradicional com a verdade e queremos que a disputa seja travada nas urnas, único espaço onde deve ser julgado o projeto político que governa o Brasil desde 2003.

Repudiamos um jogo sujo que atinge empresas, nomes, reputações, famílias inteiras e paralisa o país. Não por acaso, a maior parte dos atingidos representa a luta dos trabalhadores por mais direitos nesse Brasil tão desigual. É o caso do presidente da CUT, Vagner Freitas. O Sindicato repudia também esse ataque (leia mais aqui).

O Lula real e o espectro Lula



Do RS URGENTE
Por Flavio Aguiar, de Berlim

Dizem os psicanalistas que as nossas fantasias são sempre mais intensas do que a realidade, sobretudo quando são para o pior.

Hoje no Brasil se vê a demonstração desta tese.

A velha mídia, o promotor açodado de S. Paulo, o Supremo Tribunal do Paraná, que às vezes parece mais poderoso do que o STF de Brasília, todos lidam com um espectro que fabricam e ao mesmo tempo são vítimas dele: o espectro Lula, um horrível monstro, pior que Godzilla, Drácula e Darth Vader todos juntos, que suga a seiva do Brasil. Bom, é verdade que este monstro suga esta seiva para dar-se ao luxo de navegar em barquinhos de alumínio e descansar (?) em apartamentos que não comprou nem de que desfruta. Mas não importa: eles vão em frente, para impressionar a parte crendeira da classe média, aquela propensa a acreditar que estamos mergulhados num mar de lama como nunca houve no país, assim como acredita que PSDB, DEM, o PMDB da direita são mosteiros de probidade, onde Cunha é o Pai, Aécio é o Filho e os juízes e os promotores assanhados são os Espíritos Santos.

O espectro Lula é terrível: imbatível nas urnas, tem que ser abatido nos tapetões do Judiciário, através do “Golpe Paraguaio”, que na verdade deveria ser chamado de “Golpe de Miami”, já que quem inventou isto de substituir os tanques nas ruas pelos juízos `a socapa nos tribunais foi a eleição trucada de Bush Filho na Flórida em 2000.

O espectro Lula ameaça a paz dos cemitérios que a direita brasileira sonha ser o Brasil. Não só a direita brasileira: os porta-vozes da City Londrina e de Wall Street também são assombrados pelo espectro. Porque o Brasil é um porão (assim eles o veem) imenso, que, vindo à superfície, vai destruir os alicerces da Casa Grande que é o mundo financeiro internacional e seu primado sobre corações e mentes – não só na América Latina, mas na Europa e no resto do mundo, do Oiapoque ao Vulcão Fuji, de Vladivostok a Ushuaia.

Mas por detrás, ou à frente do espectro Lula, existe um personagem real, chamado Luis Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil e talvez (sei lá, o futuro a Deus pertence) futuro presidente também. É um personagem extraordinário, ou seja, uma figura humana como qualquer outra, que pode ter defeitos assim como tem qualidades. Mas que liderou uma das maiores transformações sociais do seu país e do mundo, ao mudar o patamar de vida de mais de sessenta milhões de pessoas em meia América do Sul, transformando sua terra num global player que agora não pode mais ser jogado para baixo do tapete, embora haja gente e mais gente desejosa de que isto acontecesse. Dentro e fora do Brasil.

Prova disto é que enquanto se tramavam as farsas ridículas das acusações sobre o apartamento no Guarujá e o barquinho no sítio em Atibaia, o Prêmio Nobel da Paz Kailash Sathyarthi, reconhecido pelo combate à exploração do trabalho infantil, convidada este Lula, que a caterva crápula do Brasil acha que deve cuspir em cima, para integrar associação mundial contra aquela atividade criminosa, por ser ele uma referencia mundial em matéria de temas e iniciativas sociais.

Prova disto é que sou testemunha do respeito com que Lula é recebido aqui na Alemanha. Em dezembro acompanhei-o em sua visita à sede do SPD e depois da Fundação Friedrich Ehbert, em Berlim, quando foi recebido pelo vice-chanceler Sigmar Gabriel e o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e por mais uma enorme comitiva de representantes dos partidos social-democratas europeus, além dos jornalistas, com os tapetes vermelhos do reconhecimento e admiração.

A verdade é que o Brasil teve, até o momento, entre muita gente boa, três mandatários fundadores ou refundadores do país e de seu papel no mundo. O primeiro foi D. Pedro II. O pai, Pedro I, deu o brado do Ipiranga, outorgou uma Constituição de cima para baixo, embora os reacionários senhores de terra fossem contra, mas foi só, além de ter um dos casos amorosos mais espetaculares da nossa história política. Já o filho, Pedro II, consolidou o país (e olhem, leitor@s, que se eu vivesse em 1840, estaria combatendo contra ele, ao lado dos republicanos farroupilhas anti-escravistas, como o Coronel Teixeira Nunes e o General Netto…) e foi dos mandatários nacionais de mais alto reconhecimento internacional. Escorraçado do país pelo golpe republicano, ao morrer, foi declarado por editorial do NY Times ser “o mais republicano dos imperadores”…

O segundo foi Vargas que, como toda a carga autoritária de seu governo, introduziu a legislação trabalhista que nada tem de fascista e muito de positivista e de Bismarck, negociou de igual para igual com Roosevelt, fundou a Petrobras que hoje querem de novo destruir, e deixou a vida para entrar na história, neutralizando com seu sacrifício o golpe de estado contra o povo brasileiro.
O terceiro, para desespero de certo professor de Sociologia, é Lula, o real, não o espectro, que projetou Brasil como liderança do Terceiro Mundo, abriu caminho para a negociação bem sucedida com Irã e liderou esta marcha de ascensão social digna de um filme de Cecil B. de Mille dos anos 50 ou do Spielberg atual. Isto no cinema; Lula, na vida real.

Erros? Sim, afinal, trata-se de um ser humano, não do monstro infalível que os arautos da Casa Grande querem impingir ao povo brasileiro. Talvez o principal erro cometido, junto com seu partido, o PT, tenha sido o de imaginar que toda esta gigantesca operação positiva na sociedade brasileira não despertaria ódios nem a aversão por parte de quem não aguenta, no fundo, ter de disputar espaço com o povão das filas de aeroporto, nos vestibulares das universidades, nas escadas rolantes dos shopping centers, ou ter de pagar salário mínimo com carteira assinada para empregada doméstica. Parecia apenas que a “beleza do quadro” da melhoria social seduziria todo mundo.
Muito pelo contrário.

Quem detesta o bonito, feio lhe parece. Tem gente que não suporta a igualdade. Tem gente que prefere matar a conviver. Nos casos extremos, outras gentes. Mas no meio do caminho, também ideias.

Como não há mais estacas nem água benta disponível para conjurar o espectro Lula, o caminho é mesmo o de procurar destruí-lo juridicamente. Fazer o seu impeachment antes mesmo dele assumir qualquer cargo. Como se fosse um exorcismo avant-la-lettre.

Não vai funcionar. É possível enganar todos por algum tempo, alguns o tempo todo, mas não todos o tempo todo. O Lula real vai sobreviver a seu espectro fajutado por estas tentativas canhestras de golpe.