terça-feira, 21 de maio de 2013

Do novo ao novo - Cap. II


"O nome de Padilha é apoiado principalmente pela militância ávida por renovação de ideias, programas, propostas novas, de uma cara nova para o PT..." (Blog do Zé Dirceu) neste caso, o Ministro da Saúde Alexandre Padilha simboliza e simplifica um momento político brasileiro que exige do Estado Político uma reflexão e compreensão do que se configura a palavra de ordem do início deste novo século, “renovação”, como Fernando Haddad (PT) em São Paulo, Eduardo Leite (PSDB) em Pelotas – RS, entre vários outros em todo Brasil. É esperado e ansiado por grande parte da população um novo ambiente político, com ideias e comportamentos condizentes com o Brasil que queremos, ficou nítido nestas últimas eleições municipais o recado das urnas e é necessário analisarmos as vitórias e derrotas como reflexo de uma aspiração social comparativa à evolução e o crescimento sócio econômico, sócio cultural e os indicadores sociais referentes a gênero e idade da população brasileira. Vivemos em um novo momento político e econômico e é necessário que todos avaliem assim, concordando com a aplicabilidade do projeto nacional ou não. Grupos mais conservadores ou que sofrem grande influência do mercado podem ser contrários às políticas e a forma como o Estado é conduzido, mas, não podem negar a exposição global e a influência do Estado brasileiro na atualidade, muito menos negar a força e a inclinação do mercado interno para o fortalecimento do país. Tudo isso reflete diretamente no cotidiano do brasileiro em diversas escalas e em cada uma delas, velhas práticas e modelos de gestão, não se encaixam mais no perfil do brasileiro.

Neste texto não direciono o arco de reflexão a questões ideológicas tão somente, a percepção do novo vem do cotidiano, não é uma necessidade de partidos de esquerda, centro ou de direita, é uma necessidade política do país que vai além das bandeiras pré-definidas, nada do que se propõem hoje é diferente do que se discutiu ao menos nos últimos 20 anos. Reitero a palavra “novo” como afirmação de um contexto de produção teórico e de comportamento, elevando o sentido a compreensões de estrutura social da pratica do fazer, ser e propor. A necessidade de mudar do povo brasileiro não vem da ideia de se construir algo totalmente original ou exclusivo, é preciso perceber as insatisfações ligadas ao cumprimento de regras simples, de comportamento social e educacional. As maiores críticas foram transformadas em votos característicos do discurso ou o que o voto cria de efeito prático no resultado final da eleição, não cabem apontamentos ou analise de cada mandato ou voto neste contexto especificamente, e sim uma reflexão macro sobre a mudança de comportamento da sociedade brasileira em vários âmbitos e aspectos, obviamente, compreendendo as variações regionais e a interferência da grande mídia e o impacto causado pelas mídias alternativas, o poder de influência dessas ferramentas e o quanto a sociedade é influenciada por elas. Uma grande dicotomia assola uma massa descontente e sem poder de analise mais profunda da nova classe média, ao mesmo tempo em que se nega a política se vive dela, desde o custo da energia ao valor do custo do transporte público, são decisões e valores reflexos de conceitos da política acrescentados de conteúdo econômico ou de planejamento governamental, mas, no fim a soma dos tributos, impostos e juros aplicados ao mercado capital ou não, sofrem diretamente influência política interna e externa.  

Este conceito comum sobre a política e quem a pratica no país caiu em descrédito, os partidos políticos que não envelheceram e perderam o diálogo com a sociedade, envelheceram suas lideranças e perderam base social ou nunca existiram de fato dentro de uma estrutura político-partidária que contribua de alguma forma para a vida pública do país, as exceções neste caso também entram no grupo de partidos que vem envelhecendo e precisam se renovar. Por conta disso, o discurso apartidário toma dois sentidos dispare, o primeiro é o afastamento da sociedade e o desinteresse pela vida pública, o segundo é a manobra estratégica de reduzir o papel do partido, transformando figuras e personificando o debate ampliando o papel dos pequenos partidos. Os dois sentidos são maléficos do ponto de vista democrático, não constroem ou melhoram o bem estar social, muito menos contribuem para mudar qualquer ordem política que seja, serve somente para benefício individual de quem replica a ideia ou de um grupo específico que ganha com o enfraquecimento das estruturas partidárias sólidas. Neste sentido, o que seria natural se tornou diferente, e costumes e práticas de cidadania comuns a todos se tornaram feitos e bandeiras políticas, tudo isso na conta do empobrecimento do debate político, da superficialidade dos discursos e da pauta criminal dos jornais quando se referem à política; transformou-se ética, coerência, honestidade em bandeiras políticas. Estrategicamente, orquestrado por grupos econômicos ou não o fato é, temas que deveriam ser naturais e comuns na sociedade acabam ocupando o espaço de grandes debates da nação que deveriam ser prioridade da agenda nacional (reforma tributária, 100% do Pré-Sal para educação, reforma política, maioridade penal, união homoafetiva, etc.).  

No resumo geral é a população que esta ávida por renovação de ideias, programas, propostas novas, e caras novas para os partidos políticos brasileiros, quem tiver condições de alcançar este patamar sai à frente dos outros. Vejo nos dois maiores partidos do país condições estruturais para conquistar este espaço, tanto o PT quanto o PSDB desfrutam de base social e instrumentos internos que podem traçar um caminho sólido, de renovação em âmbito nacional. É claro que existem variações dentro de todo este contexto, a ideia central não é traçar as divergências ou convergências que afluem em qualquer paradoxo e sim concentrar a analise de forma difusa, possibilitando uma analise contínua do ambiente social, econômico e político, de forma ampliada não atendo como regra a realidade geral a partir de nossa própria realidade de vida, limitando assim o campo de visão, não permitindo ver para além dos muros de nosso próprio convívio social. Se buscarmos uma linha clara de diálogo e de interesses consensuais na agenda nacional, poderemos clarear o ambiente e seguir na construção de um país forte, competitivo, moderno e sólido. Importante é todos terem a dimensão de que o Brasil é maior que o nosso individualismo e interesses pessoais.


 Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) os dados referentes

Número de candidatos e prefeitos eleitos por faixa etária
Faixa etária
Candidatos
Eleitos
Até 25 anos
151
(1%)
44
(0,79%)
Entre 26 e 45 anos
5.665 (37,44%)
2.147 (38,95%)
Entre 46 e 65 anos
8.510 (56,25%)
3.061 (55,53%)
Acima de 65 anos
801
(5,29%)
206
(4,71%)
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

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