Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Fragmento do poema
de Eduardo Alves da Costa
“No caminho com Maiakóvski”
A democracia brasileira sofre mais um ataque da nova
direita autoritária. A prisão arbitrária e injustificável do líder do Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, pela truculenta polícia militar
do Governo Alckmin, representa a intolerância dos interesses das elites e do
novo conservadorismo no seu enfrentamento com as lutas democráticas e
populares.
O impeachment de Dilma foi um golpe em um governo
legitimado pela vontade do povo brasileiro. O objetivo sempre foi barrar os
avanços sociais conquistados na Constituição de 88. Os governos populares do PT
iniciaram a inclusão social e adotaram políticas ousadas para ampliação dos
direitos sociais. Os setores mais conservadores da sociedade brasileira nunca
engoliram a ampliação dos direitos de cidadania.
Inconformados,
agora tentam desmontar todas as políticas sociais e incriminar os movimentos
sociais. As profundas desigualdades sociais existentes sempre foi terreno
fértil para florescer as lutas históricas pelos direitos básicos de cidadania.
Só em regimes autoritários é que se faz uso de estratégias de repressão e
criminalização dos movimentos sociais.
A prisão ilegal do líder Guilherme Boulos simboliza
esse grande retrocesso conservador. A democracia está sendo desmontada em seus
direitos legais e sofre uma ofensiva de perseguição dos seus líderes sociais. É
inaceitável que se criminalize quem buscava uma solução, sem conflitos e
violência, na ocupação de terra especulativa que abrigava 700 famílias mais de três mil pessoas. Essas pessoas sem
teto estavam sendo ameaçadas de despejo e abandono social do Estado.
O maior crime que se comete contra a democracia é
tentar calar e reprimir quem luta por direitos justos e garantidos
constitucionalmente. A linguagem da violência do estado repressor é o prenúncio
da morte das liberdades democráticas.
É preciso resistir ao retrocesso nos direitos sociais e lutar pelo oxigênio da democracia que é a liberdade de se manifestar, resistir às injustiças e respeitar os movimentos sociais em suas reivindicações democráticas.
O direito à moradia é um direito garantido por nossa
Constituição Cidadã.
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