domingo, 29 de dezembro de 2013

#AltoFalante

Meu lindão, quantas saudades você deixará, escrevo essa carta como uma homenagem ou simplesmente um registro do que sinto e do seu significado e importância em minha vida. Antes de elencar memórias salientando o óbvio, deixo registrado um pensamento inocente, imaginei verdadeiramente que o teria perto por toda vida, sempre soube de suas fragilidades, mas, inconscientemente acredito que anulei qualquer possibilidade de não encontra-lo em qualquer circunstância de família ou uma visita corriqueira, no imaginário que construí você sempre estaria lá e estará certamente, vivo em nossas lembranças guardado sempre com tanto carinho e zelo por cada um de nossa família, as marcas que você deixou em nós, sem querer marcar ou compreender o sentido deste gesto ficarão como uma tatuagem registrada na pele.

Desde que nasci e desenhei os primeiros passos e frases você já estava presente, meninos inocentes, adolescentes desconexos da realidade cresci tendo você sempre tão presente horas próximos e em outros momentos nem tanto, foi fácil perceber com o tempo que um de nós mesmo com a idade não crescia como todos os outros primos, continuava um eterno meninão, era especial, diferente mesmo sendo igual, para nós crianças a inocência do convívio manifesta o costume da vida, aprendi sozinho e as vezes em alerta dos mais velhos a separar o seu lugar, te respeitar em seu espaço e seu mundo, esse mundo mágico que muitas vezes busquei compreender e isso era muito mais fácil quando ainda não existiam responsabilidades, necessidades, dificuldades, com os anos, entrar no seu mundo ficou mais distante, porém, nunca, jamais deixei de compreender que o seu, era o mundo que deveríamos respeitar e o nosso, era o mundo que deveria se adaptar e era fácil construir esta relação cognitiva, era só ouvir e atender aos seus sinais, quando era para falar ou quando era hora de parar ou simplesmente calar, sua forma repetida de falar da vida não era mais que um sinal próprio e peculiar do que lhe marcava, todos os seus registros eram encantadores, eu mesmo provocava a repetição em horas para demonstrar à vida o que era importante viver, conviver.

Minha tia algumas vezes me relembrava de estripulias de crianças que incluíamos você como se fosse simplesmente um de nós, não era tão simples assim e era assim que assistimos você, tão especial, complexo e simples ao mesmo tempo, o cuidado que era necessário para te deixar bem, foi o acompanhando o observando e todos em sua volta que construí heróis, personagens pessoais. Você é reflexo de tanta coisa em minha vida e eu nunca verbalizei ou declarei isso de qualquer forma, sempre foi um registro só meu e vou agradecer ao Pai e a você eternamente por tudo que aprendi e acumulei com sua vida. Não tenho outra forma de dispensar a timidez ou a condição encabulada de clarear meus pensamentos do que aproveitando o momento o acaso e relatando em escrito o que guardei nestes trinta anos de vida, nos quais os últimos 5 anos guardei para reflexões pessoais e em todas elas o seu registro era tácito em meus pensamento, esta data ficará intimamente registrada em minha vida como um testemunho, o dia 26 de dezembro de 2013, foi claramente o perfeito dia em que o céu entrou em período de festas, impossível não perceber a alegria de Deus ao receber de volta em seus braços seu maior professor dos últimos 32 anos lecionando sobre o amor, respeito, carinho, simplicidade e grandeza e é assim que o vejo, mesmo sendo para todos nós uma criança.

Engraçado como depois de uma semana larga e chuvosa, com o tempo sempre restrito à tempestades e o frio rasgado pelo vento, nesta quinta feira, amanheceu clara, leve, ensolarada, com nuvens bem formadas e aquele azul incomum do céu de Brasília, traçado pelo arquiteto, perfeccionista, como Djavan descrevera. A alegria era tanta que daqui debaixo eu conseguia ouvir as trombetas ressoantes, era só fechar os olhos que o som harmonioso refletia no coração, na alma. Poucos conhecem da minha relação com Deus, minha busca constante em compreende-lo, ouvi-lo, senti-lo, e foi sempre em detalhes da vida, nas vírgulas e entrelinhas que busquei maior intimidade e relacionamento com ele, queria como Elias, Moisés, Abraão, Noé ouvir a voz clara e audível de Deus e compreendi de alguma forma que era possível observando as cores que distinguem árvores, flores, plantas, nos desenhos dos rios, o movimento das águas do mar, na diversidade da vida, são detalhes que me prendem a atenção e neles encontro Deus, mas, nunca fez tanto sentido Deus, a palavra, o evangelho quanto nesses últimos meses, Tio Sérgio sem saber confirmou em nosso último encontro exatamente o que eu estava à encontrar ou reencontrar, o significado deste relacionamento, e quero te agradecer, pois sempre esteve tão perto a minha busca, era você meu primo, meu irmão, meu professor, a resposta simples e complexa. Você me ensinou a conhecer mais do que qualquer outro quem eu declaro amar, me entregou a razão de seguir e prosseguir neste amor. Você é Marcinho a personificação do amor de Deus, você é a pintura mais clara dentre todas as obras de Deus que o descrevem em sua própria arte, Papai do Céu escolheu descrever o amor e o que é amar através de sua vida e eu quero agradecer a vocês dois, por terem me dado a honra de crescer com você, mesmo hoje entendendo que o único que cresceu foi você e nenhum outro de nós esta perto de alcançar você em amor, mas tenha certeza, se tornará uma meta.

Obrigado por tudo, eu simplesmente te amo. 

sábado, 7 de dezembro de 2013

Sábado, 30 de novembro de 2013.

O tempo relativo da vida muda conforme nossas experiências e sensações do dia, o prazer ou desanimo refletem em nossa percepção de velocidade do próprio tempo. O tempo real da vida é estático, imutável, cronometrado e não se altera com o clima, sensação ou qualquer acontecimento. A idéia do dia passar rápido ou o próprio tempo demorar a passar, mesmo os segundos e minutos serem os mesmos, vem da nossa dinâmica de sentimentos construídos ao decorrer do dia. 
Este pensamento é reflexo de uma experiência simples, que trouxe à tona "necessidades", a junção de acontecimentos, sensações e sentimentos provocados por um ato, caminhar na chuva! Observar as primeiras gotas caindo nas flores, árvores, grama e ao chão, aves buscando abrigo pelo caminho vazio e sem obstáculos, conforme o clima altera o percurso do ambiente é possível perceber também mudança no cheiro, conforme as gotas aumentam, se fecharmos os olhos é provável resgatarmos lembranças deste cheiro da chuva na grama que se molha, da árvore que intensifica seu aroma, na terra, neste momento já possível sentir o gosto, a água do céu limpando o caminho, molhando o rosto, o cabelo, a roupa, com a chuva mais grossa qualquer um fecha os olhos e abre a boca. De repente crianças correndo, descalças, apostando quem chega primeiro em um lugar pra se esconder da chuva, mesmo todos molhados e sentindo a graça da chuva, este momento descreve qualquer cena, seja de um filme ou lembranças do passado recente ou longínquo. A chuva em si é água que cai do céu com explicações cientificas definidas, todo o contexto é que trás sensações, sentimentos e reflexão, observar a simplicidade da chuva carregada de cheiro, gosto, sons explica todo o resto. No final de tudo ainda molhado, ainda chovendo percebi que estava cego, surdo e sem condições de sentir o verdadeiro gosto das coisas e a água que caia do céu me lavou, me limpou, me fez ver e ouvir, me encontrei novamente no lugar aonde sou mais feliz, obrigado Pai! Eu te amo.

domingo, 6 de outubro de 2013

2014 começa aqui.

