terça-feira, 25 de julho de 2017

O Ensaio Sobre a Cegueira Brasileira

Em seu antológico livro Ensaio Sobre a Cegueira, o autodidata José Saramago, celebrado  Nobel de Literatura – O único em língua portuguesa, diga-se de passagem – relata a  história de um homem que sofre um súbito ataque de cegueira  que, logo em seguida, se torna uma epidemia sem controle. Quase todos se infectam.

Fazendo uma transposição à atual realidade brasileira da “pós-verdade” onde mais vale a versão, de preferência oficial, dos fatos do que os fatos propriamente ditos, vivemos uma espécie de “Ensaio Sobre a cegueira” à brasileira.

Desde que se desencadearam as artimanhas golpistas, logo após  a eleição de Dilma Rousseff, em 2014, culminando em seu impeachment  em 2016, e chegando  aos dias de hoje, vivemos uma espécie de uma esquizofrenia letárgica. Ao mesmo tempo em que vemos vultos e assombrações imaginárias não nos apercebemos daquelas que são reais. Isso associada a um sentimento de impotência e imobilidade espantosa. Um misto de cegueira coletiva e apatia mórbida.

Sobre o Brasil, nesse breve período de Governo Temer,  se desencadearam sobre o país todas as sortes de infortúnios.  De perdas de direitos, quebras institucionais e desequilíbrios sociais que podem nos levar à beira do abismo.

As duas maiores vítimas foram os trabalhadores e a Classe Média, aliada de primeira hora do Golpe,que  agora se queda desamparada e mal paga. Logo ela, a Classe Média, a porta-estandarte do moralismo meia-boca dos suburbanos que jantam em restaurantes chiques e contam moedas para colocar um litro de gasolina em seus carros comprados em prestações infinitas.

Ela foi às ruas em nome da “moral e dos bons costumes”, destilando ódio e preconceito, mas de fato, agindo segundo sua legítima crença de que o país pudesse mudar para melhor. Ledo engano! Como mudar para melhor se utilizando de uma quebra institucional? Como fazer a coisa certa atuando da forma errada? Seria como acabar com a febre através do óbito do paciente.

Será que vamos permitir que o Brasil perca o fio da História? Será que, em nome da moralidade, vamos nos permitir sermos governados por ladrões sádicos e sórdidos? Até quando vamos ser vítimas de nós mesmos e desses carniceiros do dinheiro público? Não devemos permanecer nessa caverna em que nos colocaram.

Assim como no livro de Saramago, parece que o governo nos colocou num sanatório e estamos alienados de que a cidade é só escombros, cadáveres e detritos. Faço alusão ao desmonte do Estado Brasileiro, aos direitos do trabalhador, à venda do Pré-Sal e a liquidação da PETROBRAS. Me refiro a degradação moral de um governo das malas de propinas presidenciais, dos aumentos de impostos em meio ao perdão de dívidas bilionárias de banqueiros mais que gananciosos. Aumento dos combustíveis e do custo de vida.

Voltar, em um ano de governo, ao mapa da fome e sede no mundo não deve orgulhar nenhum brasileiro consciente e lúcido. Fruto de um governo irresponsável na gestão, corrupto em sua moral, perverso na condução das políticas públicas. Preconceituoso e incompetente por natureza.

Precisamos libertar nosso país dessa cegueira, antes que nos reste, assim como os personagens do livro do ilustre Nobel de literatura, vivermos por instinto num mundo onde somente o mais forte tem vez. Onde a desesperança seja nossa mãe e a opressão, nossa madrinha.  DESPERTA BRASIL!

 

“Que o governo do povo, para o povo e pelo povo não pereça sob a face da Terra”

Linconl  

 


RAFAEL GALVÃO

Homem simples do povo

 

 

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