terça-feira, 26 de maio de 2015

Reflexão sobre o P.E.D para o 5º congresso do PT

Não existe caminho a ser percorrido pelo Partido dos Trabalhadores que
não passe pelo fortalecimento de suas instituições, instâncias e de
sua estrutura político partidário. O Partido é hoje uma das poucas
instituições políticas, talvez a única do país, com condições reais de
apontar novos rumos ao debate político nacional, pela opção feita de
sermos um partido de massa, com participação política plural, de
organização interna em constante movimento e com bandeiras que definem
quem somos e de que lado estamos neste mundo. É este o caminho que
devemos trilhar para combater a crise de institucionalidade e a notada
falência de representatividade política agudizada nos últimos anos,
demonstrada principalmente pelas manifestações de Junho de 2013,
reproduzidas em conflitos de rua e nos estádios durante a Copa do
Mundo de 2014, além das manifestações convocadas por movimentos
radicalizados de parte da sociedade em 2015.


Cada um destes momentos serve de termômetro para evidenciar o óbvio, a
crise de representatividade política que hoje se tornou prerrogativa
de questionamento às instituições públicas. Um dos maiores riscos que
corremos ao Estado Democrático de Direito em nosso país e que precisa
ser combatido de forma clara em defesa da soberania nacional,
principalmente com o fortalecimento de nossas instituições. A fórmula
mais eficaz de combatermos a crise de representatividade política,
oxigenando e reorganizando o partido, transita pelo fortalecimento e
aprimoramento dos instrumentos e dispositivos partidários que já
dispomos, como exemplo, a participação efetiva do conjunto dos
militantes, a democracia interna que construímos ao longo dos anos,
passando pela contínua ampliação do diálogo e o debate com a sociedade
e os movimentos sociais. Somente um partido com estruturas sólidas e
mecanismos reais de diálogo e organização social e partidária é capaz
de avançar politicamente neste cenário.


O horizonte demonstra que o fortalecimento interno e o aprimoramento
de nossos mecanismos de participação e de discussão são o remédio para
combatermos a desconfiança e a crise de representatividade política
acumulada no país. Não existe patrimônio mais representativo que nossa
democracia interna, bandeira defendida e estimulada pela nossa
militância como argumento de contraposição, que nos distingue dos
demais, e é esta a primeira resposta que o 5º congresso do Partido dos
Trabalhadores precisa dar ao conjunto de nossa militância,
fortalecendo e instrumentalizando nossa maior riqueza e patrimônio.


Somos responsáveis por uma riqueza anônima, uma massa atacada e
desrespeitada cotidianamente, filiados, filiadas e simpatizantes,
pessoas comuns que acreditam em um projeto de país e lutam por nossas
bandeiras, sofrem com ataques e se solidarizam nas injustiças. Cada um
destes homens e mulheres esperam uma resposta, um argumento, um sonho
para empunhar sua voz, penhorando sua palavra em nossa defesa,
avalizando nossos projetos. O maior desafio deste congresso é
reencontrar o caminho que nos leva ao pertencimento deste projeto
vitorioso e transformador, que necessita continuamente de
aprimoramento e aperfeiçoamento.


Não seremos perdoados pela história se recuarmos um milímetro na
defesa ampla e irrestrita do direito á participação política. O
momento não permite ao conjunto do partido nenhum recuo ou espavorir
frente às cobranças que nos são feitas. O máximo sintoma que devemos
combater gera a oportunidade de radicalizarmos no aprofundamento da
relação com a sociedade, convidando-a viver as experiências exitosas
do debate interno acumulados em decisões congressuais, fóruns,
setoriais, afirmações democráticas e coletivas. Não devemos temer os
desafios postos à frente.


Abrir as portas à sociedade, talvez, seja o grande passo para uma
reorganização política e partidária, reencontrando neste caminho novos
modelos de organização partidário e social, ampliando o diálogo com
comunidades, bairros, movimentos sociais e populares, igrejas,
religiões de matrizes africanas, sindicatos, quais sejam os modelos de
organização urbana, rural e demais movimentos da sociedade civil.
Radicalizar a relação com a sociedade é um desafio de aprofundamento
do nosso ambiente político. A hora é de aprimorarmos estes mecanismos
de participação, delinear e definir instrumentos legais que orientem e
responsabilizam nossos atos. É tempo de apresentarmos ao Brasil o
Partido dos Trabalhadores cada vez mais forte e sólido como
instituição e instrumento de luta do povo brasileiro. É necessário
avançarmos para um pacto geracional que pense no fortalecimento do
Partido para os próximos 35 anos, e que prepare a geração seguinte
para o mesmo desafio, somente assim poderemos propor à esquerda e aos
movimentos sociais brasileiros os rumos que devemos percorrer no
caminho de novas conquistas e vitórias. Neste projeto, o espaço que
devemos ocupar na sociedade inclina-se para o diálogo constante e cada
vez mais aprofundado pois somente um partido com identidade social, de
relações de base, comunitárias, inserido dentro do cotidiano e do
convívio social, compreendendo a comunidade local, regional e seus
desafios e legado é capaz de traduzir e protagonizar suas bandeiras.

Não sou simplesmente defensor de nossa “Democracia Petista”,
significada pelo que temos de instituto, instrumento real de
organização partidário que é o P.E.D., defendo o aprofundamento desse
instrumento a partir de sua ampliação, o utilizando como ferramenta de
diálogo político e social capaz de instrumentalizar o partido à nossas
lutas e desafios. Qualquer que seja a proposta contrária, que não
aponte para dar acesso e condição ampla à participação totalitária de
nossos filiados significa recuo, e fadando um legado ao isolamento
político, no momento exato onde a sociedade, nossos militantes e a
humanidade reivindica mais participação. Avançar neste ponto da
história pactua com a ampliação do debate em todas as instâncias,
abrindo nossas portas para o diálogo direto, franco e legitimo,
condicionando nossa militância a um exercício didático e diário de
organização social e comunitário. Somente assim teremos condições de
recuperar a credibilidade, conquistar novos corações, reencontrar
nossas bases, estimular os sonhos de um país e de uma sociedade mais
justa e igualitária, e mais, dialogarmos francamente com nossa
militância e com a toda sociedade brasileira. Por que recuar se
podemos avançar?

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