A corrida eleitoral se inicia de verdade a partir de hoje, vários são os cenários eleitorais e possibilidades de alianças pelos Estados, mas, é preciso fazer algumas leituras do cenário que se desenhou ao final deste dia 05 de outubro de 2013.

1) Para a Presidenta Dilma e para o PT muda muito pouco a ida de Marina para o PSB em relação a disputa Nacional e os Estados, com exceção o Distrito Federal. Dentro das possibilidades desta união se mantem a necessidade de alianças político-partidárias para o PSB construir bons palanques, o que possibilita articular apoios e ter visibilidade nos Estados. A possibilidade de Marina ser Vice de Eduardo Campos ou o contrário fragiliza a campanha de qualquer um dos dois, o que forçará, no caso, que a coordenação de campanha priorize os grandes centros e capitais exatamente aonde o PSDB, DEM e PPS concentram suas forças, provavelmente aonde esta aliança encontrará maiores condições de apresentar seu programa dirigindo sua linguagem para a classe média brasileira.

2) O fato de termos três partidos disputando a direção do país e não quatro como se desenhou durante um tempo aumenta a possibilidade de termos uma eleição de único turno, acreditando que esta aliança Marina/Campos disputará muito mais espaço com Aécio ou Serra do que com o PT. Fazendo comparações com as últimas eleições, Marina teve êxito descolando parte do eleitorado histórico do PT, insatisfeito com as matérias veiculadas na imprensa nos últimos anos. Como este recorte já esta contabilizado pouca mudança no cenário, Eduardo Campos terá o trabalho de convencer este eleitorado a repetir o voto de insatisfação e tentará ampliar sua votação aonde o PT não tem alcançado êxito. 

3) Marina Silva e Eduardo Campos deram um recado para o país, organizando um campo de centro-esquerda com possibilidades de ampliar esta aliança mais a esquerda com um bom programa a ser apresentado ao Brasil, disputará o voto de um eleitorado que já esteve representado nesta plataforma política. Teremos duas chapas com programas progressistas e um neoliberal, o que provavelmente reposicionará o eleitorado brasileiro em uma plataforma eleitoral com programas claros de uma política de esquerda. Marina principalmente deu o principal recado fazendo a opção ao PSB, mesmo podendo optar pelos partidos PPS e PEN, pragmaticamente mais interessantes dentro de sua escolha política de disputar a Presidência do Brasil. 

4) O PPS pode ter a grande oportunidade de corrigir um equívoco político e buscar uma aliança novamente à esquerda, mesmo após anos de pragmatismo político e fisiologismo comandados pelo ex-Comunista Roberto Freire. Buscando construir uma aliança programática com o PSB e Marina Silva, o que proporcionará à todos bons palanques, com propostas mais coerentes. Ou, pode o PPS finalmente afirmar sua vocação neoliberal e formalizar a aliança dos últimos anos.

5) O PSOL é outro partido que poderá também dar seu recado nesta eleição, com a escolha de Marina o PSOL poderá finalmente firmar uma aliança forte no cenário nacional, ratificando os passo de Marina e Eduardo Campos, consolidando assim uma chapa orgânica de centro-esquerda, reorganizando politicamente parte do Campo Democrático e Popular. Ou, poderá assim como o PPS, optar por uma chapa própria sem alianças, mantendo o racha dos partidos de esquerda.

6) Neste cenário o PSB e a Marina entregaram um importante presente ao Partido dos Trabalhadores, meu e da Presidenta Dilma. A grande oportunidade de afinar o discurso, apresentar ao país uma pauta mais desenvolvimentista, com uma agenda política clara progressista e de esquerda, repactuando nacionalmente com suas principais bandeiras socialistas. E após as eleições, se conseguir reeditar suas últimas vitórias, poderemos ver uma repactuação dos partidos da esquerda brasileira no último mandato da Presidenta, o que possibilitará ao Partido dos Trabalhadores e o Governo Federal enfrentar reformas que diariamente são refutadas pelo congresso atual, para além de reencontrar seu eleitorado. Ou, poderá acirrar a disputa eleitoral a ponto de se distanciar destes partidos e novamente se tornar refém da relação congressual com os partidos nanicos atrasando um pouco mais as reformas que o Brasil precisa enfrentar.

7) De tudo, o que também poderá acontecer é, caso o PSB compreenda a necessidade de ampliar a aliança para fortalecer seus palanques nos Estados, nada melhor do que priorizar o Distrito Federal, aonde a ex-Senadora teve mais votos e possivelmente maior apoio entre parlamentares. Nada mais óbvio do que uma candidatura ao Senado para ter uma sobrevida de mais 8 anos no cenário político, já que uma nova derrota fragilizaria muito seus planos futuros ou quem sabe até mesmo um plano mais ousado, lançando Marina a candidata ao palácio do Buriti, correndo o risco de ver sua candidatura ser rejeitada por um eleitorado cansado de forasteiros, porém, um palanque que cairá formidável na imprensa nacional possibilitando divulgar a parceria projetando Eduardo Campos para além do Nordeste aonde Lula é Rei.

É importante lembrar que Marina Silva e Eduardo Campos são ex-Ministros do Governo Lula. Marina perdeu espaço no Governo e no Partido com o fortalecimento de Dilma e decidiu construir sua própria trajetória partidária, Eduardo Campos se manteve na base de apoio do Governo durante os 11 anos de Governo PT, até o fim do prazo de filiações deste ano de 2013 na oportunidade de disputar as eleições presidenciais. Sinal de que o Governo deu certo e projetou importantes quadros para a política nacional.  

terça-feira, 9 de julho de 2013

DAR SENTIDO A ESSA REBELDIA, É O MAIOR ENSINAMENTO DE 68



França Maio de 1968 

Greve Geral em maio de 68 na Praça
da Liberdade em Paris, França
Em Maio de 1968 a França parou com uma greve geral, os movimentos que antes eram dispersos e sem apoio ao decorrer das manifestações começaram a adquirir significado e proporções que para época poucos entendiam a complexidade e a importância daquelas ações, muito menos o que significaria isso anos depois. Com o decorrer das mobilizações e com a resposta do Governo endurecendo o diálogo, o general Charles De Gaulle, então Presidente da França, observou a unificação dos movimentos, o que ampliou a repercussão causada pelos atos que incluíam jovens e trabalhadores. Justamente pelo endurecimento do Estado enfronte as manifestações buscando desmobilizar o comando de greve, com o apoio de partidários e aliados do Governo no intuito de desconstruir a revolução que nascia. Charles De Gaulle sabia que em um ambiente de confronto as melhoras armas para impedir o crescimento de uma consciência de esquerda em seu país era a contrainformação, utilizando argumentos, notas publicadas, artigos em jornais fazendo referência aos Comunistas, que compunham o maior partido de esquerda da França e segundo o governo planejavam um golpe de estado contra a República, com isso, essa bela e emblemática insurreição popular, foi suprimida pelo governo.

