terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O nosso carnaval e a guerra deles



Por Fábio de Oliveira Ribeiro
 
Duas notícias na imprensa me chamaram a atenção neste carnaval.

A primeira diz respeito ao Brasil, país cujo carnaval não foi interrompido pela Zika - Brazil in full carnival swing despite spread of Zika virus. Deve ser difícil para um europeu entender a mentalidade dos brasileiros. Nada, nem mesmo uma epidemia, é capaz de interromper nossa alegria carnavalesca. Foi assim no século XIX, quando as capitais do país sofriam com as epidemias de cólera. É assim no presente, apesar da Zika estar derrubando muita gente.

A segunda notícia diz respeito à própria Inglaterra - War games in Middle East could prepare UK for ‘potential’ Russian war with NATO – report. É difícil para os brasileiros entender os europeus em geral e os ingleses em particular. Nada, nem mesmo a possibilidade de uma guerra termonuclear, é capaz de interromper a sede de sangue dos governantes do primeiro mundo. Foi assim no início do século XX, quando dois períodos de paz armada precederam duas guerras mundiais medonhas. É assim no presente, apesar da inevitabilidade da destruição total dos membros da OTAN em caso de guerra contra a Rússia.

O que nos distingue dos europeus, o carnaval, talvez seja a nossa maior virtude. Enquanto eles cogitam guerras nós sambamos despreocupados. A vida é curta demais para ser curtida na irracionalidade do ódio e da belicosidade. Eles marcham, nós fazemos marchinhas. Eles morrem, nós sobrevivemos. O Brasil nunca chegou a ser uma potência militar. Como impotência militante o país ri de si mesmo e segue em frente. Deve ter sido por isto que a I e II Guerra Mundiais não foram capazes de interromper nosso carnaval.

Nós celebramos o carnaval e exportamos alimentos e minérios. Membros da OTAN como a Inglaterra preferem manter uma perigosa paz armada para seguir exportando armamentos. Se pudéssemos exportar felicidade, os ingleses conseguiriam entender porque nada é capaz de interromper nosso carnaval. Se nós importarmos mais armas europeias não seremos menos felizes. O que nos distingue dos europeus em geral e dos ingleses em especial não é a nossa maior habilidade para a felicidade e sim nossa maior resistência à dor.

Resistir à dor. É exatamente isto o que nós fazemos no carnaval. A festa anual consegue nos imunizar contra tudo, até mesmo contra o medo da epidemia de Zika e contra a guerra muito desejada pelos europeus. Não sei exatamente quem inventou o Brasil e o carnaval. Mas estas foram sem dúvida as duas mais brilhantes invenções da humanidade.

Infelizmente não podemos exportar o que é nos distingue dos outros povos. Aqueles que quiserem provar a nossa humanidade terão que deixar seus próprios países desumanos e nos visitar durante o carnaval.

 http://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/o-nosso-carnaval-e-a-guerra-deles-por-fabio-de-oliveira-ribeiro#.Vrm-POEOtaI.facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário