domingo, 6 de outubro de 2013

2014 começa aqui.

A corrida eleitoral se inicia de verdade a partir de hoje, vários são os cenários eleitorais e possibilidades de alianças pelos Estados, mas, é preciso fazer algumas leituras do cenário que se desenhou ao final deste dia 05 de outubro de 2013.

1) Para a Presidenta Dilma e para o PT muda muito pouco a ida de Marina para o PSB em relação a disputa Nacional e os Estados, com exceção o Distrito Federal. Dentro das possibilidades desta união se mantem a necessidade de alianças político-partidárias para o PSB construir bons palanques, o que possibilita articular apoios e ter visibilidade nos Estados. A possibilidade de Marina ser Vice de Eduardo Campos ou o contrário fragiliza a campanha de qualquer um dos dois, o que forçará, no caso, que a coordenação de campanha priorize os grandes centros e capitais exatamente aonde o PSDB, DEM e PPS concentram suas forças, provavelmente aonde esta aliança encontrará maiores condições de apresentar seu programa dirigindo sua linguagem para a classe média brasileira.

2) O fato de termos três partidos disputando a direção do país e não quatro como se desenhou durante um tempo aumenta a possibilidade de termos uma eleição de único turno, acreditando que esta aliança Marina/Campos disputará muito mais espaço com Aécio ou Serra do que com o PT. Fazendo comparações com as últimas eleições, Marina teve êxito descolando parte do eleitorado histórico do PT, insatisfeito com as matérias veiculadas na imprensa nos últimos anos. Como este recorte já esta contabilizado pouca mudança no cenário, Eduardo Campos terá o trabalho de convencer este eleitorado a repetir o voto de insatisfação e tentará ampliar sua votação aonde o PT não tem alcançado êxito. 

3) Marina Silva e Eduardo Campos deram um recado para o país, organizando um campo de centro-esquerda com possibilidades de ampliar esta aliança mais a esquerda com um bom programa a ser apresentado ao Brasil, disputará o voto de um eleitorado que já esteve representado nesta plataforma política. Teremos duas chapas com programas progressistas e um neoliberal, o que provavelmente reposicionará o eleitorado brasileiro em uma plataforma eleitoral com programas claros de uma política de esquerda. Marina principalmente deu o principal recado fazendo a opção ao PSB, mesmo podendo optar pelos partidos PPS e PEN, pragmaticamente mais interessantes dentro de sua escolha política de disputar a Presidência do Brasil. 

4) O PPS pode ter a grande oportunidade de corrigir um equívoco político e buscar uma aliança novamente à esquerda, mesmo após anos de pragmatismo político e fisiologismo comandados pelo ex-Comunista Roberto Freire. Buscando construir uma aliança programática com o PSB e Marina Silva, o que proporcionará à todos bons palanques, com propostas mais coerentes. Ou, pode o PPS finalmente afirmar sua vocação neoliberal e formalizar a aliança dos últimos anos.

5) O PSOL é outro partido que poderá também dar seu recado nesta eleição, com a escolha de Marina o PSOL poderá finalmente firmar uma aliança forte no cenário nacional, ratificando os passo de Marina e Eduardo Campos, consolidando assim uma chapa orgânica de centro-esquerda, reorganizando politicamente parte do Campo Democrático e Popular. Ou, poderá assim como o PPS, optar por uma chapa própria sem alianças, mantendo o racha dos partidos de esquerda.

6) Neste cenário o PSB e a Marina entregaram um importante presente ao Partido dos Trabalhadores, meu e da Presidenta Dilma. A grande oportunidade de afinar o discurso, apresentar ao país uma pauta mais desenvolvimentista, com uma agenda política clara progressista e de esquerda, repactuando nacionalmente com suas principais bandeiras socialistas. E após as eleições, se conseguir reeditar suas últimas vitórias, poderemos ver uma repactuação dos partidos da esquerda brasileira no último mandato da Presidenta, o que possibilitará ao Partido dos Trabalhadores e o Governo Federal enfrentar reformas que diariamente são refutadas pelo congresso atual, para além de reencontrar seu eleitorado. Ou, poderá acirrar a disputa eleitoral a ponto de se distanciar destes partidos e novamente se tornar refém da relação congressual com os partidos nanicos atrasando um pouco mais as reformas que o Brasil precisa enfrentar.

7) De tudo, o que também poderá acontecer é, caso o PSB compreenda a necessidade de ampliar a aliança para fortalecer seus palanques nos Estados, nada melhor do que priorizar o Distrito Federal, aonde a ex-Senadora teve mais votos e possivelmente maior apoio entre parlamentares. Nada mais óbvio do que uma candidatura ao Senado para ter uma sobrevida de mais 8 anos no cenário político, já que uma nova derrota fragilizaria muito seus planos futuros ou quem sabe até mesmo um plano mais ousado, lançando Marina a candidata ao palácio do Buriti, correndo o risco de ver sua candidatura ser rejeitada por um eleitorado cansado de forasteiros, porém, um palanque que cairá formidável na imprensa nacional possibilitando divulgar a parceria projetando Eduardo Campos para além do Nordeste aonde Lula é Rei.

É importante lembrar que Marina Silva e Eduardo Campos são ex-Ministros do Governo Lula. Marina perdeu espaço no Governo e no Partido com o fortalecimento de Dilma e decidiu construir sua própria trajetória partidária, Eduardo Campos se manteve na base de apoio do Governo durante os 11 anos de Governo PT, até o fim do prazo de filiações deste ano de 2013 na oportunidade de disputar as eleições presidenciais. Sinal de que o Governo deu certo e projetou importantes quadros para a política nacional.