Sem duvida alguma, esse ato de rebeldia foi um dos acontecimentos revolucionários mais importantes do século XX, porque não se deveu a uma camada restrita da população, como trabalhadores ou minorias, mas a uma insurreição popular que superou barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe. Se iniciou com uma série de greves estudantis e, em algum momento, explodiu em confrontos com a administração pública e a polícia. A tentativa de o governo acabar com as greves através de ações policiais, gerou um efeito contrário potencializando ainda mais os conflitos que culminaram em um ato de greve geral de estudantes e trabalhadores com ocupações de fábricas em toda a França, às quais aderiram dez milhões de trabalhadores, ou seja, dois terços dos trabalhadores franceses naquela época. A maioria dos insurretos eram adeptos de idéias e bandeiras das esquerdas, socialistas, comunistas ou anarquistas. Muitos viam os eventos como uma oportunidade para sacudir os valores de uma velha sociedade, para poder apresentar idéias avançadas sobre a educação, a sexualidade e o prazer.

Brasil ano de 1968



Passeata dos Cem Mil na Cinelândia, Rio de Janeiro
Em terras Tupiniquins, também em 1968, a sede de liberdade e a vontade de vivenciar novas aventuras faziam com que jovens, artistas, intelectuais e militantes de esquerda, buscassem quebrar barreiras sociais e valores até então estabelecidos por gerações anteriores. Esse novo tipo de existencialismo faria naturalmente que essa geração buscasse um rompimento com um modelo estabelecido até então, pelos governantes políticos.

A discussão sobre sexo nas salas de aula, o avanço da moda que era reflexo da rebeldia daquela geração, o uso da pílula anticoncepcional, que provocava mudanças no comportamento da mulher brasileira, o uso da maconha pela classe média alta, muitas vezes até como posicionamento político e ideológica, a referência e necessidade de leitura de autores que tinham uma visão revolucionária como: Karl Marx, Feud, Satrer, Guevara e etc.

No cinema, no teatro, na poesia e na música, essa geração conseguiu mostrar seus talentos, pensamentos e buscar o conflito com o arcaico e o retrogrado. O surgimento da Tropicália é uma das mais importantes manifestações culturais dessa juventude, pois ela nasce através de uma imensa necessidade de expressar, através da arte, o momento que o Brasil vivia. Enfim era uma geração eufórica, avançada, criativa e com muita sede de cultura em todas as áreas da vida.

E da mesma forma que na França o Brasil vivia em clima de tensão pelo comando militar presidencial que imperava nos dois países. Aqui, quatro anos depois do Golpe Militar, os governantes continuaram com o regime ditatorial, só que de forma mais dura e brutal, censura cultural e de direitos, cassações políticas, torturas, exílio e repressão eram as características principais da política brasileira. Os estudantes e trabalhadores sindicalizados tiveram cassada por lei à participação nas questões políticas e vedada qualquer organização de manifestação. Diante de tanta repressão e perseguição, a indignação tomou conta e estudantes, trabalhadores, intelectuais, artistas e diversos setores da sociedade sentiram a necessidade de criar um movimento de resistência que lutaria contra tudo isso.
Velório de Edson Luiz Lima, morto com um tiro no peito

Como na França o endurecimento do Governo com a repressão militar e o uso excessivo da força policial foram o estopim social para ascender a inconformidade e o desejo de mudança, no Brasil o fato que marcou a ascendência popular foi a morte do estudante Edson Luiz Lima Souto que chocou todo o país. Durante o seu enterro houveram várias demonstrações de indignação com o sistema que pairava na sociedade brasileira, milhares de pessoas revoltadas se reuniram em frente à Assembleia Legislativa para prestar a última homenagem e o último adeus a Edson Luis.

A situação era difícil para os estudantes e trabalhadores, à repressão contra os movimentos estudantil e sindical era implacável, um exemplo deste fato foi o chamada “sexta-feira sangrenta”, estudantes, trabalhadores, membros de partidos e grupos de esquerda juntamente com boa parte da sociedade civil, enfrentaram a polícia. Esse enfrentamento resultou em mortos e feridos, entre eles um soldado da Polícia Militar. Nesta “sexta-feira sangrenta”, o Rio era reflexo do movimento "Maio de 68" que acontecia em Paris.

A violência só aumentava, e os movimentos de esquerda, naquela altura já clandestinos não se rendiam. Os estudantes, com o apoio da classe média e moradores do Centro e da Zona Sul do Rio de Janeiro conseguiram organizar uma das maiores passeatas registradas até então no país durante aquele período. A Cinelândia foi tomada com mais de cem mil pessoas, registrando assim a simbólica “Passeata dos Cem Mil”, a maior demonstração de luta e resistência social contra a Ditadura Militar.

Com a repressão instaurada pela Ditadura, o uso da força militar e policial, a inteligência do Estado sendo utilizada como instrumento para desmobilizar e desconstruir os grupos organizados, a contraiformação pautando as ações do Estado nas rádios, que subsidiariamente, na grande imprensa, conseguia falsamente implantar informações errôneas, taxando como terroristas aqueles que lutavam pela liberdade de expressão e pela democracia, sendo estas as táticas utilizadas pelo comando do Governo Francês para fragilizar e desnutrir o movimento grevista, assim também no Brasil os movimentos de esquerda, estudantil, os trabalhadores organizados, aos poucos perderam força e em 13 de dezembro de 68, durante o governo do general Costa e Silva, foi estabelecido o Ato Institucional Número 5 (AI5). Esse ato legitimava a censura prévia a todos os meios de comunicação e controlava rigorosamente qualquer produção cultural. O Ato Institucional Número 5 se estendeu até 1978 e foi o período mais rigoroso da história política do Brasil.

