sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Esquerda, olhando para frente

Esquerda, olhando pra frente, rumo a um novo jeito de caminhar –
Por: Fernando Neto –
A principal tarefa não é disputar as eleições, isso faremos no automático com Lula candidato ou cabo eleitoral. Importante é a disputa de poder no médio e longo prazo, pois só assim restabeleceremos o equilíbrio social e político. O próximo período será de reorganizar a esquerda nacional, definir e redefinir um campo político que construa nova maioria e a hegemonize, acumule ações táticas e decisões estratégicas, dirija a retomada da esquerda ao Governo e dispute o poder real.
A esquerda precisa se realinhar na disputa de classes, compreender o crescimento dos postos de trabalho do setor de serviços e a redução da classe operária clássica, o avanço das micro e pequenas empresas como alternativa real de força de trabalho, o retorno do trabalho informal, dos novos modelos de economia cooperativa, o avanço das tecnologias de serviço, do desemprego em grande escala e o impacto real da reforma trabalhista para o movimento sindical organizado e em nossa sociedade nos próximos períodos, sem contar o efeito que poderemos sofrer com a reforma previdenciária, o desmonte do Estado e a venda de ativos e riquezas naturais patrocinados pelo atual governo, congresso e o judiciário em conluio.
Para isso é necessário um núcleo dirigente capaz de pautar as lutas e disputas reais, que mobilize a sociedade, supere as divergências tendenciais e de campos políticos, dialogue cotidianamente com a militância de esquerda, os movimentos sociais, com a classe artística, cultural e intelectual do país, com as igrejas católica e protestante, expressões religiosas de matrizes africanas, espiritualistas, kardecista e etc., se relacione com as bases e com o povo, com as diversas camadas da sociedade, em diálogo constante com as forças políticas e, que definitivamente produza uma nova leitura do país.
Atualizar nossa agenda de lutas, programa e projeto redefinindo bandeiras, tática e estratégia na disputa de classes e no enfretamento com o setor rentista financeiro, a grande mídia e as alas mais conservadoras do Congresso que não hesitam e não hesitarão em produzir condições de ruptura institucional para retomada do controle do Estado e da exploração das riquezas naturais do país a qualquer tempo.
É preciso coesão, unidade e relação de confiança entre os dirigentes e militantes dessa esquerda, respeitar a história de luta dos que a constroem desde a luta contra a ditadura militar, redemocratização e a juventude desta geração, carregada de novas percepções e sensibilidade de luta para compreender essa sociedade do século XXI, pré e pós Governos Populares e Democráticos.
É indispensável respeitar e conhecer a história política do país e da esquerda, para produzirmos uma leitura real de cenário, com resposta e ação eficazes contra o avanço conservador, sectário e radicalizado da direita no país e na sociedade. Em outros momentos da história mundial a falta de estratégia e de direção do campo de esquerda, a falta de unidade em um programa que unificasse a luta dos trabalhadores “se repetiu como tragédia e como farsa”.
Que fique claro: não é sugerido nenhuma refundação do Partido dos Trabalhadores, sua extinção ou alcova. Que existem novas frentes de luta se formando, organismos sociais e de classes, novos contextos em curso é fato não se pode negá-los, mas, não é possível negar outra realidade, o petismo e o PT são maiores do que sua burocracia interna, CNPJ, seus dirigentes, correntes e suas disputas.
A forma como foi organizada sua fundação é o resultado de anos de luta, todo esse acúmulo contra as injustiças sociais e pelos direitos da classe trabalhadora e pela liberdade do povo, articulado intrinsicamente com os movimentos sociais, sindicais, organismos internacionais, agrupamentos clandestinos e de resistência a ditadura, em conjunto com parte da intelectualidade, artistas, campesinos e cidadãos de diversas camadas da sociedade e classe social, projetados por todo o território brasileiro, culminou em seu ato de fundação, em 10 de fevereiro de 1980, no simbólico Colégio Sion.
A vida e o crescimento deste partido irradiou e enraizou uma ideia no consciente coletivo e popular aonde tudo o que é vermelho, de esquerda, de rebeldia, de luta, povo ou massa que envolvem este país se faz referência ao PT, mesmo sendo outra organização à frente, isso precisa ser compreendido de forma mais clara, sincera e profunda. Só existirá outro partido de esquerda com capacidade de luta real, se o PT criar, se o PT quiser ou se o PT efetivamente rachar e não com simples cisões pontuais, por pautas de interesses coletivo ou individual.
O que precisamos perceber de movimento real é o que hoje não se organiza em nomenclaturas, não se limita a organizações partidárias ou instituições sociais, existe um movimento social e eleitoral silencioso, descrente da esquerda nacional, que espera um resgate da luta real e que represente a agenda progressista, nacionalista e desenvolvimentista de um novo Brasil, com atualização das bandeiras de lutas e de um projeto de país consistente ou algo novo que se forme a partir de uma hecatombe.
Não atoa os votos brancos, nulos e abstenções são crescentes e de certa forma nos atingem, não eleitoralmente contra a direita durante o sufrágio, mas, durante o decorrer da história, no cotidiano, nas criticas constantes e contundentes. Somos perseguidos pelos nossos acertos, porém, chegamos onde estamos por conta de nossos erros, táticos e estratégicos, pela nossa falta de comando, de programa e de leitura de país, erros constantes de comunicação e nenhuma inteligência organizacional.
Não atualizamos o programa ao povo brasileiro, não atualizamos as bandeiras de “um país para todos” ou produzimos tecnologia social, econômica que coubesse esta nova sociedade inclusa tecnologicamente, com acesso cada vez maior as universidades e ao ensino superior, comunicação digital e todos outros acertos que construímos em anos de gestões petistas.
Por certo, é preciso repactuar a esquerda, construir unidade de programa entre expoentes, partidos e movimentos sociais organizados, redefinir seus campos e uma nova hegemonia política que nos lidere em tempos de guerra, crise e golpe, permitindo avançar na sociedade para além de nós mesmos, sinais de que é possível conquistar novos corações e mentes tem se provado ser possível no decorrer deste período de combate ao golpe e de defesa da democracia e do Direito de Lula ser Candidato.
Como o avanço das reformas e da destruição de nosso patrimônio nacional será ainda mais real, precisamos estar preparados para um período longo de lutas e de acumulo de força social.



quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Entrevista concedida ao Brasília em On

A informação dada ao Blog de um integrante que participou do Governo de Transição nos meses derradeiros de 2014 diverge do que defende o chefe da Casa Civil atual, Sérgio Sampaio.
Sampaio, em entrevista na manhã desta quarta-feira (para a BandNews, disse que o governo de Agnelo Queiroz tinha acesso de todas as notificações sobre problemas em viadutos, incluindo o que desabou ontem no Setor Bancário Sul.
Porém, o chefe da Casa Civil afirma que a atual gestão não tinha conhecimento dos apontamentos e alertas do Tribunal de Contas no início do governo. Mas não é bem isso que um ex-membro do governo petista afirma.
Ex-secretário no governo Agnelo, Fernando Neto participou do governo de transição e garante que a informação dos problemas no viaduto desabado foi repassada especificamente para a atual gestão.
O chefe da Casa Civil, Sergio Sampaio, disse que a gestão de Agnelo Queiroz tinha disponível todos os alertas, mas que essa gestão não teve conhecimento. Isso é verdade?
É impossível. E é muito delicado por parte do atual chefe da Casa Civil, secretaria mais importante do governo fazer uma afirmação dessa. São documentos públicos, relatório do TCDF que tramita pelas secretarias responsáveis por obras de infraestrutura do DF, e além de ter sido apresentado no governo de transição (Agnelo para Rollemberg), todos os órgãos têm acesso a essas informações e acompanham diariamente. Se o atual governo não tinha essa informação em mãos, é por pura incompetência.
Se foi dado essa informação, porque o governo não tomou providências? Qual a sua opinião?
Decisão de governo e negligência de informação. O governo Rodrigo Rollemberg tem feito opções. Prefere fazer compra de 400 novos radares e deixa hospitais sem raio-X A administração do Guará, no inicio do seu governo, trocou todo o meio-fio do Guará II, que estavam em bom estado e já haviam sido trocados em gestões anteriores. Iniciaram uma reforma no espaço Renato Russo, não concluiu a reforma e o espaço não estava nas mesmas condições do viaduto. Erro de decisão, simplesmente isso.
Mas podemos imputar culpa ao governo de Agnelo Queiroz também, já que não se fez as manutenções nos locais apontados pelo relatório do TCDF, não?
Não, porque o governo Agnelo iniciou as obras e as reformas que estavam apontadas pelo relatório. Algumas foram concluídas e as outras foram deixadas para o atual governo dar continuidade. A reforma da ponte do Bragueto foi feita, a reforma da Ponte das Garças, a reforma das pontes que descem a lateral do Conic e Teatro Nacional foram feitas, inclusive parou o centro da cidade durante essas reformas. Só não foram concluídas todas porque o governo não foi reeleito, se tivesse sido reeleito teria concluído todas as obras.