terça-feira, 28 de novembro de 2017

BOULOS NÃO É ESSA “COCA-COLA” TODA

Gosto do Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, mas falta muita coisa pra querer ser Presidente de um dos países mais complexos do mundo: nosso querido, amado, salve, salve, Brasil. Falta-lhe experiência, tutano, provas de fogo. Falta se impregnar de Brasil. São Paulo é grande, mas é muito pouco!
Seu movimento, o MTST, é quase uma subsidiária da CUT. Boulos flerta com o PSOL e com a intelectualidade artística. Quer alçar outros voos, mas não tem muita consistência. Ainda. Carece do apoio logístico e financeiro daqueles que têm mais tempo de estrada que ele.
Uma espécie de Stédile urbano, Boulos quer, articula e se mexe para tornar-se o herdeiro dos votos de Lula, caso seja inviabilizado. Uma manobra legítima, mas arriscada para um líder em formação e pertencente a um movimento com pouca autonomia financeira. Um deslize agora e pode se inviabilizar para o resto da vida.
O próximo Presidente da República terá que desfazer todas as maldades desse governo: Devolver o PRÉ-SAL aos brasileiros, desfazer o que foi feito com a CLT, retirar bases estrangeiras de solo brasileiro; e ainda “desreformar” a Previdência. E, além disso, fazer o Brasil crescer, gerar riquezas e diminuir as desigualdades. Tarefa hercúlea. Será que ele está preparado pra isso? Será que terá estofo pra jogar o grande jogo?
Um quadro político não se faz em fast foods. Não são instantâneos, nem surgem a todo o momento. Um quadro político é uma mistura de talento, liderança, conhecimento, influência, experiência e vivência. Além do fator sorte. É fruto de uma alquimia que não surge do nada, nem do acaso. Talvez, esteja escrito nas estrelas!
E as complexidades do Brasil? País sob golpe. Com esse gigantismo todo, com desigualdades seculares. Enormes distorções econômicas, educacionais, deficiências estruturais e infraestruturais. Possuidor de uma elite apátrida, egoísta, desumana, sexista e racista. Com um campo manchado por sangue de inocentes. Com cidades repletas de bolsões de misérias das mais diversas. Economia baseada em commodities e em franca desindustrialização. Fora o Grande Irmão do Norte nos sabotando e não nos permitindo o direito à liberdade que tanto apregoa.
Boulos é um quadro a se investir e orientar. Pode ser uma grande promessa do campo progressista, mas hoje ele “não é essa Coca-cola toda”. Falta maturação, talvez maturidade. Mas certamente maior compreensão da natureza complexa do país. Espero que cresça e apareça. O Brasil precisa de novas gerações de líderes políticos no nosso campo de esquerda.
Que Boulos seja um bom marinheiro e compreenda o lancinante movimento das ondas da política e se prepare para estar entre os grandes. Por agora, faço votos que seja um pregador da unidade das esquerdas, uma vez que transita entre boa parte das forças políticas do campo e tem, aparentemente, uma autêntica liderança. Não vá pelo canto da sereia... Mas esteja à altura da missão. Boa sorte!

Rafael Galvão
Ex Subsecretário de Trabalho do DF
Ex Coordenador-Geral do PROJOVEM TRABALHADOR - MTE
Ex Diretor Nacional de Qualificação - MTE

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