Brasil 2013

Nos últimos anos, as rebeliões populares no mundo árabe, em países da América Latina e em partes da Europa, mostram um novo acordar e ressurgir de indignação da sociedade e principalmente da juventude, protagonista das maiores manifestações populares deste novo século. No mundo afora, jovens que sonham e buscam liberdade, direitos, queda de planos econômicos, dão o tom de rebeldia contra o velho mundo ocupando espaços públicos como as praças e ruas, entregando um recado claro ao sistema, com gritos, faixas, cartazes e camisetas. Evidente se torna a necessidade de retomar por parte do povo os Direitos e as Negações. No Brasil tivemos a geração da resistência à ditadura e àquela da transição democrática, seguida pela que resistiu ao neoliberalismo dos anos 90 e a geração de hoje, que busca aperfeiçoamento do instrumento democrático, um convívio mais harmônico com a cidade e o meio ambiente, o fim dos preconceitos, e, em geral, melhor qualidade de vida.

Notadamente é perceptível a volta da inquietude questionadora da juventude, que ainda de forma embrionária, se manifesta numa rejeição incipiente às formas dominantes de viver, muitas das vezes sem compreender o por quê e de forma superficial. Mesmo assim, como vanguarda, não mais isoladamente, se insurgem contra a polícia não somente contra a força repressora, mas, também contra o extermínio de jovens, o racismo, a criminalização da maconha, o machismo, o preconceito, a corrupção, contra a tributação e os impostos praticados pelo modelo econômico brasileiro, contra o aumento contínuo de tarifas sem resultados práticos de melhoria de sistemas ou equipamentos públicos, sem esquecer da falência do sistema partidário e o envelhecimento do diálogo político.

É preciso negarmos a nós mesmos, viventes do atual modelo político, para fazermos uma autocrítica e uma análise realista do momento político e social que vivemos, importante também avaliar qual tem sido nossa contribuição para sua melhoria ou estagnação, as contradições e contemporizações deste modelo político e o reflexo disso na sociedade durante anos. O povo que foi às ruas proporcionou um significado às suas próprias insatisfações clamando por sinceridade, honestidade, ética, compromisso, cumprimentos de promessas, palavras e acordos. Estes temas, pautados de Norte a Sul do país, apresentavam como mérito de conduta em todas as mobilizações, a insatisfação geral, questionando a representatividade das esferas de poder e representação social. Obviamente, parte de toda inquietude é manipulada por informações de interesses, que conflitam com a realidade. Sobre este assunto, é importante observar que  à disputa de poder passa pela gestão da informação e pelo novo modelo de comunicação social por parte das redes. Mas, antes de dar qualquer sentido aos atos que tomaram as ruas do país é necessário conectar esta parcela da juventude na luta por uma política mais global. 

13 de Junho de 2013 


Tomada do Congresso Nacional em
Brasília, Marcha do Vinagre


Embora não possamos antever a configuração do movimento que a rebeldia latente da juventude promete eclodir, podemos apostar que será um movimento de caráter juvenil e popular, autônomo em relação às instituições e corporações que não se adequarem a este momento, e, com fortes traços culturais. O recado das ruas tem sido claro, e com a ampliação de direitos, a democratização do acesso a universidade, o crescimento da economia interna e externa, o poder de compra, e, a ascensão das classes sociais atingimos um outro patamar de estrutura social, obviamente, aumenta-se o nível de exigência por parte da população. A cobrança é consequência do crescimento e da evolução econômico social do país. 

Todos os componentes desta estrutura política - partidos, sindicatos, organizações sociais, movimentos organizados e a esquerda -, dentro desta esfera de disputa de poder, precisa produzir um novo ambiente de diálogo, atualizando e avançando em novas propostas de modelo de gestão de Estado e organização social. O espaço de disputa social é contínuo, assim também é a evolução da comunidade com a chegada de novas tecnologias e o acesso prático à informação, condutor geracional. Mais do que nos prepararmos, devemos disputar a hegemonia do senso comum, no sentido de conduzi-los para uma política mais ampla. Porém é necessário rever nossas posições e propostas, zerar nossas bandeiras observando o que já foi alcançado e apontado, nos norteando para o avanço.

Faz-se urgente e necessário também, gestar um novo movimento que não seja só um ato de rebeldia com a cultura dominante, mas que consiga sim produzir algo novo, que traduza este sentimento e esta sensação de transformação, com bases fortes, imprimindo nossa característica tropical, heterogenia, com pilares democráticos, observando a necessidade de repensar o convívio da cidade com o meio ambiente, a integração entre os povos por meio da comunicação universal e acima de tudo resgatar o ser-humano como agente principal de transformação. Construir um ambiente coletivo de diálogo e de expressão artístico e cultural, maduro, consciente e consistente, assim como a semana de arte moderna, a Tropicalia e outros que representaram bem suas respectivas gerações.

Partido, Governo e Movimentos Sociais

Essa nova geração será guardiã da luta por mais direitos. É importante acompanhar a evolução destes novos direitos conjunturalmente, assim como a juventude de 68 queria as reformas de base, hoje, esta nova juventude avança por lutas como a da Reforma Política ampla, Reforma Tributária, Reforma da Administração Pública e de lutas de natureza ambiental, de melhoramentos democráticos, principalmente na comunicação, além de seguir na luta por mais direitos aos jovens trabalhadores e na conquista de mais avanços na pauta de Direitos Humanos, de defesa da soberania nacional e da paz. As mentes e os corações dos jovens estão prioritariamente em outros lugares: nas questões ecológicas, nas liberdades de exercício da diversidade sexual, nas marchas da liberdade de forma geral, bem como a livre expressão na internet, na descriminalização das drogas leves, nos temas culturais, entre outros temas, que estão longe das prioridades governamentais e partidárias. Essa é uma tarefa irrecusável e inadiável das forças consequentes em sua opção política, para que possamos assim, seguir na construção de um Brasil onde a justiça social, a fraternidade e a solidariedade não sejam meros conceitos e sonhos, e sim, realidade e vida.

O PT e o Governo possuem condições objetivas para dialogar com os jovens a partir de suas bandeiras e seu projeto de país, mas, para isso, principalmente o Partido dos Trabalhadores, precisa ir além das sinalizações e congressos, precisa efetivamente ampliar seus interlocutores e atores políticos, possibilitando construir novas pontes de diálogos com esta nova geração, renovando sua linguagem e seu modelo de gestão interno, ampliando seu lastro social, construindo um ambiente de interação com a comunidade, convocando-a e convidando-a à participar dos fóruns de debate e escolha de seus candidatos, assumindo como prioritários temas como os ecológicos, os culturais, os das redes alternativas, os da libertação nos comportamentos sexuais, em um novo modelo de gestão urbana, entre outros. Falar aos jovens, mas acima de tudo ouvi-los, recepcionando de forma madura e conexa suas reivindicações, tanto para dentro do partido quanto para fora, tanto para dentro do governo, quanto o governo fazer dessa escuta ferramente de comunicação social e resposta de gestão para fora. Devemos ter a consciência de que os que foram as ruas são a ponte do futuro, do novo e que só construiremos esse futuro de forma sensata colocando-os em primeiro plano ou teremos um futuro triste, opaco, sem a alegria, sonhos e utopia, até que eles se levantem e busquem a luz, por si só, mas, se assim for, não teremos aprendido com o ano de 1968. Tão Longe e tão perto!

Reflexão do texto


A trilha sonora, que nos ajudou a refletir sobre o contexto das manifestações por todo Brasil, foi Música Urbana da banda brasiliense Capital Inicial:
"Contra todos E contra ninguém O vento quase sempre Nunca tanto diz Estou só esperando O que vai acontecer...

Tudo errado, mas tudo bem Tudo quase sempre Como eu sempre quis Sai da minha frente Que agora eu quero ver...

Não me importam os seus atos Eu não sou mais um desesperado Se ando por ruas quase escuras As ruas passam...."

Este texto não busca analisar o comportamento social e o reflexo das manifestações na sociedade brasileira, estas análises somente serão possíveis e cabíveis de compreensão com o passar dos anos. Contudo, os que foram para as ruas em todo o país, marcharam uníssonos, rebeldes, contextualizados e descontextualizados, com verdades naturais e verdades criadas, com suas bandeiras de luta e de rua, bem como com bandeiras compradas e manipuladas, cantaram e entoaram como se estivessem acordando verdadeiramente um Gigante sonolento, adormecido, que acordará atordoado e sonolento, sem rumo, sem prumo, saindo de casa atabalhoado, convocado pelos amigos e inimigos, sem ler o recado que sua mãe, a Pátria Amada, gentilmente deixou grudada em sua geladeira, que enquanto ele dormia, a vida corria, sem paradas e com muitas jornadas.


Texto de Fernando Neto e Pedro Del Castro




Fernando Neto


Pedro Del Castro













quinta-feira, 27 de junho de 2013

O maior #FlashMob do mundo

Invertendo a lógica de analises e compreensões sobre as manifestações deste mês de junho de 2013 nas ruas de todo o Brasil, o que produzimos de fato foi uma das maiores ações de mídia social do mundo, as características dos manifestos deixaram evidente o reflexo das ferramentes digitais no dia a dia da sociedade conectada ao twitter, facebook e usuários de celulares smarts phone. De uma forma mais simples, menos teórica, do ponto de vista político o que se produziu no país neste mês de Junho foi uma grande ação viral, que no Wikipedia seu significado é chamado de  Flash Mobs - são aglomerações instantâneas de pessoas em certo lugar para realizar determinada ação inusitada previamente combinada, estas se dispersando tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de e-mails ou meios de comunicação social. O brasileiro inovou na manifestação e utilizou da nova linguagem como ferramenta de mobilização política, mais ágil, prática, simples e inovadora que resultou em uma multiplicação avassaladora contagiando inclusive não usuários das redes sociais. Normalmente os Flash Mobs constroem uma temática para sua ação determinada, nem sempre com valores ou significados muito profundos, a maioria são ações com características irônicas que dão sentido a alguma rebeldia ou protesto, é comum ver um grupo de pessoas de pijamas na rua em plena luz do dia, ou subindo e descendo escadas rolantes de shopings centers, ou se fantasiando de algum anime e por ai vai, o que não deixou de acontecer nas #marchadovinagre #marchadasvadias marcha #acordaBrasil #VemPraRua, essa última notadamente copiada da propaganda da Fiat.

O conglomerado de pessoas nas ruas se unificaram entorno de uma ação determinada, o protesto, com um palavra de ordem que unifica a sociedade, a insatisfação, que no geral atinge a maioria dos cidadãos de formas e maneiras distintas, como ficou característico nas bandeiras que entoaram as ruas #contracorrupção, pela #ReformaPolítica, #abaixoaPec37, por melhores condições na #saúde, #TarifaZero e #PasseLivre no caso do transporte público, por preços mais acessíveis para o #PS4 que ainda será lançado no Brasil, pela #Paz, religiosas, #contrahomofobia, #pelofimdosutiãsembojo, bandeiras sérias, irônicas, controversas que deram o tom do que foram as manifestações pelo Brasil. Pessoas de todos os lugares engrossaram os gritos de mudança com motivos, ideias e reivindicações distintas e como todo Flash Mob a tendência natural é a dispersão. O que chamou a atenção da grande imprensa, de analistas políticos, sociólogos, parlamentares e executivos foi a proporção avassaladora de pessoas que engrossaram o caldo dos protestos na sua totalidade marcados pela internet, agendados no facebook divulgados e registrados pelo twitter, instagram, mobli, blogs e páginas de vídeos ao vivo. A grande maioria dos analistas sucumbiram no erro, não souberam o que estava acontecendo e estão perdidos ainda no meio de tanta informação, as constantes falhas nas informações e a dificuldade de compreender a influência das mídias livres e o quanto se democratizou a informação pela internet deixou evidente o despreparo geral de quem opera a informação no modelo antigo e a dificuldade em renovar e adequar a uma possível nova era da tecnologia da informação.

O saldo foi muito positivo para o país, colocou a necessidade de democratização dos meios de comunicação, incluiu na agenda da comunicação social a importância das mídias livres e as redes sociais, mostrou pra população a importância de manifestar, de fazer política, fortaleceu a agenda da Reforma Política, incluiu o crime de corrupção na lista de crimes hediondos, decretou ao menos na câmara a destinação de 75% dos Royaltes do Petróleo para educação e 25% para saúde como já defendia a Presidenta Dilma, ampliou o debate do Passe Livre Estudantil na pauta do Congresso Nacional e do Governo Federal, ligou um alerta vermelho aos partidos políticos e a necessidade de repensar sua estrutura atual e deixou claro que a opção dos que foram as ruas é por mais Estado. O saldo negativo talvez seja mais profundo e caricato do que muitos perceberam, o vazio e a superficialidade das propostas e opiniões da população, a reprodução automática e cartesiana das informações pelos manifestantes, a fragilidade das instituições políticas, a manipulação descarada da informação pelos meios de comunicação, o baixo nível da disputa política, o envelhecimento das lideranças políticas do país e talvez um dos piores dados o alto índice de criminalidade, marginalidade, intolerância e a arrogância por parte de uma parcela específica da sociedade. No espetáculo das ruas o maior resultado foi do povo brasileiro!

Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Flash_mob 

domingo, 16 de junho de 2013

Resposta a um amigo!

Não meu amigo, não sou mais inteligente do que isso, eu sou ignorante e vou te responder porque sou assim! 

O Brasil não é perfeito, não é a maior potência mundial nem muito menos o país com o maior índice de 
desenvolvimento humano, muito menos o mais desenvolvido, temos problemas graves de infra-estrutura em todas as áreas principalmente na educação e eu sou filho dessa educação burra, limitada, frágil, incompleta e descartável, eu sou filho da insegurança crescente, do desaforo, do palavrão, sou filho da economia pequena, fraca, quebrada, em crise, filho de um país censurado, medíocre aonde as pessoas lutam pelos seus umbigos, pelos seus próprios sonhos e desejos e por mais nada, fui criado por uma sociedade hipócrita que mente, esconde, cria subterfúgios e situações para se dar bem, que sobe encima dos outros pra ficar no lugar mais alto, sou filho do jeitinho, dos 10% que hoje viraram 30% e amanhã será 40%, sou fruto de uma comunidade que mata por dinheiro pequeno, por tênis, celular, mata porquê não tem dinheiro pra dar, mata porquê esbarrou, falou, olhou, apontou, mata porquê bateu o carro, uma comunidade que deu preço a vida e ela só vale 30 reais ou menos, sou filho da mentira e da ilusão dos que são sozinhos mas sua arrogância faz falar por todos, sou filho do pai que exige respeito e fidelidade mas trai a mulher com a empregada e não quer pagar a ela o FGTS, sou filho de uma cidade que poucos, tem muito e muitos tem pouco, e o pouco que tem se não votar em quem tem muito, perde tudo! Sou ignorante é inevitável porém eu luto pra mudar e isso só se faz com o tempo, determinação, projeto, com vontade não defendo a Dilma ou o Zé Dirceu por serem semi-Deuses faço isso por eles representarem um projeto de transformação de um país podre, abençoado por Deus e bonito por natureza que enaltece o arrogante falido e julga o pobre de nome limpo! Eu amo esse país e por isso luto por ele, não com vaias ou aplausos, mas, com o pouco que posso contribuir.


Não sei quantos do Nordeste, do Norte, do Sul eu conheço sei que são poucos não posso falar por eles, falo por mim!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

OS ENSINAMENTOS DO BRASIL E A CRISE ECONÔMICA GLOBAL.


MONOPOLIZAÇÃO, FINANCEIRIZAÇÃO E DESEMPREGO ESTRUTURAL, CRISES DAS REPRESENTAÇÕES POLÍTICAS e A CRISE AMBIENTAL REVELA A FALÊNCIA DOS MODELOS ECONÔMICOS.


O Brasil mesmo que de longe, observa a manifestação mais drástica e prolongada da“crise de novo tipo do sistema capitalista mundial”. Uma crise estrutural e global, que se manifesta de forma naturalmente desigual, mas que se combina, entrelaçando todo o sistema mundial de produção de mercadorias.

Seus sintomas se apresentaram há algumas décadas e da periferia mundial, desenvolveu-se em direção ao centro do capitalismo mundial. Suas causas principais localizam-se no prolongado processo de acumulação de capital combinado com a elevação progressiva da potência científica e tecnológica dos meios de produção multiplicada, sobretudo após a revolução científica e tecnológica que se expressou na explosão da informática, da química fina, da robótica e etc.


Uma parcela cada vez maior do capital acumulado foi se deslocando para a especulação financeira, convertendo-se em capital fictício, já que não poderia ser reinvestida diretamente no sistema produtivo, sob pena de levar ao colapso o sistema de produção de mercadorias. Assim, duas marcas preponderantes do capital monopolizado e financeirizado – a financeirização e o desemprego– nunca foram bolhas ou desequilíbrio conjuntural. Então, desde meados da década de 1970, transformaram-se em elementos estruturais de uma crise potencial de superprodução permanente e de exclusão continuada da força de trabalho humano do processo de produção. Vários (episódios) prenunciaram uma “débâcle” acentuada da economia mundial, entre as quais o altíssimo nível de desemprego nos países desenvolvidos, os crescentes déficits orçamentários, a crise das “pontocom”, as crises da Rússia, México, Argentina e Tigres asiáticos, dentre tantos exemplos.


***(DÉBÂCLE termo econômico) s.f. Palavra francesa. Mudança brusca que acarreta desordem ou ruína financeira.

/ Derrota; desastre, ruína, ruptura dos gelos; mau resultado, derrocada, ruína, colapso, falência.***


Cada nova tentativa das classes dominantes demandou enormes esforços, desgastes políticos, queimas fabulosas de capital, alcançando somente alívios efêmeros, aos quais se seguiram o retorno dos sintomas e de um quadro geral ainda mais agravado. Os custos humanos ambientais e econômicos foram elevadíssimos e não é difícil prever que o metabolismo do monstro em agonia consumirá ainda mais sacrifícios na tentativa de recuperar-se. Entretanto, parece que com a eclosão da crise mundial inaugurada em 2008, com a quebra do Banco Lemann Brothers, chegamos ao tempo em que a crise pode assumir a forma da existência do próprio capital. Suas manifestações se alternam em ciclos cada vez mais fugazes se confundindo numa relação de essência e aparência.


Vale lembrar que o Brasil nadou contra essa maré, o modelo econômico adotado pelos governos Lula e Dilma conseguiu muito mais do que sobreviver em meio à crise. Com Lula e Dilma, conseguimos ensinar ao mundo o que fazer e como fazer para prosperar em meio a tais dificuldades, ou seja, enquanto o mundo quebra, o Brasil gera emprego e renda, estimula o consumo interno e hoje caminha para o fim da extrema pobreza.


Taxa de desemprego em alguns países: Espanha 25%, França 10%, E.U.A 8,2% e Brasil 4,4%. A crise ambiental é o maior impasse do capitalismo em sua atual crise econômica global. A escassez de energia, água potável, terras cultiváveis e todo tipo de recursos naturais renováveis se soma às mudanças climáticas e aos impactos imprevisíveis da acelerada extinção de grande número de animais e de vegetais responsáveis pela manutenção de elos preciosos da cadeia alimentar.

Diante de um quadro tão grave, os governantes dos países reunidos na COP 15 se declararam incapazes de constituir um fundo com irrisórios 100 bilhões de dólares para combater os efeitos mais emergentes das catastróficas mudanças climáticas previstas pelo IPCC (Painel Intergovernamental do Clima). O Brasil mais uma vez acerta em sua posição de cobrar a fatura dos países mais ricos, já que os mesmos são os que mais poluem e fazem isso por muito tempo.

Ao redor do mundo, grandes empresas alardeiam políticas de sustentabilidade, ocultando que, em última instância, a incontornável necessidade de expansão permanente da produção e consumo de mercadorias reduz seu discurso ambientalista à mera propaganda.

A depredação do meio ambiente também reflete a divisão internacional do trabalho, com a exportação para o terceiro mundo das indústrias intensivas em consumo energético e de materiais, bem como emissoras de grandes volumes de poluentes. Esse processo possibilita uma compatibilização da agenda ambiental com a dinâmica do desenvolvimento do capitalismo nos países centrais, cujo crescimento econômico é cada vez mais alicerçado na tecnologia da informação, nos serviços financeiros e na pesquisa científica, com a consequente desmaterialização da produção. Aos países periféricos ou emergentes cabe a produção industrial pesada e altamente poluente. Essa dinâmica revela a total incompatibilidade entre qualquer agenda ambiental séria e o ciclo de desenvolvimento nos países periféricos.

Diferentemente e distante dessa dinâmica, o Brasil se torna a grande pérola mundial, com a grande concentração de águas e riquezas naturais, o que cabe a nós, é simplesmente defender essas grandes riquezas e cobrar do mundo soluções para a defesa da vida e do meio ambiente em todo mundo.


Outro grave elemento da“crise estrutural de novo tipo do sistema capitalista” é a erosão da credibilidade e da legitimidade social das instituições de representação política e organização da vida comunitária que compõem o Estado moderno. Nas últimas décadas, governos aumentaram crescentemente e regressivamente a arrecadação de impostos para cumprir seus compromissos com os grandes capitalistas, enquanto buscaram todas as formas possíveis para se desonerar dos compromissos com a maioria da população. Os países (principalmente da Europa) assumem cada vez mais o seu papel de sustentáculo, inclusive financeiro, das grandes corporações.

Por outro lado, o fato de desfazerem-se dos compromissos sociais afasta a maioria da população dos compromissos com esses Estados, caminho oposto ao adotado por nossa nação, que nos últimos 10 anos, colocam com eficácia políticas de desenvolvimentos sociais e, com isso, as ótimas avaliações dos governos Lula e Dilma, que alcançaram recordes de prestigio popular.


Por outro lado, está aí à causa das crescentes abstenções nos processos eleitorais nos resto do mundo e a razão do desprestígio cada vez maior dos representantes políticos junto aos representados e sua sociedade.

Com isso, a Política Externa Brasileira adotada por Lula e Dilma é, sem dúvida alguma, uma das manifestações mais fraternas e solidaria para com a humanidade. Além de seguir construindo a harmonia na América Latina e Caribe, ela segue também, ajudando na materialização da integração Latino Americana. O apoio a Maduro nas eleições da Venezuela, só reforça ainda mais que o Brasil tem lado e um programa ideológico bem definido.

Além disso, a vinda da Copa do Mundo, das Olimpíadas, além de hoje termos um Brasileiro à frente da OMC, a cadeira (que quase esta vindo) no comitê de segurança da ONU, as premiações de Lula mundo a fora (inclusive a sua coluna no New York Times), entre tantos outros elementos, só mostram a importância e o papel protagonista do Brasil para o mundo.


Pedro de Deus Del Castro é assessor da Secretaria de Estado de Governo do DF (SEGOV-DF) e assessor do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do DF (CDES-DF)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

DIREITOS HUMANOS Coetrae participa de reunião com Governador


Direitos Humanos - Coetrae Participa de Reunião com Governador

Com objetivo de tratar de assuntos administrativos e técnicos, reuniram-se no final da manhã de ontem (05.06), no Palácio Paiaguás, membros da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae), o Secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Luiz Antônio Pôssas de Carvalho, o Secretário Adjunto de Direitos Humanos, Valdemir Pascoal e o Governador do Estado de Mato Grosso, Silval Barbosa.

 Em busca de melhorias no desenvolvimento de suas ações, a Comissão apresentou reivindicações ao Governador, que se prontificou em verificar uma a uma e, dentro das possibilidades, atende-las na maior brevidade possível. 

Dentre as reivindicações da comissão estavam: a validade e a legalidade do cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas a de escravos (lista suja do trabalho escravo divulgada pelo ministério do trabalho e emprego), a autonomia e uma estrutura administrativa que permita o funcionamento permanente da comissão, a execução de ações já aprovadas, transparência na gestão do Fundo de Erradicação do Trabalho Escravo (Fete), implantação do plano estadual de erradicação do trabalho escravo.

 O secretário Luiz Antônio agradeceu ao Governador por tê-lo recebido com os membros da Coetrae e colocou-se a disposição para contribuir em todas as execuções de projetos e decisões da Comissão.

Valdemir Pascoal 
Secretário Adjunto da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Estado do Mato Grosso

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A Luta da Juventude começa a adotar nova roupagem e crescerá

Hoje esta mais do que claro para todas as forças políticas que a juventude é uma prioridade organizativa. É perceptível a volta de sua inquietude questionadora que, ainda de forma embrionária, se manifesta uma rejeição incipiente às formas dominantes de viver. Como vanguarda minoritária, isoladamente, se insurgem contra a polícia, o extermínio de jovens, a criminalização da maconha,  o machismo, o poder coronelista em alguns pontos do país, e aos partidos mais retrogradas.

Será preciso um enorme trabalho político para dar sentido a essa rebeldia volátil e conectar esta parcela da juventude na luta por uma política mais global e devemos atuar firmemente no Movimento Estudantil e nas lutas da juventude como um todo.

Embora não possamos antever a configuração do movimento que a rebeldia latente da juventude promete eclodir, podemos apostar que será um movimento de caráter juvenil e popular, autônomo em relação às instituições e corporações que não se adequarem a este momento e com fortes traços culturais. Mais do que estar preparado,devemos ajudar a pari-los e disputar sua hegemonia no sentido de conduzi-los para uma política mais ampla.

Faz-se urgente e necessário também, gestar um novo movimento que não seja só um ato de rebeldia com a cultura dominante, mas que consiga sim e muito, produzir algo novo, forte, tropical, democrático, ambiental, universal e humano, assim como a semana de arte moderna, a tropicália e outros representaram para suas respectivas gerações.

Por outro lado, a juventude no mundo é o setor que será mais agredida pela crise econômica mundial, e deve se preocupar e lutar contra as graves questões geopolíticas da atualidade, as ameaças à paz derivadas das políticas neocolonialistas e com as lutas dos povos e nações por um novo ordenamento econômico e político mundial.

No Brasil, os dez anos de governo PT caminhou na contra mão desse processo global, o Pró-Uni, a construção de novas universidades, as bolsas de estudo fora do Brasil etc., vai fazendo dessa juventude, numa escala de massas, a mais qualificada tecnicamente que o Brasil já teve. E se juntarmos isso, com a questão da grande criação de empregos que indiscutivelmente temos hoje, teremos um futuro mais nobre para essa nova geração.

Mas só isso não  basta, essa nova geração tem que lutar pelos seus direitos, direitos quais, que passam por lutas como a da Reforma Política e Eleitoral, Reforma Tributária e de lutas de natureza ambiental e de melhoramentos democráticos, principalmente na comunicação.

O PT esta no caminho certo, o PED, principalmente para a juventude, vai buscar uma perspectiva tática e estratégica, para essa geração seguir na consolidação de uma frente social e política de forças transformadoras e progressistas, defendendo o legado histórico do partido e o de Lula, que hoje estão sendo atacados por um setor coronelista, golpista e sem projeto.
A renovação de 20% suas cadeiras de direção para jovens, fortalecerá o papel de protagonista e dirigente, para que os novos quadros possam enfrentar esses desafios.

Neste quadro de gigantes desafios e responsabilidades,ainda temos de somar aos debates a questão de política de aliança e do processo eleitoral como um todo para 2014. Além de trilhar os caminhos de resistência à brutal ofensiva conservadora hoje em curso. E seguir na luta por mais Direitos aos Trabalhadores e conquistando mais avanços na pauta de Direitos Humanos, de defesa da soberania nacional e da paz.

Essa é uma tarefa irrecusável e inadiável das forças consequentes em sua opção política, para que possamosassim, seguir mais dez anos na construção de um Brasil onde a justiça social, a fraternidade e a solidariedade não sejam meros conceitos e sonhos e, sim, realidade e vida.
 



Pedro de Deus Del Castro

 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Do novo ao novo - Cap. II


"O nome de Padilha é apoiado principalmente pela militância ávida por renovação de ideias, programas, propostas novas, de uma cara nova para o PT..." (Blog do Zé Dirceu) neste caso, o Ministro da Saúde Alexandre Padilha simboliza e simplifica um momento político brasileiro que exige do Estado Político uma reflexão e compreensão do que se configura a palavra de ordem do início deste novo século, “renovação”, como Fernando Haddad (PT) em São Paulo, Eduardo Leite (PSDB) em Pelotas – RS, entre vários outros em todo Brasil. É esperado e ansiado por grande parte da população um novo ambiente político, com ideias e comportamentos condizentes com o Brasil que queremos, ficou nítido nestas últimas eleições municipais o recado das urnas e é necessário analisarmos as vitórias e derrotas como reflexo de uma aspiração social comparativa à evolução e o crescimento sócio econômico, sócio cultural e os indicadores sociais referentes a gênero e idade da população brasileira. Vivemos em um novo momento político e econômico e é necessário que todos avaliem assim, concordando com a aplicabilidade do projeto nacional ou não. Grupos mais conservadores ou que sofrem grande influência do mercado podem ser contrários às políticas e a forma como o Estado é conduzido, mas, não podem negar a exposição global e a influência do Estado brasileiro na atualidade, muito menos negar a força e a inclinação do mercado interno para o fortalecimento do país. Tudo isso reflete diretamente no cotidiano do brasileiro em diversas escalas e em cada uma delas, velhas práticas e modelos de gestão, não se encaixam mais no perfil do brasileiro.

Neste texto não direciono o arco de reflexão a questões ideológicas tão somente, a percepção do novo vem do cotidiano, não é uma necessidade de partidos de esquerda, centro ou de direita, é uma necessidade política do país que vai além das bandeiras pré-definidas, nada do que se propõem hoje é diferente do que se discutiu ao menos nos últimos 20 anos. Reitero a palavra “novo” como afirmação de um contexto de produção teórico e de comportamento, elevando o sentido a compreensões de estrutura social da pratica do fazer, ser e propor. A necessidade de mudar do povo brasileiro não vem da ideia de se construir algo totalmente original ou exclusivo, é preciso perceber as insatisfações ligadas ao cumprimento de regras simples, de comportamento social e educacional. As maiores críticas foram transformadas em votos característicos do discurso ou o que o voto cria de efeito prático no resultado final da eleição, não cabem apontamentos ou analise de cada mandato ou voto neste contexto especificamente, e sim uma reflexão macro sobre a mudança de comportamento da sociedade brasileira em vários âmbitos e aspectos, obviamente, compreendendo as variações regionais e a interferência da grande mídia e o impacto causado pelas mídias alternativas, o poder de influência dessas ferramentas e o quanto a sociedade é influenciada por elas. Uma grande dicotomia assola uma massa descontente e sem poder de analise mais profunda da nova classe média, ao mesmo tempo em que se nega a política se vive dela, desde o custo da energia ao valor do custo do transporte público, são decisões e valores reflexos de conceitos da política acrescentados de conteúdo econômico ou de planejamento governamental, mas, no fim a soma dos tributos, impostos e juros aplicados ao mercado capital ou não, sofrem diretamente influência política interna e externa.  

Este conceito comum sobre a política e quem a pratica no país caiu em descrédito, os partidos políticos que não envelheceram e perderam o diálogo com a sociedade, envelheceram suas lideranças e perderam base social ou nunca existiram de fato dentro de uma estrutura político-partidária que contribua de alguma forma para a vida pública do país, as exceções neste caso também entram no grupo de partidos que vem envelhecendo e precisam se renovar. Por conta disso, o discurso apartidário toma dois sentidos dispare, o primeiro é o afastamento da sociedade e o desinteresse pela vida pública, o segundo é a manobra estratégica de reduzir o papel do partido, transformando figuras e personificando o debate ampliando o papel dos pequenos partidos. Os dois sentidos são maléficos do ponto de vista democrático, não constroem ou melhoram o bem estar social, muito menos contribuem para mudar qualquer ordem política que seja, serve somente para benefício individual de quem replica a ideia ou de um grupo específico que ganha com o enfraquecimento das estruturas partidárias sólidas. Neste sentido, o que seria natural se tornou diferente, e costumes e práticas de cidadania comuns a todos se tornaram feitos e bandeiras políticas, tudo isso na conta do empobrecimento do debate político, da superficialidade dos discursos e da pauta criminal dos jornais quando se referem à política; transformou-se ética, coerência, honestidade em bandeiras políticas. Estrategicamente, orquestrado por grupos econômicos ou não o fato é, temas que deveriam ser naturais e comuns na sociedade acabam ocupando o espaço de grandes debates da nação que deveriam ser prioridade da agenda nacional (reforma tributária, 100% do Pré-Sal para educação, reforma política, maioridade penal, união homoafetiva, etc.).  

No resumo geral é a população que esta ávida por renovação de ideias, programas, propostas novas, e caras novas para os partidos políticos brasileiros, quem tiver condições de alcançar este patamar sai à frente dos outros. Vejo nos dois maiores partidos do país condições estruturais para conquistar este espaço, tanto o PT quanto o PSDB desfrutam de base social e instrumentos internos que podem traçar um caminho sólido, de renovação em âmbito nacional. É claro que existem variações dentro de todo este contexto, a ideia central não é traçar as divergências ou convergências que afluem em qualquer paradoxo e sim concentrar a analise de forma difusa, possibilitando uma analise contínua do ambiente social, econômico e político, de forma ampliada não atendo como regra a realidade geral a partir de nossa própria realidade de vida, limitando assim o campo de visão, não permitindo ver para além dos muros de nosso próprio convívio social. Se buscarmos uma linha clara de diálogo e de interesses consensuais na agenda nacional, poderemos clarear o ambiente e seguir na construção de um país forte, competitivo, moderno e sólido. Importante é todos terem a dimensão de que o Brasil é maior que o nosso individualismo e interesses pessoais.


 Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) os dados referentes

Número de candidatos e prefeitos eleitos por faixa etária
Faixa etária
Candidatos
Eleitos
Até 25 anos
151
(1%)
44
(0,79%)
Entre 26 e 45 anos
5.665 (37,44%)
2.147 (38,95%)
Entre 46 e 65 anos
8.510 (56,25%)
3.061 (55,53%)
Acima de 65 anos
801
(5,29%)
206
(4,71%)
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)